O olfato sumiu. Mesmo antes de fazer exame, o presidente do Vasco, Alexandre Campello, teve certeza de que tinha sido infectado com o coronavírus.

O dirigente cruz-maltino, a partir do fim de março, passou pouco mais de um mês sem sair de casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. A Covid-19 tinha circulado pelo ambiente, contaminando a mulher dele, Lorena, a sogra, uma empregada e a babá. Lara, a filha de nove anos, escapou.

Ninguém sabe a origem da contaminação. Mas foi Lorena quem sentiu primeiro os sintomas. Àquela altura, segundo Campello, os funcionários da casa já tinham sido liberados, mas continuaram prestando serviço.

– Dei férias para o caseiro. Montei um esquema para não sair de casa. Disse a elas para que fossem para casa e não voltassem. Mas minha mulher passou a ter sintomas. Ninguém sabe como o vírus chegou. Ficamos um mês dentro de casa – conta Campello ao GLOBO.

Nenhum dos que estavam na casa apresentou sintomas mais graves e, por isso, o próprio presidente do Vasco, que é médico, monitorou o desenvolvimento dos quadros, sem recorrer a qualquer medicação. Uma crítica recorrente do dirigente é que a discussão sobre a Covid-19 foi politizada.

– Ainda existia muita dúvida sobre o que fazer. Eu tive dor no corpo, náusea, dor de cabeça e perdi o olfato. Por isso tinha tanta certeza do diagnóstico. Minha mulher não sentia cheiro de nada. Cheirava produto de limpeza, que é forte, e nada – disse ele sobre Lorena, que é influenciadora digital.

A família recebia as compras na garagem e fazia higienização por lá mesmo. Campello lidava com os assuntos do Vasco à distância. O Campeonato Carioca já havia sido paralisado, em reunião no dia 16 de março. O dirigente  esteve na Ferj naquele dia, mas saiu mais cedo, deixando expresso o voto de concluir logo o estadual. Em abril, os jogadores tiveram férias coletivas. Naquele mesmo mês, a Ferj aprovou o protocolo Jogo Seguro.

Campello passou o período todo do isolamento sem ser testado. O exame que confirmou foi feito na retomada das atividades no Vasco. O IGM deu positivo. O clube informou no dia 31 de maio que 16 jogadores tinham sido contaminados com o vírus. No dia 19, o dirigente esteve em Brasília, ao lado do do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, para defender diante do presidente da República, Jair Bolsonaro, a retomada do futebol.

– Cumpri o período recomendado, mais de 30 dias recluso. A único coisa que isso tudo demonstra é que o isolamento, por si só, não é uma garantia. É importante, mas não é garantia – disse Campello.