Quanto tempo um treinador tem que esperar para implementar suas ideias em uma equipe vitoriosa? Domènec Torrent precisou de apenas dez dias e dois jogos para dar vida a um novo Flamengo, a sua imagem e semelhança, e não mais a de Jorge Jesus. Até agora, não deu certo, como provou a segunda derrota no Brasileiro, para o Atlético-GO, por 3 a 0. Para piorar, Diego Alves foi expulso no fim e virou desfalque contra o Coritiba, sábado.

? Cometemos erros que não vinhamos cometendo. Um time há vários meses sem perder voltou a ter dificuldade. Mas não é motivo de pânico. Tem que ter calma, tranquilidade. Temos grande elenco, grande treinador, confiamos nele. Temos que corrigir os erros defensivos, ser sólidos desde lá de trás, e com a força do nosso ataque voltar a vitória. Sem desespero. Nosso time é vencedor ? disse o lateral Filipe Luis, descartando que o motivo da derrota tenham sido as mudanças táticas. ? Nosso time mudou o ano passado inteiro. Não é desculpa. Nós dentro do campo não estamos rendendo o máximo. São várias questões. Tem que analisar os erros pontuais e corrigir.

O Flamengo ainda não havia levado três gols na temporada. Mas o calendário apertado só terá os jogos para experimentos. É o pior início de Brasileiro desde 1997, quando perdeu as duas primeiras.

?Eu preciso de tempo, os jogadores precisam de tempo. Não para jogar comigo, mas para estarem melhor fisicamente, jogar mais jogos e voltarem a vencer. Estamos voltados para fazer a equipe ganhadora novamente? disse o treinador.

A segunda rodada ainda foi influenciado pela negociação de Rafinha com o Olympiacos, da Grécia. Alvo de uma proposta e com cláusula que o libera de graça para a Europa, o veterano começou no banco, segundo o clube poupado por precaução, e só entrou no segundo tempo. O uruguaio Arrascaeta também ficou fora, e Vitinho foi a opção, aberto do lado direito, oposto a Bruno Henrique.

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O técnico do Flamengo decidiu utilizar três zagueiros, com Rodrigo Caio na lateral direita, e Gustavo Henrique e Léo Pereira por dentro. O resultado foi desastroso. Mesmo há cinco meses sem atuar, vindo da Série B, o Atlético-GO logo encontrou o caminho das pedras e levou perigo pelo lado esquerdo do ataque.

O gol de Hyuri foi entre os dois zagueiros centrais, após cruzamento sem interceptação de Rodrigo Caio, aos oito minutos. Se na estreia do Brasileiro o Flamengo ainda carregada o DNA de Jorge Jesus no primeiro tempo contra o Atlético-MG, dessa vez começou o jogo irreconhecível. Não apenas na defesa, como no ataque.

O primeiro chute a gol veio perto dos trinta minutos, e o distanciamento de Bruno Henrique, Gabigol e Vitinho sob a justificativa de abrir o campo para os meias resultou em um deserto de jogadas. Jorginho, a esta altura, ampliava para os donos da casa. Mesmo com Arrascaeta e Rafinha no segundo tempo, o Flamengo pouco criou. Perdeu as poucas chances que teve, e foi punido. Ferrareis, de longe, acertou o ângulo de Diego Alves.