A nova realidade das transmissões do futebol brasileiro impõe adaptações ao funcionamento do árbitro de vídeo. Amanhã, no jogo de volta da final do estadual, com mando do Flamengo, o aparato à disposição será diferente daquele usado no duelo de ida, sob responsabilidade do Fluminense.

Enquanto no domingo, na vitória rubro-negra por 2 a 1, foram usadas dez câmeras, nesta quarta-feira serão 13. A bola rola às 21h, no Maracanã. Esse é mais um reflexo da Medida Provisória 984, que deu ao mandante a prerrogativa exclusiva de negociar o direito de arena e, consequentemente, abre brecha para distinções técnicas nas transmissões e no VAR. O mínimo estabelecido pela Fifa é oito câmeras. Mas já houve adaptação para ajudar países mais pobres, permitindo apenas quatro.

O fornecimento do sinal, antes da emissora detentora de direitos, será de um dos clubes que estará em campo. No caso, o Flamengo, responsável pelas imagens mesmo com a transmissão do SBT. Pelo protocolo, todas as tomadas ficarão à disposição da cabine do VAR, cuja liderança será de João Batista de Arruda. No campo, o árbitro principal será Grazianni Maciel Rocha.

? Independentemente de quem faz a transmissão, o VAR opera normalmente. Continua em alta qualidade? diz Marcelo Vianna, diretor de competições da Ferj.

Nesta reta final de Carioca, a Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj) abdicou do uso do VAR nas semifinais de Taça Rio para reduzir os custos. O aparato voltou a ser usado a partir da final da Taça Rio.

Os valores estão no borderô e totalizam R$ 51 mil por partida. No documento, há o item “despesas com VAR?, que representa R$ 25 mil. Com o gasto de “captação de imagens para utilização do VAR?, são mais R$ 26 mil.

O cenário atual de diferenciação da origem do sinal para o VAR já tinha acontecido em menor escala no começo do estadual. Como o Fla não firmou contrato com a Globo, os jogos envolvendo o rubro-negro não tinham transmissão. Na final da Taça Guanabara, por exemplo, a Ferj precisou contratar uma empresa terceirizada para gerar imagens.

Depois que o Fla transmitiu o jogo contra o mesmo Boavista, pela Taça Rio, a Globo decidiu romper o contrato com os outros 11 clubes e a Ferj por entender que seu direito de exclusividade fora violado. Sobre número de câmeras: mesmo na Globo, jogos do pay-per-view, em geral, têm menos do que os da TV aberta.

Foi em um jogo do Flamengo contra o Vasco que a Ferj inaugurou o uso de um software novo para verificação de impedimento. A tecnologia é chamada de crosshair e prevê o uso de cinco câmeras para checagem da jogada. Segundo o diretor de competições, o sistema segue em uso e com “alta qualidade?. Na final da Taça Rio, com mando do Fluminense, o gol de Gilberto demandou checagem do VAR.

Além da MP 984, a retomada do estadual na pandemia demandou atenção para a convivência na cabine do VAR. O árbitro de vídeo tem a companhia de dois assistentes, um operador e um observador.

? Os profissionais que acessam a cabine estão testados, usam máscaras de proteção. Além disso, foram colocadas divisórias em acrílico entre os árbitros de vídeo ? explica Marcelo Vianna.

Após cada partida com uso do árbitro de vídeo, Ferj precisa mandar um relatório à CBF com os lances checados e revisados. A entidade, por sua vez, faz a interface com a Fifa e a International Board (Ifab), que gerencia a aplicação do VAR no mundo.

Antes de cada jogo, há um profissional da equipe de arbitragem com a função de gerente de qualidade do VAR. O papel dele é checar o posicionamento, calibragem e sincronização das câmeras. No domingo, José Carlos Santiago, presidente da Comissão de Arbitragem da Ferj, foi o responsável.

O VAR tem a prerrogativa de checar lances de gol, situações de pênaltis, cartões vermelhos e checagem de identidade dos jogadores para aplicação de alguma sanção.