O fim do contrato da Globo com o Campeonato Carioca se soma aos efeitos da pandemia no calendário como ingredientes na discussão sobre o futuro dos estaduais.
A CBF projeta concluir o Brasileirão 2020 em fevereiro de 2021, o que já impactaria no espaço tradicionalmente usado pelos Estaduais. Entre os clubes, há quem defenda uma revisão mais ampla e duradoura, esticando a Série A entre fevereiro e dezembro no calendário regular. Nessa hipótese, os estaduais ocupariam datas intercaladas ao longo do ano ou, simplesmente, acabariam.
? Tudo depende de como os clubes vão reagir. Se insistirem em modelos falidos em detrimento de um nacional mais longo, que respire mais, vai piorar a situação. Estaduais são zumbis. Agora, o movimento é de retirada de financiamento deles ? disse o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani.
O dirigente explicou ainda que o movimento na Bahia é tratar o Estadual como um torneio voltado aos jovens jogadores:
? Bahia e Vitória vão usar o sub-23 ano que vem.
Bellintanti, que diz preferir três pontos a mais no Brasileiro a um título estadual, não representa a unanimidade, embora seja voz representativa na Comissão Nacional de Clubes (CNC).
Os clubes pequenos estão cientes das forças defensoras da reformulação. Mas o Flamengo, ao menos na gestão Rodolfo Landim, é um apoiador público dos estaduais.
A CBF, ao formular o calendário nacional, tenta conjugar interesses das federações e dos clubes. Mas para 2020 o presidente Rogério Caboclo já reduziu duas datas dos Estaduais, puxando de 18 para 16.
Muitas federações não falam publicamente sobre a preocupação quanto aos rumos dos campeonatos que organizam. Elas se valem da confiança de que a CBF reservará sempre um espaço exclusivo para os estaduais – sem concorrência do Brasileirão.
A leitura é que o contrato de transmissão do Campeonato Paulista, que expira ao fim de 2021, sustenta o bloco de datas dos estaduais. O Mineiro também tem situação semelhante. Até por isso clubes desses estados não endossam o coro do presidente do Bahia.
Em nota, a Federação Paulista pontuou que “o Paulistão é o mais tradicional e longevo campeonato do Brasil, com alto grau de competitividade, o que gera crescimento de audiência, de média de público e de receitas para os clubes?. A entidade presidida por Reinaldo Carneiro Bastos acrescentou que os Estaduais “dão calendário para os clubes do país, com oferta de empregos para milhares de atletas e treinadores?.
Fonte: O Globo