O Vasco é um time de meio de tabela. E a diretoria sabe disso. Se fosse o contrário, não teria colocado como meta no orçamento da temporada arrecadar R$ 20 milhões com premiações em todas as competições. Pelo atual 10º lugar no Brasileirão, o valor é de R$ 16,8 milhões. Ou seja, a linha de corte não está distante do que foi imaginado pelo clube. E é por isso que a demissão de Ramon Menezes chama tanto a atenção, após uma passagem de 16 partidas.

O Ramonismo ganhou um ponto final após uma série de quatro jogos sem vitórias no Brasileirão (três derrotas e um empate), além da eliminação na quarta fase da Copa do Brasil, diante do rival Botafogo.

Da satisfação à demissão, o que teria mudado na visão dos cartolas do clube? Ao não tolerar o inegável mau momento atual do décimo colocado, a diretoria parece ter elevado o sarrafo em termos de pretensões na Série A. No entanto, quem deu motivos para isso foi o trabalho do próprio Ramon, quando ajustou o time no início da competição, a ponto de conseguir três vitórias seguidas na Série A, deixando o Vasco na liderança.

O comando do futebol parece ter se esquecido que o Vasco é um clube com dificuldades de contratar com qualidade e de manter salários em dia. Na equação do desempenho do time, ainda há o efeito negativo em termos físicos e técnicos de um calendário ainda mais alucinante por causa da pandemia.

A paciência do presidente Alexandre Campello acabou justamente a um mês da eleição do Vasco, que será em 7 de novembro. Campello está atrás de mais um mandato – o atual termina ao fim do ano. O futebol, além do desempenho das finanças, é carro-chefe de qualquer plataforma eleitoral no futebol brasileiro.

O trabalho de Ramon não foi perfeito, longe disso. Mas ele chegou a desenvolver uma estabilidade defensiva, deu condições para o brilho criativo de Benítez e potencializou a letalidade de Germán Cano. Mas o desempenho caiu muito nos últimos jogos, especialmente no Brasileirão. Em duas partidas, sete gols sofridos e um marcado. É bem verdade que um desses tropeços foi para o líder Atlético-MG, de Jorge Sampaoli, mas, de fato, o time se viu sem alternativas.

Mais um técnico foi jogado na máquina de moer. Para o clube que começou um ano com Abel Braga e depois apostou no auxiliar técnico prata da casa, fica difícil enxergar uma linha de raciocínio em relação à política de contratação de treinador. Quem vier já sabe: a expectativa sobre o trabalho pode mudar a qualquer momento.