Antes do encanto, as vitórias estão de volta ao Flamengo. E elas são condição básica para se implementar um trabalho com tranquilidade. Se o técnico Domènec Torrent não sabia disso, aprendeu rapidamente. E recuou nas ideias para deixar a qualidade do elenco rubro-negro resolver. Contra o Coritiba, neste sábado, fora de casa, o brilho individual da formação base que ganhou o que podia no ano passado apareceu. Simbolizada pelo uruguaio Arrascaeta, barrado contra o Atlético-GO, autor do gol e principal jogador da vitória por 1 a 0 fora de casa. O resultado foi no sufoco, com direito a bola na trave de César e gol de Pedro anulado no fim.

O destaque quase todo ficou para Arrascaeta, e se deveu a liberdade com que o meia-atacante atuou atrás da segunda linha de marcação, onde criou chances pelos dois lados, se aproximando de Éverton Ribeiro, Bruno Henrique e Gabigol. O trio também subiu de produção, mas o camisa nove segue com o pé descalibrado, há sete jogos sem marcar. Enquanto seu companheiro de ataque, Bruno Henrique, de quem esteve mais entrosado, ainda demonstra dificuldade para superar seus adversários mesmo na imposição física. De novo, teve lance claro para assistir Gabigol, e falhou.

Na defesa, Dome voltou a formação com uma linha de quatro tradicional, com João Lucas na lateral direita. O Flamengo está perto de fechar com o chileno Maurício Isla, sem clube, mas deu rodagem ao garoto. Outro jovem, Guga, do Atlético-MG, também negocia, mas é considerado caro. João começou nervoso, errando passes, mas depois não comprometeu. César, que substituiu Diego Alves, suspenso, também não. Na quarta-feira, Alves volta contra o Grêmio.

Em geral, o Flamengo exibiu a versão Jorge Jesus que ganhou o Estadual. Com a mesma falta de intensidade, diga-se. A pressão para recuperar a bola ainda é aquém em relação às melhores exibições mesmo em 2020. Em que pese a menor qualidade do Coritiba, o Flamengo não levou os sustos das duas primeiras rodadas. Se ajustou na defesa e no ataque. E agora tem mais confiança e tranquilidade para encontrar o jeito ideal com seu novo treinador.

No gol de Arrascaeta, Bruno Henrique procurou Gabigol, que não alcançou. O uruguaio concluiu com categoria, de perna esquerda, aos 27 do primeiro tempo. Antes, havia colocado uma bola no travessão. Arrascaeta esteve por todo o campo. Dos dois lados. Faltou mesmo a bola passar mais pelos pés de Éverton Ribeiro. O meia até abriu o jogo pelo lado direito, mas as jogadas por ali sem Rafinha rarearam, e se afunilaram por dentro. Mesmo assim, o camisa sete dava fluidez ao jogo do Flamengo quando podia. Ainda abaixo, Gerson e Arão cumpriram as funções defensivas e ajudaram no toque de bola, mas ainda podem evoluir mais.