Não foi o Flamengo que a torcida se acostumou a ver na era Jorge Jesus. Muito menos o que ela gosta de ver. Ainda assim, saiu de campo com a vitória. Explorando os contra-ataques, o time rubro-negro levou a melhor sobre o Santos na Vila Belmiro e saiu de campo com um 1 a 0  (gol de Gabigol) que aliviou a pressão que pairava no clube.

Para se ter uma ideia do feito, foi apenas a terceira vez que o clube venceu o Santos na Vila pelo Brasileiro. A última havia sido no famoso 5 a 4 de 2011. Com oito pontos, os rubro-negros chegaram a nona colocação do Brasileiro. Na quarta, visitam o Bahia, em Pituaçu.

 

 

O Flamengo que se viu em campo após uma semana de treinos com Domènec Torrent deixou os torcedores mais intrigados do que animados. Principalmente pelas decisões de deixar Éverton Ribeiro no banco para a entrada de Michael e de recuar o posicionamento de Gerson. Na primeira delas, o catalão abriu mão do poder de criação do meia para apostar em mais velocidade com o atacante. Já com o camisa 8 como primeiro homem do meio de campo, o treinador anulou sua maior virtude: a qualidade do passe para a saída de bola.

Para completar, Dome ainda optou por começar com Renê na direita, mesmo tendo Maurício Isla a sua disposição. Coube ao lateral esquerdo, mesmo improvisado, fazer a marcação do perigoso Soteldo.

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Coletivamente, o time também tinha problemas. Os jogadores tiveram muita dificuldade de acertar a marcação e deram espaços para o Santos explorar. Mesmo com Renê improvisado, as melhores investidas dos santistas foram pelo lado esquerdo. Foi por ali que Marinho obrigou Diego Alves a se esticar com um chute perigoso no primeiro minuto de jogo. E foi dali também que Pará, livre, cruzou para Raniel abrir o placar, aos 9. O lance foi invalidado pelo VAR, que viu impedimento do centroavante santista.

O árbitro de vídeo foi fundamental na partida. Além deste gol, anulou um de Marinho, aos 15, por impedimento de Jobson, que interfere no lance. Nas duas ocasiões, a decisão foio bem acertada. Mas esfriaram o ímpeto do time da casa, ainda mais pela demora na revisão.

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Mesmo com o jogo equilibrado, o Flamengo não fazia questão de ter mais posse que o adversário. A proposta era apostar mais nos contra-ataques. Com jogadores velozes e treinados para avançar dando apenas um toque na bola, foi assim que os rubro-negros encontraram suas melhores oportunidades. Como a do gol, aos 49.  A jogada nasceu em cobrança de escateio do Santos. Gabigol desarmou Felipe Jonatan e teve o corredor esquerdo livre diante de si. Na intermediária, acionou Michael, que devolveu a bola para ele finalizar na saída de João Paulo.

Esta talvez tenha sido a melhor partida  do camisa 9 do Flamengo, que recuou quando preciso para atrair os marcadores e deixar o caminho livre para os companheiros, e apareceu bem na frente em mais de uma ocasião. Só não marcou outro porque desperdiçou uma chance clara diante do gol vazio, já aos 24 da etapa final.

Estreia de Isla

O segundo tempo do Flamengo foi marcado pelas mudanças feitas quase que ao mesmo tempo por Dome. Entre as mexidas, destaque para a entrada de Isla, que se saiu muito bem ofensivamente. Foi ele quem cruzou a bola perdida por Gabigol, que saiu de campo aos 30 após o torcer o tornozelo direito.

Nos minutos finais, Éverton Ribeiro já era o centroavante do time. Apesar das muitas mudanças, o Flamengo se manteve perigoso nos contra-golpes. E ainda foi beneficiado pela queda de rendimento do Santos, que no segundo tempo não conseguiu mais fazer a bola chegar com qualidade aos seus atacantes.