Só é possível tratar a goleada de 4 a 1 do Atlético-MG sobre o Vasco como uma aula de futebol se os lados estiverem dispostos a ocupar os papéis de aluno e professor. Caso contrário, foi apenas um passeio do melhor time do Brasileiro sobre uma equipe que lentamente sucumbe às próprias limitações na competição. Que não seja apenas isso e o time da Colina volte de Belo Horizonte ferido, mas também com um aprendizado na bagagem. O Galo fez o papel de tutor impiedoso, mas com algo a ensinar.
O resultado deixa o Cruz-maltino sem vencer há cinco partidas na temporada, contando Brasileiro e Copa do Brasil. É um jejum incômodo, especialmente depois de toda falsa expectativa criada no começo da Série A. Mas que pode ser revertido já na próxima partida, contra o Bahia, em Salvador, se a derrota no Mineirão servir de lição.
A primeira é de que não é possível jogar futebol sempre com tanta indiferença pela bola. O Vasco passou Brasileiro inteiro a entregando para o adversário, se entrincheirando na defesa e fazendo da transição rápida a única saída para o ataque para tentar surpreender a defesa adversária.
O problema é que ter a posse de bola contra o Atlético-MG não é estratégia de ataque, mas sim defensiva. Tê-la neste domingo era o melhor caminho para conter o ímpeto do Galo. Mas o time reforçou que ainda não consegue jogar com ela.
Sem saber ter a bola, o Vasco foi amassado. Às vezes mais, às vezes menos, como quando abriu o placar com um golaço de bicicleta de Benítez, ainda aos 8 minutos de jogo. Mas sempre acuado no campo de defesa.
Não havia tempo para respirar, tampouco para pensar. Acuada, a equipe de Ramon Menezes errou passes na saída de bola, apelou para bolas rifadas na direção do ataque, praticamente nulo na maior parte do tempo, tanto que Cano, antes “máquina de gols?, segundo a Fifa, chegou ao quinto jogo sem marcar. Não é que tenha perdido a pontaria. É que as chances criadas pela equipe têm sido raras.
Mas o pior de tudo: o Vasco foi desarmado ainda em seu campo de defesa, próximo da grande área de Fernando Miguel. Assim saíram as melhores chances do Atlético-MG. Os gols saíram em profusão no primeiro tempo. Guilherme Arana empatou e Savarino, Guga e Keno construíram a goleada antes do intervalo.
No segundo tempo, o jogo seguiu com o time da casa melhor, mas com ritmo menor. Não precisava mais de tanta intensidade. Mesmo sem ela, criou chances para fazer mais um ou dois gols.
Ao Vasco, coube muito pouco. O time seguiu sem capacidade de ameaçar o Atlético-MG. Depois que Andrey recebeu o segundo cartão amarelo e foi expulso, o cenário ficou ainda mais difícil.
Fonte: O Globo