Nos 70 anos da Fórmula 1, a categoria estava pronta para a maior temporada de todos os tempos, com 22 corridas em todos os continentes, e a expectativa de muitas quebras de recordes. Mas, no dia 12 de março, os planos grandiosos da organização tiveram de ser revistos por causa da pandemia do novo coronavírus. Quase quatro meses depois, os motores finalmente vão voltar a roncar numa versão reduzida de um calendário restrito à Europa, sem público e com uma série de medidas sanitárias, no GP da Áustria.

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Pilotos e equipes da temporada de 2020 Foto: Editoria de Arte
Pilotos e equipes da temporada de 2020 Foto: Editoria de Arte

Um dia após a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretar emergência mundial, em 11 de março, e com casos de contaminação em equipes, todo o circo da F1 já montado em Melbourne teve de refazer as malas e voltar para casa. No domingo, o GP da Áustria dá a largada para um temporada que ainda não se sabe quando vai terminar por causa da Covid-19. A Rede Globo transmite (10h10, horário de Brasília).

Até o momento, apenas oito GPs estão confirmados num período de dois meses (de 5 de julho a 6 de setembro). Inicialmente, seriam cinco corridas entre julho e setembro, com as férias de verão de três semanas em agosto. É o mínimo de corridas necessárias para que o campeonato seja validado.

Por isso, Áustria e Inglaterra ganharam duas provas cada uma em finais de semana seguidos. Silverstone, o circuito que recebeu a primeira prova da F1 em 1950, vai sediar duas corridas, uma delas será o GP 70º Aniversário, no dia 9 de agosto.

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A escolha dos países seis países seguiu alguns critérios: circuitos prontos, logística facilitada pela proximidade e controle da pandemia. Ainda assim haverá controle sanitário, com testagem dos pilotos, redução de espaços fechados e não haverá pódio com troféus e champanhe.

Calendário de 2020 e recordes à vista Foto: Editoria de Arte
Calendário de 2020 e recordes à vista Foto: Editoria de Arte

Para se ter uma ideia, o deslocamento entre os circuitos dá cerca de 6 mil quilômetros na rota aérea ? de maneira direta, sem contar o retorno para as bases das equipes. Só a distância entre México e Brasil, dois países das Américas que aguardam decisão da F1, é de quase sete mil quilômetros.

GP do Brasil ameaçado

Antes mesmo do cancelamento da corrida da Austrália, o GP da China, primeiro epicentro da pandemia, já havia sido adiado. Na sequência, outras corridas foram canceladas ou adiadas sem datas previstas.

Ao todo, sete GPs não vão acontecer. Entre eles, novidades como a Holanda e corridas tradicionais como Mônaco, França e Japão.

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Além da China, outras três provas que aconteceriam ainda no primeiro semestre estão em negociação para outras datas: Barein, Vietnã e Canadá.

Outros cinco GPs, com datas de setembro a novembro, aguardam a confirmação, entre eles o Brasil. Tudo vai depender do transcorrer da pandemia nos países.

Os organizadores da F1 trabalham com um número de 15 a 18 corridas até o fim do ano. Com a possibilidade de outros países europeus sediarem mais de uma prova. Alguns dos que aguardam a definição dos organizadores vão ficar de fora.

Os organizadores do GP de Interlagos, em São Paulo, estão em compasso de espera. Inicialmente, a corrida seria em 15 de novembro. Mas a data mais provável, se a prova for confirmada, é dia 8 daquele mês. Por dois motivos: calendários não oficiais já apontavam a mudança para permitir que se programe outras corridas após o Brasil; e o Congresso Nacional mudou a data das eleições municipais do país para o dia 15/11.

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Enquanto isso, a prefeitura de São Paulo está concluindo as obras da cobertura do paddock, última etapa da reforma que começou em 2014. A venda de ingressos, que deveria ter começado em abril, só vai ocorrer após a confirmação do GP no calendário.

Chefe da equipe Mercedes, Toto Wolff, considera improvável a realização das corridas no Brasil e nos Estados Unidos, os dois países mais afetados pela pandemia em números de casos e mortes oficiais.

? Baseado em minhas conversas com Chase Carey (CEO da Fórmula 1), ele não quer fechar nenhuma porta, mas não parece que iremos para lá. Eles são muito diligentes e não vão para lá se for um risco ? disse Wolff à rede de TV inglesa BBC.

Hamilton favorito

Na pista, os meses sem testes e corridas não parecem ter mudado o panorama da F1 . Nos primeiros treinos livres no circuito de Spielberg , o hexacampeão Lewis Hamilton fez os melhores tempos nas sessões de sexta-feira, seguido do companheiro de equipe, o finlandês Valtteri Bottas.

Hamilton é a grande atração da temporada pelos feitos históricos que está perto de realizar. Mais um título o iguala ao alemão Michael Schumacher, o maior vencedor da F1 com sete conquistas.

De quebra, ele ainda pode ultrapassar o alemão, que soma 91 vitórias na categoria. O inglês está somente a oito triunfos de superar o recorde de Schumacher. Considerando que a temporada, até o momento, só tem oito corridas confirmadas, ele teria de vencer todos os GPs.

Além de vitórias e títulos, Hamilton pode igualar ou ultrapassar Michael Schumacher em número de pódios: 151 a 155.

? Ver qualquer quebra de recorde é legal. No caso do Hamilton, acredito que é algo muito significativo para a história do automobilismo. Bater qualquer número do Schumacher já é um feito considerável e este, de vitórias, parecia impossível de alcançar. Ele está com tudo para bater. Eu acredito que ainda pode ser neste ano. Além disso, tem a chance de igualar o número títulos mundiais. É algo incrível. Ninguém imaginava que seria possível chegar perto dessas marcas ? disse o comentarista da Rede Globo, o ex-piloto Luciano Burti.