Estar em Portugal, onde o calendário do futebol foi retomado em meio à pandemia do coronavírus, e próximo à família, são opções mais seguras para o técnico Jorge Jesus no projeto esportivo de ter chance em uma grande liga na Europa.
Não que já seja esse o caminho escolhido. Mas o Mister, de fato, abriu conversas diretas com o ex-clube, e deixou o Flamengo em alerta, como nunca desde o ano passado.
Sem saber se as principais competições nacionais e internacionais serão confirmadas em 2020 no Brasil, o período sem jogos após o Estadual será de avaliações para o treinador.
Se a Libertadores ficar ameaçada, a chance de voltar ao Mundial e superar o feito de 2019 cai por terra. E a atratividade do futebol brasileiro se reduz.
O presidente do Benfica, Luis Filipe Vieira, aproveitou e apresentou o projeto do clube ao Mister, que desta vez escutou, depois de uma primeira resposta negativa.
Em seguida, caso haja sinalização positiva, o advogado de Jorge Jesus, Bruno Macedo, virá ao Brasil para tratar de uma proposta oficial. Em Portugal, o otimismo existe.
O agente não nega a vinda e tem papel importante para costurar um acordo com o Flamengo para que, se o adeus se confirmar, seja de forma elegante e sincera.
O Flamengo, com quem Jesus assinou até junho de 2021, aguarda de mãos atadas. A multa é baixa, o clube não tem garantias de que haverá disputas relevantes pela frente, e depende do desejo do português.
O Mister tem a confiança de jogadores e membros da diretoria, que esperam receber logo uma posição sobre a intensa movimentação do Benfica. Os dirigentes acompanham o noticiário e não querem interpelar o treinador antes da final do Estadual. A cúpula do futebol tem um combinado com o treinador de que ela seja a primeira avisada caso a saída seja uma possibilidade real.
A reportagem entrou em contato com Bruno Spindel e Marcos Braz, que dessa vez não esbanjaram otimismo, e internamente adotam cautela.
Por outro lado, Jorge Jesus não gostou das declarações do vice de relações externas, Luiz Eduardo Baptista, o Bap, membro do Conselho do Futebol, que questionou a entrada de Lincoln na final do Mundial de Clubes de 2019.
Não que isso influencie em sua decisão, mas demonstra uma certa instabilidade política no Flamengo, que ano que vem tem eleição. Com Jesus e a bola entrando, tudo parece mais fácil. Sem isso, seria preciso repensar o futebol do clube.
Fonte: O Globo