Para alguns, reta final. Para outros, nem sinal de retomada. Enquanto o Campeonato Carioca pode estar a poucos dias do fim ? se vencer a Taça Rio na quarta-feira, o Flamengo será campeão estadual ?, outros estados sequer sabem quando a bola voltará a rolar. Federações ainda negociam com os governos as datas de reinício de seus torneios, paralisados pela pandemia do novo coronavírus.
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Em muitos estados, as entidades têm encontrado resistência dos governos locais, que adiaram a volta por causa do número de casos de Covid-19, em um movimento distinto ao que ocorreu no Rio. Com processo de impeachment instaurado, o governador Wilson Witzel (PSC-RJ) está fragilizado politicamente e flexibilizou as regras de isolamento. Na capital, onde ocorre a maioria dos jogos, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos-RJ) é pré-candidato à reeleição e aliado do presidente Jair Bolsonaro, entusiasta da volta do futebol.
No Rio Grande do Sul, onde Grêmio e Internacional retornaram aos treinos presenciais em maio e o Estadual parecia bem encaminhado para um rápido retorno, a situação sofreu reviravolta. Com o aumento no número de casos no estado, o governador Eduardo Leite (PSDB-RS) manteve a proibição de atividades com contato físico.
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A Federação Gaúcha de Futebol (FGF) e os clubes elaboraram um protocolo que previa a volta do estadual em 19 de julho. A ideia é que o torneio seja disputado em três semanas. O documento foi entregue ao governo no último dia 18, mas até hoje não houve resposta.
? O retorno do futebol neste momento não é uma prioridade ? disse Leite.
Sem poder realizar coletivos, a dupla Gre-Nal estuda alternativas. O Grêmio anunciou que viajará para Criciúma (SC) para treinar. O Inter cogita ação semelhante.
Em São Paulo, os treinos foram liberados na última quarta, mas não há definição da volta do Paulista. A morosidade do governador João Doria (PSDB-SP) para tratar da volta do futebol tem irritado os cartolas.
Em Minas Gerais, a federação apresentou protocolo que prevê jogos a partir de 26 de julho. Mas o aumento dos casos de contaminações e de mortes por Covid-19 fez o governo segurar uma resposta. Em Pernambuco, o plano de retomar o Estadual amanhã, com todos os jogos na Arena, não foi aprovado pelas autoridades. Na Bahia, o futebol está vetado até segunda-feira.
? Só vamos retomar uma vez que os órgãos competentes nos deem segurança ? afirma o presidente da Federação Baiana, Ricardo Lima, que quer encerrar o campeonato antes do Brasileiro, previsto para 9 de agosto.
Retorno em Santa Catarina
Com treinos liberados desde maio, o Campeonato Catarinense volta quarta-feira, com a disputa das quartas de final em Criciúma, Chapecó, Jaraguá do Sul e Joinville. Na quinta-feira, a prefeitura de Florianópolis liberou as partidas de Avaí e Figueirense, que jogam no próximo fim de semana, em casa. Todos os profissionais devem ser testados antes dos jogos.
Diante das paralisações, as federações tentam lidar com os impactos financeiros gerados nos clubes, especialmente nos menores. No Rio, onde quatro dos oito pequenos que participam da Taça Rio não têm compromisso no segundo semestre, este foi um dos argumentos para a volta.
Na Bahia, para os pequenos, a medida definida até o momento pela federação é a isenção das taxas de jogo. Gastos com arbitragem e com quadro móvel serão custeados pela própria entidade.
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Em Pernambuco, onde mais da metade dos pequenos aguardam pelo fim do torneio para encerrar o ano, o auxílio foi financeiro. A federação repassou R$ 20 mil àqueles que não disputam nenhuma competição nacional e R$ 10 mil para os demais, que ainda contaram com o aporte da CBF.
? Nossa convicção é de que concluiremos o Estadual em julho. Seremos os primeiros do Nordeste a iniciar e concluir o campeonato ? prevê o presidente da federação Evandro Carvalho.
No Rio Grande do Sul, a solução foi suspender o rebaixamento deste ano. Esta medida será discutida pelos mineiros, mas o presidente da federação, Adriano Aro, não vê com bons olhos, já que parte significativa do Mineiro já foi disputado e a pandemia atingiu a todos os clubes.
Com só um time fora do calendário nacional, a Federação Paulista é a que enxerga os clubes menos fragilizados. “Todos os campeonatos organizados pela FPF distribuem cotas de participação. Dessa maneira, todos possuem garantia de remuneração?, disse em nota.
Fonte: O Globo