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Amor nas nuvens



Foto: iStock

Há um livro muito lírico, publicado no Brasil já há uns bons 12 anos, o ‘Guia do Observador de Nuvens’ (de Gavin Pinney). Leitura leve que nos faz sair apaixonados pelos algodões-doces que flutuam nos céus.

Ah, as nuvens, como os amores, estão sempre em trânsito, não podem ser aprisionadas, ultrapassam por cima toda e qualquer limitação, seguem soltas, livres, leves. Acompanhamos isso e queremos lá estar, habitá-las, ou, pelo menos, estarmos em sua companhia.

Foi debruçada na janela de casa, olhando para baixo, a rua (meio sossegada nesses dias de recolhimento); para cima, nesse início de inverno, grandes nuvens brancas. No meio, eu, pensando sobre constante questão: o que é o amor?

Ah, grandes nuvens, soltas no ar, para ondem navegam? Ah, grandes amores, soltos no ar, para onde navegam? Navegar, travessar, chegar ao novo ar, novo mar, novo amar – percorrer grandes distâncias sem esforço, com elegância dançando com os ventos.

Aprendo a lição, quanto maior a liberdade, a elegante leveza, a questão do amor pode ser gelo, água ou nuvem.

Amor gelo, amor triste. Está frio. Nenhum verde, nenhuma vida. Como é complicado esse amor morto, esse amor assombração, no qual as moléculas pararam, apertadas, roubando toda energia ao redor, não podem se mover. Tudo está travado, denso, duro. Tudo parece desperdício, tempo perdido, vida perdida. Amor que sufoca, consome todo o ar. Um grande deserto de gelo de sentimentos egoístas, gelados.

Amor água, amor com alguma fluência, algum fluxo. Amor como um rio, bom lugar para mergulhar (ainda que a água possa estar um bocadinho fria). É amor que não segue objetivamente, uma linha reta, receita e regra.

Amor nuvem, amor solto, pleno de energia. Amor que se movimenta sem limites, aquecido, voador. É aquele amor que recompensa quando voamos juntos, amador e ser amado em plena sintonia, uma sintonia de minúsculas gotículas de água, dançando em voltas e piruetas, pairando acima do mundo.

Eis o caminho: nesses momentos difíceis, de crescimento, vamos revalorizar esse amor nuvem, pleno, suave, desafinando a Lei da Gravidade e a miséria de tudo o que afunda. É aposta na paixão, na surpresa, no inesperado, na felicidade, na plenitude, na própria vida. Por que mereceríamos menos? Por que rastejar, ou mesmo nadar, se podemos voar?

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Fonte: Marina Gold

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Fonte: Terra Saúde


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