No dia 5 de setembro é celebrado o Dia Internacional da Mulher Indígena. A data foi escolhida no II Encontro de Organizações e Movimentos da América, em Tihuanacu (Bolívia), em 1983, como homenagem para a líder indígena Bartolina Sisa, morta em 1782 durante uma rebelião anticolonial, no Alto Peru.
A data, então, tem o objetivo de estimular a discussão acerca da importância da mulher indígena para as comunidades e, principalmente, para toda a sociedade. Demonstrando que elas não são responsáveis apenas pelos trabalhos ‘domésticos’, mas que suas contribuições são de extrema relevância para a existência de suas aldeias.
Isso porque as mulheres indígenas são uma fonte poderosa do conhecimento ancestral sobre curas, ervas e rituais, passados de geração para geração, por meio dos ensinamentos e das histórias dos mais antigos. Dessa forma, a mulher indígena é a manifestação do Sagrado Feminino que é um conjunto de sabedorias ancestrais que resgatam o culto à Deusa que há em cada mulher.
No passado, muito antes da formação das cidades, as pessoas tinham maior contato com a natureza e, por essa razão, a cultura dos povos era baseada nessa relação próxima com o meio natural. Naquele período, as mulheres eram responsáveis pelos rituais de cura, já que tinham maior domínio das ervas; enquanto que os homens ficavam com o dever de proteger a comunidade.
Os povos ancestrais observaram que assim como a Mãe Terra, que já era considerada uma Deusa, as mulheres também tinham a capacidade de gerar vidas. Então, eles entenderam que dentro das mulheres há uma presença divina. Além disso, o ciclo da menstruação tem relação com o ciclo da Lua, portanto, era notável a conexão feminina com a natureza.
Com o passar do tempo, as religiões com ideias patriarcais ganharam maior destaque no meio social e, consequentemente, o culto ancestral à divindade feminina foi sendo deixado de lado. O Sagrado Feminino, então, é um movimento que auxilia a retomada desse culto, que não é considerado religioso, mas é uma forma de autoconhecimento e conexão com a natureza da mulher. Assim, o feminino retoma o seu papel de destaque, mostrando que deve ser respeitado por todas as pessoas. O Sagrado Feminino propaga a importância de conhecer o próprio corpo e de se valorizar como mulher.
Em muitas comunidades, há rituais espécificos para a chegada da menstruação, para o ciclo menstrual, para a gestação e para o parto. Nesses rituais, as mulheres mais sábias passam os seus conhecimentos para as mais novas e as ajudam a enfrentar essas etapas da vida com sabedoria.
Infelizmente, com as invasões das terras indígenas, as poucas leis de proteção para esses povos e, neste momento, o risco da transmissão do coronavírus entre os indígenas, muitas sabedorias ancestrais podem ser perdidas.
Valorizar a existência dos povos indígenas, para a diversidade intelectual e cultural de uma nação e reconhecer a amplitude do papel da mulher indígena para a força das comunidades e da propagação do conhecimento é enaltecer a conexão entre o feminino e a natureza. A sabedoria está no sentido de conhecer o mundo e a si mesmo(a). E esses são ensinamentos que podem ser compreendidos pelo Sagrado Feminino com ajuda das mulheres indígenas.
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Fonte: Terra Saúde