É possível consumir futebol de diversas formas, e a vitória do Flamengo por 5 a 3 sobre o Bahia, em Salvador, satisfez diversos gostos. É possível, por exemplo, apreciar o brilho individual de um jogador da classe de Everton Ribeiro, que produziu praticamente sozinho uma preciosidade como o quarto gol: um drible com a coxa e o chute indefensável tirados da cartola. Mas também é possível se encantar com a magnífica construção do terceiro gol. Um lance que, além de tudo, é muito simbólico.

30 minutos de flamengo – 01/09

Quando Domènec Torrent foi contratado, fez-se o alerta de que o modelo de jogo de Jorge Jesus, com seu time muito móvel, seria transformado. Até é possível que o rubro-negro venha a ser, no futuro, mais ortodoxo no chamado “Jogo de Posição?, escola de Torrent. Mas ficou claro ontem que a mudança, com jogadores ocupando zonas predeterminadas do ataque, não significa engessamento, distanciamento entre eles. E o terceiro gol, um precioso passe em elevação de Everton Ribeiro para Isla infiltrar e encontrar Arrascaeta, é prova disso. O Flamengo teve uma notável fluência com a bola ao trocar passes.

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O quinto gol, já no segundo tempo, teve todos os elementos: ocupação de espaços e aproximação entre jogadores. Renê está aberto na esquerda, o que ajuda a abrir um espaço na defesa do Bahia no centro, por onde combinam Pedro Rocha e Arrascaeta, autor do gol.

Vale uma ressalva sobre a falta de competitividade do Bahia, muito frágil sem a bola. Mas houve méritos rubro-negros. Sua melhor versão no Brasileiro até agora usou um 4-2-3-1, com Arão e Thiago Maia numa dupla de volantes, embora este último se projetasse mais como meia ao atacar. Everton Ribeiro passou a maior parte do tempo na direita e Pedro Rocha na esquerda, com Arrascaeta centralizado por trás de Pedro. Mas o modelo permitiu que Everton e Arrascaeta se encontrassem muito: por vezes, Ribeiro vinha ao centro e deixava o corredor direito para Isla; ou Renê abria campo na esquerda e Pedro Rocha vinha ao meio. E havia momentos em que o time não se preocupava em ter um homem aberto. Havia ainda mais liberdade quando a bola chegava perto da área rival.

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Claro que as circunstâncias se tornaram favoráveis quando Lucas Fonseca errou passe e Pedro abriu o placar com um minuto. Logo depois, Pedro faria outro, numa bela troca de passes, cartão de visitas do time.

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Mas sem a bola, o Flamengo não foi tão bem. Até melhorou a pressão na saída de bola do Bahia, mas quando o rival chegava ao campo de ataque, achava espaços. O gol de Rodriguinho, o primeiro dos baianos, mostrou os volantes perdendo a movimentação do meia. O segundo foi quase casual, na falha de Gabriel Batista. Mas no terceiro, quando já vencia por 5 a 2, o Flamengo novamente cedeu espaços. Mas àquela altura, o jogo já parecia uma contagem regressiva para o apito final.