A tragédia que matou dez atletas da base do Flamengo aconteceu pouco mais de um mês depois de Eduardo Bandeira de Mello deixar a presidência do clube. Foram seis anos do ex-dirigente frequentando o Centro de Treinamento Ninho do Urubu, com a construção de dois modernos módulos para o futebol profissional, e melhorias para as categorias inferiores. Em sua gestão, o clube passou a utilizar um número maior de contêineres como solução provisória, incluindo o módulo que pegou fogo na última sexta-feira.
Bandeira se ofereceu para ajudar a nova diretoria, mas não foi convidado a participar da reunião com autoridades nesta segunda-feira no Ministério Público. O ex-presidente alega não ter informações detalhadas sobre os procedimentos de legalização da documentação do Ninho do Urubu, tampouco a respeito das condições técnicas do alojamento da base.
– A orientação sempre foi fazer a coisa certa. Nunca houve negligência ou economia porca, sacrificando condições de trabalho. Sempre foi no sentido de dar as melhores para atletas e funcionarios – disse Bandeira ao GLOBO.
Os vice-presidentes da gestão anterior responsáveis pelas questões envolvendo o Centro de Treinamento – as instalações da base e a documentação – não querem se manifestar. Alexandre Wrobel, que liderava todas as obras do Ninho, repassou as informações que tinha para a nova gestão. O ex-vice-jurídico Flavio Willeman colaborou na apresentação dos dirigentes do Flamengo ao Procurador do Estado Eduardo Gussen, mas também não quis se pronunciar sobre a falta de alvará do local. Bandeira, ao menos, se expôs.
– Foi feito foi um esforço permanente para regularizar tudo. Mas nunca houve interdição nem proibiram o funcionamento do CT. Era usado de maneira pública. Se tenta regularizar e a Prefeitura e os Bombeiros entendem isso e não interditam, é uma demonstração que se está agindo corretamente. Nunca houve nenhuma multa ou auto de infração que se referisse a área do alojamento. Era público e notório que ele existia – avaliou o ex-presidente.
Bandeira deixou claro que está à disposição das autoridades para esclarecimentos. No entanto, ressaltou que em primeiro lugar estão as famílias das vítimas, depois o clube.
– Não quero atrapalhar.
Fonte: O Globo