Foram quatro contratações desde o fim do Carioca. A atuação intensa do Botafogo no mercado contrasta com as dificuldades financeiras e os salários atrasados. O técnico Paulo Autuori até já disse “chega?, mas os dirigentes enxergam uma lógica nesse movimento: reforçar para ter boa campanha no Brasileiro e impulsionar a conversão em S/A.

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O atacante Salomon Kalou (ex-Chelsea) foi o principal nome. Para a zaga, Rafael Forster foi oficializado ontem. Ele trabalhou com Autuori no Ludogorets (BUL). O lateral-esquerdo Victor Luís era namoro antigo, enquanto Kevin é opção mais ofensiva na direita. No início de julho, o clube havia apresentado Matheus Babi (ex-Macaé).

Rafael Forster, que trabalhou com Autuori na Bulgária, foi o último a ser apresentado Foto: Vitor_Silva / Vitor Silva/Botafogo
Rafael Forster, que trabalhou com Autuori na Bulgária, foi o último a ser apresentado Foto: Vitor_Silva / Vitor Silva/Botafogo

À exceção de Kalou, os outros já treinam com o time, que enfrenta o Fluminense em amistoso hoje, às 17h, no Nilton Santos (SporTV transmite). Babi e Kevin podem aparecer em campo.

? A gente sabe da importância de ter um time competitivo. Ficamos preocupados com a possibilidade de cair ano passado, o que inviabilizaria de vez o projeto da S/A. Um time que se mostra em campo competitivo, brigando por coisas boas na tabela, facilita para tentar fazer o projeto ficar em pé ? disse Manoel Renha, do conselho gestor do futebol.

Até a parada por causa da pandemia, das 12 contratações anteriores, três viraram titulares, entre eles o japonês Honda, o principal nome. Um foi devolvido ao clube de origem: o volante Thiaguinho (Corinthians).

O Bota se desfez do zagueiro Joel Carli, do atacante Igor Cássio (Porto B) e do volante Bochecha (Juventude). O atacante Vinícius Tanque foi para o Cartagena (ESP).

A diretoria entende ter achado um equilíbrio entre as apostas jovens e baratas ? na base ou no mercado ? e vê em Honda e Kalou a experiência para contribuir com a ideia de desenvolver talentos.

? Pode dar certo, pode não dar. Mas tem que arriscar. Quando Seedorf veio, ele valorizou muitos jogadores, inclusive o Vitinho. É a experiência, lançar uma bola, conversar, educação, postura. Podem ser professores dentro e fora do campo. Essa é a aposta ? disse Carlos Augusto Montenegro, outro membro da gestão do futebol do Botafogo.

Victor Luís era desejo antigo da diretoria Foto: Vitor_Silva / Vitor Silva/Botafogo
Victor Luís era desejo antigo da diretoria Foto: Vitor_Silva / Vitor Silva/Botafogo

Ambições e dificuldades

Duas apostas são o volante Caio Alexandre, 21 anos, que renovou até dezembro de 2022, e o atacante Luís Henrique, de 18.

E qual a meta do clube?

? Queremos o título, mas vai ser difícil. Em 1995, a diretoria programou ficar entre quinto e nono. Acabou com o título ? disse Montenegro, presidente do clube naquele ano.

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Recentemente, o vice Ricardo Rotenberg declarou que não via elencos muito melhores que o Bota no país. Manoel Renha se mostra mais pé no chão em relação às pretensões para a Série A:

? Temos que ser realistas. Ficando na primeira página da classificação, dali para frente, fazendo um campeonato tranquilo.

O debate envolvendo o Botafogo inevitavelmente deságua na parte financeira. Contratações de peso também são vistas como propulsoras de receitas com sócio torcedor e direitos de transmissão via pay-per-view.

No começo de julho, o clube pagou aos jogadores 60% dos vencimentos de abril (registrados na carteira de trabalho). Nas palavras de Manoel Renha, “salário atrasado atrapalha o trabalho?. Autuori também citou a necessidade de ter pagamentos em dia. A folha atual é menor do que a de 2019. Por isso, Montenegro considera que o custo-benefício atual é maior.

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? É melhor do que formar um time velho, caindo aos pedaços, que não vai fazer receita. O Kalou vem ao custo do Léo Valencia (cerca de R$ 250 mil fixos) ? disse.

De acordo com os dirigentes alvinegros, a parte fixa do salário de Honda é um pouco menor. A arrecadação variável com o meia japonês ainda foi afetada pela pausa das competições.

Paralelamente, o grupo à frente do projeto S/A, que por si só não era simples, viu-se ainda mais atrapalhado pela pandemia. Há uma dificuldade de colocar no papel acordos verbais de investimentos feitos anteriormente. Para o aporte inicial, o objetivo é juntar algo entre R$ 210 milhões e R$ 230 milhões.

Há alguns meses, a diretoria estipulou julho como decisivo para vislumbrar a viabilidade da S/A. Mas a linha de corte foi deixada de lado, embora o senso de urgência siga vivo em General Severiano.