O presidente da comissão de arbitragem, Leonardo Gaciba, considera que as principais decisões tomadas na rodada do último fim de semana no Brasileirão foram acertadas. Entram no pacote, por exemplo, o gol anulado do Vasco contra o Flamengo, o pênalti marcado para o Fluminense contra o Bahia, além dos não marcados em outro lance do mesmo jogo no Maracanã e no Sport x Botafogo.
Para além das decisões tomas em campo e com a ajuda do VAR, Gaciba critica o tom das reclamações contra o apito no Brasileirão. A rodada foi marcada pelo comportamento do técnico Mano Menezes, do Bahia, que chegou a chamar o árbitro José Mendonça da Silva de “vagabundo” e disse que ele não apitaria mais no Brasileiro.
Gaciba usa, sim, as escalas como indicativo de satisfação em relação aos árbitros. Quem atua mais está com moral. Mas, segundo ele, o parâmetro não vai ser o grito do técnico do Bahia.
– Os árbitros conhecem os critérios. Gosto de trabalhar com prêmio, que é uma sequência de escalas nas principais competições. Minha escala fala. Mas o Mano não foi feliz em relação ao que ele colocou. Não existe nenhum tipo de interferência nas nossas designações, nem da CBF, nem dos clubes, nem do Mano. O dia em que a comissão não for independente, eu não estarei mais aqui. A análise do árbitro leva 0% em conta do que foi dito à beira do campo – disse Gaciba.
A vitória do Fluminense por 1 a 0 veio em um lance no qual o pênalti foi marcado após intervenção do VAR. Outra situação no primeiro tempo gerou reclamação no lado carioca, pelo fato de a bola ter batido na mão de um defensor do Bahia – não houve consulta ao monitor.
– O pênalti foi bem marcado. O lance da bola na mão, para mim, teve interpretação correta de não pênalti. Ele divide opiniões, mas o VAR foi bem em não chamar para revisão. Tem a ver com o jogador estar em ação de disputa com um outro adversário. Quando ele está caindo, a bola é cabeceada contra o braço dele. O jogador está bloqueando alguma coisa? Não. Ele está disputando a bola lá em cima. O braço está em movimento natural. O fator surpresa maior do que estar de costas e tomar uma bolada no braço não existe. Para mim, estou deixando na parte interpretativa. Não tenho dúvida que não é infração – comentou Gaciba.
Além do comportamento de Mano Menezes, explicitado pela ausência de público no Maracanã, houve ainda entrevistas como a de Renato Gaúcho, técnico do Grêmio, após a derrota para o Santos. No sábado, o Vasco já tinha questionado de forma dura a anulação do gol no clássico com o Fla e decisões disciplinares do árbitro Flávio Rodrigues de Souza.
A comissão de arbitragem levou em consideração ponderações ligadas ao tempo gasto para atuação do VAR e reforçou a orientação por decisões mais rápidas. Pelas contas da CBF, o VAR tem uma interferência média de dois minutos por jogo. Ao mesmo tempo que considera legítimas observações externas, Gaciba enxerga reações exageradas em algumas situações.
– Crítica faz parte do jogo. Desde que seja construtiva e respeitosa, sempre vai ser ouvida pela CBF. Faz parte do processo de evolução. Temos que saber manter o respeito. O compromisso dos árbitros é manter o respeito para ser respeitado. Mesmo sendo autoridade, não ser autoritário. A gente viu que no fim de semana algumas declarações fugiram ao que a gente considera crítica respeitosa – aponta o presidente da comissão de arbitragem.
Chamou atenção ainda que a linha do impedimento mais uma vez foi colocada em xeque, agora pelo Vasco. O recurso tecnológico apontou que Guilherme Parede estava adiantado em relação a Filipe Luís antes de fazer o passe para Cano. O gol empataria o placar para os vascaínos diante do Flamengo.
– Sobre a linha, são padrões internacionais da regra do jogo. É protocolar. Se o goleiro se adiantar dois dedos, o pênalti volta. Se uma falta foi em cima da linha, é dentro da área. Se é 1cm fora, não é pênalti. A precisão da linha de impedimento existe também em outras decisões do jogo. A CBF usa uma tecnologia auditada, testada profundamente pela Fifa antes de ser usada. Se quiser discutir a mudança da regra, aí é outro foro – comenta o presidente da comissão de arbitragem.
Fonte: O Globo