De mãos dadas, aspirações esportivas e financeiras dos clubes transformam cada fase da Copa do Brasil em ponto crucial da temporada. Além da perspectiva de troféu, metas orçamentárias estão em jogo. Em caso de falha, o risco de uma bola de neve de dívidas. É contra isso que Botafogo e Vasco lutam a partir desta quinta-feira, às 19h, no Nilton Santos, no jogo de ida da quarta fase da competição.
Não é segredo que a Copa do Brasil pode levar um caminhão de dinheiro aos cofres dos clubes. Só na final, são R$ 54 milhões ao vencedor. Para um clube que entrou desde a primeira fase, o montante pode chegar a R$ 72,8 milhões. Mas até lá, a rota tem algumas nuances.
Pai de Catatau se divide:camisa do Vasco e máscara do Botafogo
O Botafogo colocou de forma clara o que pretende arrecadar, no mínimo, na edição atual: chegar às oitavas de final e embolsar R$ 8,5 milhões. Cair na quarta fase causaria defasagem de R$ 2,6 milhões. Somando com o Brasileirão, a ideia orçada pelo Botafogo é faturar R$ 31,9 milhões em premiações na temporada.
O Vasco, por outro lado, não estipulou exatamente quanto quer ganhar em cada competição. Mas a meta mínima é somar R$ 20,9 milhões em prêmios com Brasileirão, Carioca, Sul-Americana e Copa do Brasil.
? Levando em conta o todo, fazemos uma coisa mediana. A gente sabe o time que tem. O Vasco não vai brigar por todos os títulos. Queremos brigar do meio de tabela para cima e beliscar alguma coisa. Se der, pegar uma Sul-Americana, caminhar na Copa do Brasil até o final ? disse o presidente do Vasco, Alexandre Campello.
No Fluminense, adversário do Atlético-GO na fase atual da Copa do Brasil, a estratégia é parecida com a do Vasco. Não há rateio por torneio. A perspectiva geral é arrecadar R$ 27,4 milhões em premiações. A pressão sobre o clube é maior diante da eliminação na primeira fase da Sul-Americana.
O Flamengo entrará nas oitavas da Copa do Brasil e, unindo valores de premiação e direitos de TV, cita “fases finais? como alvo nas competições nacionais.
Montagem da equação
Matemática é ciência exata, mas fazer orçamento, não. Até porque os clubes, em geral, podem traçar objetivos semelhantes ? e não há espaço para todos no pódio. Além disso, o imponderável é inerente ao futebol.
Em 2019, o Botafogo provou o prejuízo de não cumprir a meta na Copa do Brasil. A projeção era as oitavas de final, mas o time caiu ante o Juventude na terceira fase ? duas antes do desejado.
A previsão orçamentária começa a ser feita em outubro. Cabe ao Conselho Deliberativo votar o que sugerem os gestores. “O orçamento considera como premissa principal uma melhoria de desempenho técnico da equipe?, disse a diretoria botafoguense no documento aprovado para 2020.
O trabalho completo vai em busca da perspectiva de desempenho de todas as fontes de receitas do clube, como marketing, bilheteria, sócio-torcedor, etc. Em ano de pandemia, muita coisa foi comprometida.
Quando há contratos já firmados para o ano seguinte, de patrocínio ou direitos de TV, a margem de erro é menor. Só que a premiação por desempenho esportivo se une à projeção com venda de atletas como os itens que podem virar armadilhas.
? Em geral, os clubes usam os itens venda de atleta e premiação para fechar conta do orçamento. Já vi casos em que o clube colocou que ganharia Copa do Brasil e Libertadores no mesmo ano. O futebol é incerto. O erro e o risco é projetar um negócio completamente impossível e gastar em cima dessa projeção ? avalia o economista Cesar Grafietti, do Itaú BBA.
Ou seja, além de ver a qualidade dos jogadores que já estão no clube, as diretorias fazem o orçamento considerando quanto gastarão em reforços. Estudos recentes apontam que naturalmente os clubes com mais dinheiro ficam nas melhores posições da tabela.
? Não existe uma previsibilidade toda, mas também não é algo aleatório. Se vou trazer mais jogadores, naturalmente tenho que imaginar que vou brigar mais para cima. Então, posso pensar em premiação mais alta ? pondera Campello.
Mas a chance de zebra em torneios mata-mata, como a Copa do Brasil, nunca pode ser desprezada.
Fonte: O Globo