A clara evolução do Flamengo nos últimos jogos não forma uma trajetória linear, como mostrou a vitória por 2 a 1 sobre o Fortaleza, ontem, no Maracanã. E é natural que seja assim, especialmente diante da escassez de tempo neste calendário superlotado. Melhor para Domènec Torrent que o time tenha chegado ao terceiro triunfo seguido e à vice-liderança na tabela do Brasileirão.

Há boas notícias. O temor de que o Flamengo se tornasse um time menos móvel e intenso com Dome não resistiu às últimas exibições. Contra o Fortaleza, com Gerson e Michael nos lugares de Thiago Maia e Pedro Rocha, o Flamengo imprimiu um ritmo frenético desde o primeiro minuto.

E precisou de apenas cinco para sair na frente, em mais um lance que mostra por que Everton Ribeiro é um dos melhores, talvez o melhor jogador em atividade no futebol brasileiro. Ele aproveitou o rebote de Felipe Alves, aplicou um chapéu no goleiro em curto espaço e completou de cabeça. Já havia impressionado contra o Bahia, na quarta.

Leia maisFlamengo dialoga com a CBF por volta de torcida, mas Prefeitura do Rio mantém proibição

Assim como as virtudes, também estão claros os problemas. Como se dedica a pressionar a saída de bola rival, o Flamengo é pego desprevenido sempre que o adversário consegue escapar da blitz. Alguns dos últimos oponentes recorreram ao expediente de esticar a bola para que um dos atacantes tentasse se dar bem no um contra um diante dos desprotegidos defensores.

Foi assim que Osvaldo orquestrou o gol marcado por Juninho, de pênalti. Ele levou a melhor sobre Isla e foi derrubado na área.

A sensação é a de que, enquanto Dome não tiver tempo para ajustar a recomposição defensiva, o Flamengo será um time que muito agride e muito é agredido. Para a balança ficar a favor do rubro-negro, é preciso mais precisão no ataque. Rodrigo Caio, de cabeça, Arrascaeta, na entrada da área, e Michael, de dentro, tiveram boas oportunidades. Também houve chances para Pedro, mantido como titular apesar da recuperação de Gabigol, sem sucesso.

Mansur:O tempo é aliado do Fluminense e adversário do Flamengo

Um cenário bem diferente foi visto durante boa parte do segundo tempo, já com o camisa 9 em campo. O ritmo do jogo caiu como um todo, e se tornou mais fácil para o time de Rogério Ceni bloquear o rubro-negro.

Artilheiro resolve

Parecia que o Flamengo sairia mais uma vez do Maracanã sem vencer ? ainda não o havia feito neste campeonato. Isso porque as experiências feitas por Dome não performaram como desejado. Todo o tempo em que Michael se ocupou da ponta direita foi um desperdício. Lincoln, mais uma vez acionado, participou muito pouco.

A situação ficou ainda mais desanimadora quando Pedro Rocha, que entrou no lugar de Arrascaeta, sentiu um incômodo com apenas seis minutos em campo e precisou deixar o Fla com apenas dez nos minutos finais.

O alívio só aconteceu aos 42 minutos, quando uma trama construída por Everton Ribeiro e Matheuzinho pela direita terminou em cruzamento para Gabigol garantir o 2 a 1.

? Estamos evoluindo ganhando, isso é o mais importante. Temos ainda o que melhorar, mas o mais importante é vencer ? analisou o meia Diego Ribas.

Mansur: O melhor Flamengo deste Brasileiro encanta mais com a bola do que sem ela

Pouco antes de o camisa 10 externar sua satisfação, Gabigol deixou o gramado em humor diferente. De cara fechada, ele não quis dar entrevistas e foi para o vestiário abraçado pelo vice de futebol, Marcos Braz.

O Flamengo tem ainda dois compromissos antes de retomar a defesa do título da Libertadores contra o Independiente del Valle. Na quarta-feira, enfrentará o Fluminense e, no próximo domingo, o Ceará.