Em meio ao caos em que se transformou o Rio de Janeiro, a única coisa que não pode ser dita é que a torcida abandonou o Botafogo. Dez mil pessoas foram ao Nilton Santos e lá permaneceram debaixo de muita água e em meio a notícias de grandes desastres pela cidade, sem ter sequer a certeza de como voltariam para casa em segurança. O espetacular chute de Erik, nos acréscimos, foi uma justa recompensa. A vitória por 1 a 0 sobre o Defensa y Justicia dá ao Botafogo a vantagem do empate no jogo de Buenos Aires, no dia 20, para avançar na Copa Sul-Americana.
O resultado merece ser valorizado. É verdade que o jogo foi um tanto descaracterizado pela chuva,em especial no primeiro tempo. Mas quando o campo ficou seco, era claro que os argentinos, com mais conjunto e uma temporada em andamento, tinham mais recursos, em especial ao manejar a bola. Mas o Botafogo, que vive um início de ano duro e tenta se reorganizar, resistiu bem, quase não cedeu chances de gol, lutou muito.
Os argentinos, após dois erros, perceberam que não era possível fazer a saída de bola pelo chão, em especial com o zagueiro Barboza e o volante Miranda. Já o Botafogo, que entrara em campo sem preocupação com a manutenção da bola e claramente aguardando chances de contragolpe, também tinha dificuldades. Era um jogo de bolas longas, muitas divididas, carrinhos e faltas: 22 só na primeira etapa.
Conforme a chuva diminuiu e o gramado melhorou, houve um pouco mais de jogo. Com Luiz Fernando se aproximando do trio de ataque, o alvinegro tinha um time com perfil de aceleração mais do que de elaboração. Este fator, provavelmente somado ao início instável de temporada e à boa impressão que o Defensa y Justicia vinha deixando no futebol argentino, fazia o Botafogo aceitar um jogo em que nem tinha tanto a bola e buscava contra-atacar. Conseguia com Alex Santana, que fez boa partida. Chegou a ter mais sensações de perigo do que o rival, embora nenhuma chance clara.
No segundo tempo,o campo melhor fez o Defensa y Justicia controlar a partida. O Botafogo vivia de bolas esticadas, mas protegia bem sua área. Zé Ricardo tentou colocar Bochecha no lugar de Luiz Fernando para ter um pouco mais de retenção da bola. E, a partir daí, conseguiu chegar nas proximidades da área argentina.
Com muitos erros no último passe, o Defensa não finalizava e o jogo parecia condenado ao 0 a 0. Até Erik acertar um chute no ângulo e garantir a vitória que premiou a torcida e a aplicação do Botafogo.
Fonte: O Globo