A diretoria do Washington Redskins, da NFL, liga profissional de futebol americano, anunciou nesta segunda-feira que vai mudar o nome do time, um dos mais tradicionais do país, após a pressão de grupos antirracistas. Em comunicado, afirmou que vai buscar uma nova marca.

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A mudança ocorre na esteira das manifestações antirracismo nos Estados Unidos. Houve pressão pela retirada do nome por causa da conotação racista com os índios: redskins significa peles vermelhas, termo usado para se referir ao povo nativo americano.

“Hoje, estamos anunciando que vamos retirar os Redskins do nome e logomarca após revisão. Dan Snyder e o técnico (Ron) Rivera estão trabalhando para desenvolver um novo nome e design que vão realçar nosso orgulho e tradição desta rica franquia e inspirar nossos patrocinadores, fãs e comunidade pelos próximos 100 anos”, diz o comunicado.

Com a morte do negro George Floyd por um policial branco em Minneapolis, no fim de maio, empresas de todos os tipos sofreram pressão para aumentar a diversidade e mudar as políticas para enfatizar o antirracismo. O proprietário dos Redskins, Daniel Snyder, defendia o termo há anos. A mudança de posição, da resistência total para uma aceitação relutante em algumas semanas, foi surpreendente.

No fim de junho, alguns dos maiores patrocinadores da equipe, incluindo FedEx, Nike e Pepsi, receberam cartas de investidores que pediam às empresas que cortassem seus laços com a franquia. Em 2 de julho, a FedEx, que paga cerca de US$ 8 milhões por ano para ter seu nome no estádio, em Landover (Maryland), disse aos Redskins em carta aberta que, se a equipe não mudasse de nome, pedia que sua marca fosse retirada do estádio no fim da próxima temporada.

No dia seguinte, em 3 de julho, a equipe disse que provavelmente haveria uma mudança e começou uma “revisão completa do nome? depois de semanas de discussões com a NFL. A Nike parou de vender os produtos, e Walmart, Target e Amazon ? alguns dos maiores varejistas dos EUA ?disseram que deixariam de comercializar artigos do Washington em seus sites.

Disputa antiga

O boicote ocorreu após décadas de pressão sobre a equipe para mudar o nome, que muitas pessoas (e alguns dicionários) consideram ofensivo. Em 1992, ativistas nativos americanos iniciaram uma campanha para obrigar o Escritório de Marcas e Patentes dos Estados Unidos a cancelar a marca “redskin? da equipe, uma batalha que a Suprema Corte encerrou em 2017, descobrindo que mesmo marcas comerciais potencialmente depreciativas são protegidas pela Primeira Emenda.

Em 2014, 50 senadores enviaram uma carta à NFL pedindo intervenção. Em todo o país, houve uma onda em universidades e escolas que abandonaram mascotes e nomes de equipes com símbolos de nativos. Mas mais de 2.200 escolas de ensino médio ainda se apropriam desses termos e imagens, de acordo com um banco de dados de nomes de mascotes.

Durante esse tempo, Snyder, que comprou a equipe de Washington em 1999, permaneceu firme. “Nunca mudaremos o nome do time?, disse em 2013, com uma postura que manteve mesmo diante da reação de ativistas, políticos e alguns fãs.

O que mudou foi, aparentemente, uma sociedade americana mais diversa em torno da equipe. Após a morte de Floyd, houve reconsideração sobre estátuas, bandeiras, símbolos e mascotes considerados racistas ou celebrando a história racista em todo o país.

Agora que a equipe abandonou seu nome atual, precisará encontrar um substituto. Processo que exige pesquisa de marcas registradas e muitos acordos de licenciamento da liga com parceiros, o que pode levar anos. O time também terá que usar novo nome, logotipo e até novas cores para criar outra identidade, um processo que pode incluir longas conversas com patrocinadores, fãs e outros componentes.

Ed O’Hara, que desenha nomes e logotipos de equipes há mais de 30 anos, disse que as cores da equipe são únicas e poderosas. Um bom nome, no entanto, deve ter conexão fácil com mascote, ser fácil de dizer e estar conectado ao mercado em que o time joga.

? O nome é sempre a parte mais difícil. Você tem uma chance de fazer isso direito pelos próximos 80 anos ? disse ele. (Com informações do New York Times)