A diretoria do Flamengo voltou a se pronunciar sobre o acidente que matou dez meninos da base no Ninho do Urubu, na última sexta-feira. Reinaldo Belotti, CEO do clube e coordenador do gabinete de crise criado para avaliar os desdobramentos do acidente, foi o responsável por passar para a imprensa as primeiras ações do Flamengo.
Mas em mais de vinte minutos de fala, focou a maior parte no auxílio ás vítimas, e não soube ou não conseguiu detalhar a falta de documentação apontada pelas autoridades como Bombeiros (alvará) e Prefeitura do Rio (licença para usar a estrutura com dormitórios provisórios.
– Temos providências a serem tomadas para tornar o CT plenamente legalizado. Precisávamos de nove certificados para conseguir o alvará. Oito já temos – declarou o executivo do clube, que estava acompanhado, longe da mesa de coletiva, de vice-presidentes do Flamengo e outros executivos. Alexandre Wrobel, ex-vice de patrimônio, se reuniu com o gabinete de crise para esclarecimentos sobre a documentação, mas não apareceu para dar explicações. Não houve espaço para perguntas dos jornalistas.
O Flamengo apresentou o certificado de clube formador da Federação de Futebol do Rio e da CBF, que para ser emitido exige uma série de itens, como moradia em bom estado. Também foi apresentado um certificado do Conselho Municipal Dos Direitos da Criança e do Adolescente, de 2016.
– Teríamos que apresentar alojamentos e instalações adequadas sobretudo em matéria de segurança, higiene e salubridade. Esse módulo era conhecido por todos. Era um alojamento confortável. Mostrávamos para todos com orgulho. Não era um puxadinho – argumentou Belotti.
O dirigente não detalhou, entretanto, como era o contêiner que servia para dormitório. Disse apenas que os ar-condicionados passaram por manutenção recente, e que os problema com queda de energia decorrente do temporal no Rio nos últimos dias podem ter causado problemas elétricos nos aparelho. Não houve esclarecimentos, porém, se havia algum sistema de proteção para estes ar-condicionados, justamente para evitar curtos.
– A perícia disse que o problema começou no ar-condicionado. Ninguém pode garantir o porquê. Eles estavam em perfeita ordem e funcionavam. Pode ser que os picos de energia tenham influenciado. Acidente trágico não por falta de cuidados do clube. Prezamos muito por isso. É nosso futuro – finalizou Belotti.
Em um intervalo de pouco mais de um ano, a Secretaria Municipal de Fazenda do Rio multou o Flamengo 31 vezes por irregularidades no Centro de Treinamento do Ninho do Urubu, em Vargem Grande, onde aconteceu o incêndio que matou dez adolescentes nesta sexta-feira. O Flamengo pagou dez dessas multas, de acordo com informações do “RJTV”, da “TV Globo”.
R10 e Love usaram alojamento
O dirigente deu mais detalhes e informou que o mesmo alojamento que foi consumido pelas chamas foi utilizado por jogadores de renome que passaram pelo clube, tanto na base como no profissional, como Ronaldinho Gaúcho, Vagner Love, Vinicius Jr.
– Por esse alojamento passaram jogadores consagrados como Ronaldinho, desde 2012, foi usado pela seleção olímpica. Não estamos falando de um puxadinho. Esse alojamento foi fiscalizado e aprovado pelo Conselho Municipal da Criança e Adolescente, e pela Ferj e CBF, através da Lei Pelé ? afirmou o CEO, que ainda continuou:
– A fiscalização tinha que atender o seguinte: Alojamentos e instalações adequadas sobretudo em matéria de segurança, higiene e salubridade. Esse módulo era conhecido por todos. Era um alojamento confortável. Mostrávamos para todos com orgulho.
Segundo o dirigente, nenhum atleta com menos de 14 ou com mais de 17 são permitidos no alojamento em questão.
– Não tínhamos ninguém com menos de 14 anos. A partir de 18 anos, eles poderiam morar no clube. Mas o Flamengo, por princípios, quando completa essa etapa, passa a pagar salário melhor para ele ir morar em outro lugar que não o clube, trazendo inclusive os familiares. Mas todo acompanhamento psicológico, nutricional, segue para os que saíram ? falou.
Fonte: O Globo