BRASÍLIA – Um agente do Ibama que está em atuação no Estado do Amazonas para combater ações contra o desmatamento da floresta teve pedido de socorro negado pelo órgão federal ligado ao Ministério do Meio Ambiente. O Estadão apurou que Saulo L. Gouveia está com covid-19 e teve seu resultado confirmado na noite desta quinta-feira, 25. Há dois dias, o servidor do Ibama sentiu fortes dores de cabeça e febre. Ele faz parte de uma equipe de servidores do órgão que estão no município de Apuí, região historicamente marcada por desmatamento criminoso e queimadas.
A reportagem ouviu pessoas que participam dessa ação. Gouveia entrou em contato com a diretoria de proteção ambiental do Ibama para pedir apoio, por causa dos fortes sintomas que apresentava. Naquele momento, havia um helicóptero, com espaço vago, que seguiria até Porto Velho (RO). Ele pediu para que fosse removido, mas a diretoria de Proteção Ambiental do IBAMA, comandada pelo coronel Olímpio Ferreira Magalhães, negou a transferência do servidor para um local mais seguro e estruturado, conforme áudios repassados à reportagem.
O agente teve de permanecer em Apuí, sem qualquer apoio. Depois, foi orientado a procurar teste junto ao corpo de militares que estão na região para a Operação Verde Brasil 2. Os militares, no entanto, não tinham testes disponíveis. Gouveia, então, seguiu para o hospital público de Apuí, onde conseguiu fazer seu exame, que acabou confirmando positivo.
Por meio de nota, o Ibama informou que, “com o Exército, disponibilizou a realização do teste de covid-19 e ambulância para realizar a transferência do servidor para Porto Velho (RO), ambos recusados pelo fiscal” e que “as medidas cabíveis para remoção e cuidados estão sendo tomadas”.
Não é o que dizem pessoas que estão próximas a Saulo L. Gouveia. Segundo elas, o agente não recebeu nenhum tipo de oferta de ambulância ou teste. O servidor do Ibama está em um hotel em Apuí, com os sintomas da doença mais controlados neste momento.
Na última semana, a Associação Nacional dos Servidores de Meio Ambiente (Ascema Nacional) enviou uma carta ao presidente do Ibama, Eduardo Bim, “denunciando o descaso do órgão em relação à segurança dos servidores diante da pandemia”.
“Hoje, temos a confirmação de que, ao contrário do que recomenda a própria portaria do Ibama, os servidores não realizaram testes de covid-19 antes de ingressarem na operação, não tiveram os equipamentos de proteção individual (EPIs) fornecidos pela instituição e seguem utilizando coletes vencidos. A Ascema Nacional exige providências e garantia de segurança para os servidores.”
Há cerca de 130 militares hoje na região de Apuí, para apoiar operações contra o desmatamento. Segundo pessoas ouvidas pela reportagem, os soldados têm trabalhado sem uso de equipamentos de proteção contra o coronavírus.
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Fonte: Terra Saúde