Sem receber um jogo oficial desde final de janeiro, o Estádio Luso-Brasileiro, na Ilha do Governador, ainda guardava resquícios de um tempo pré-pandemia na partida entre Portuguesa e Boavista, pela Taça Rio, na tarde desta sexta-feira, que terminou 0 a 0. Reservadas apenas para imprensa e funcionários ligados à partida, as arquibancadas registravam um passado de festas e aglomerações, com seus restos de confete, papéis e serpentinas acumulados aos pés das cadeiras. Ao contrário dos bancos de reservas, higienizados, os demais locais não ganharam o mesmo cuidado. E o protocolo “Jogo Seguro”, da Ferj, foi colocado em suspeição em apenas dois confrontos da retomada do Carioca após a paralisação por causa da pandemia do novo coronavírus.

Assim como os técnicos Jorge Jesus , do Flamengo, e Eduardo Allax, do Bangu, os treinadores de Portuguesa, Rogerio Correa, e Boavista, Paulo Bonamigo, passaram todo o jogo sem máscaras. Pelo protocolo da Ferj, apenas jogadores em campo e arbitragem têm a prerrogativa de não usar o item obrigatório. Os gandulas tiveram até proteção extra, com face shields além da máscara, para não correrem risco na proximidade com os atletas e na limpeza das bolas.

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O não confinamento de algumas delegações também fez o Ministério Público do Rio de Janeiro agir. O MP RJ enviou ofício pedindo esclarecimentos à Ferj quanto à notícia de descumprimento do “Protocolo Jogo Seguro” na partida de quinta-feira entre Flamengo e Bangu, no Maracanã. Segundo o órgão,  o rubro-negro não teria cumprido integralmente as diretrizes do protocolo por não ter realizado a concentração dos atletas 48 horas antes do jogo. Algo repetido pelo Boavista cuja delegação se reuniu apenas nesta sexta-feira para a partida.

A Ferj lançou nova versão do “Jogo Seguro” às vésperas da retomada do Carioca e esclareceu que não houve o descumprimento.

Os clubes que não fizeram confinamento alegam que estão sendo feitos testes rápidos seguros, do tipo PCR, que detectam a presença do novo coronavírus em 45 minutos. Flamengo e Boavista, por exemplo, realizaram a testagem nas suas delegações no dia das respectivas partidas.

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Sem as máscaras, os dois técnicos puderam  ser ouvidos pelos jogadores e todos os presentes pelos berros na beira do campo. Um dos poucos elementos que tiravam a aparência de jogo-treino num estádio quase todo vazio, sem telão, e que, em alguns momentos,  as gaivotas eram o som predominante. As mudanças e cartões eram anunciadas apenas no sistema de alto-falante do estádio. Nem os gritos e incentivos, porém, tiraram o zero do placar.

Afinal, havia algo em jogo. Portuguesa e Boavista disputam uma vaga na semifinal da Taça Rio. Isso explicava as faltas duras,  as reclamações com a arbitragem e o desepero nas chances perdidas. Com o Flamengo já classificado no Grupo A, a vitória de qualquer um dos times praticamente decidia o segundo lugar da chave.

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Com o empate, no entanto, a vaga ainda está em aberto. E a classificação pode depender da presença ou não do Botafogo no campeonato. Caso o alvinegro não vá a campo nesta rodada e na próxima, a Portuguesa ficará com os três pontos na vitória por W.O. no último jogo.

Já o Boavista enfrenta o Flamengo na próxima quarta-feira, no Maracanã, precisando apenas de um empate.