A medida que o retorno do Estadual se aproxima, fica mais claro que os participantes do torneio estão divididos em dois grupos. De um lado, Botafogo e Fluminense. Do outro, todo os demais (incluindo a Federação de futebol). Com as datas marcadas, Flamengo e Bangu farão o primeiro jogo deste período pós-pandemia. Mas alvinegros e tricolores seguem determinados a não entrar em campo e prometem judicializar o torneio. Um racha que deixa o público confuso e leva a uma dúvida. Afinal, o que deseja a dupla Bota-Flu?
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A confusão com as muitas trocas de farpas ocorridas nas reuniões para debater a volta do Estadual fez com que muitos torcedores interpretassem que tanto Botafogo quanto Fluminense são contrários ao recomeço do torneio. O pleito dos dois, na verdade, é para que seus jogos sejam disputados apenas no começo de julho. O motivo: os elencos sequer voltaram a treinar. Ou seja: querem fazer uma espécie de pré-temporada enquanto os demais clubes se confrontam ao longo dos próximos dias.
– A gente não quer paralisar o campeonato. Estamos pedindo o adiamento dos nossos jogos para o dia 1º e para o dia 4 (de julho). Mas não sei o que o Tribunal (de Justiça Desportiva do Rio) pode decidir. Em princípio, nosso jurídico está trabalhando nisso – explicou o presidente do Botafogo Nelson Mufarrej, o único mandatário dos quatro grandes presentes na reunião com o prefeito Marcelo Crivella.
Pela tabela divulgada nesta quarta, tanto Botafogo quanto Fluminense jogam na próxima segunda-feira. O alvinegro enfrenta a Cabofriense, às 17h, no Nilton Santos. Já o Fluminense, recebe o Volta Redonda, às 20h, no Maracanã. Só que nenhum dos dois voltou a treinar. O primeiro programou a primeira atividade para sábado. O segundo, embora ainda não tenha oficializado, deve retornar um dia antes.
– O Botafogo agora que está começando seu treinamento. Todo mundo que acompanha o esporte sabe que é impraticável Fluminense e Botafogo jogarem na segunda-feira. vamos ter três, quatro dais de treino. Isso não existe. Não tem condições de jogarmos. Saio daqui com a esperança de que precisamos de, no mínino, 15 dias para podermos voltar a jogar – disse Mufarrej:
– Lógico que pode haver uma flexibilização. Mas não uma flexibilização extremista. Então nós estamos nos propondo a jogar no dia 1º e no dia 4. Isso em comum acordo com o Fluminense. Na reunião de ontem (entre os clubes participantes do Estadual com a Ferj) também foi proposto pelo presidente do Vasco (Alexandre Campello) uma conciliação entre jogarmos dia 28 e dia 1º. Mas infelizmente isso não foi levado adiante.
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O pensamento do Fluminense vai na mesma linha. O clube entende que os jogadores precisam de, no mínimo, dez dias de treinamento antes de voltar a jogar. Como os testes de detecção de Covid-19 só foram realizados nesta terça, a comissão técnica aguarda os resultados para definir o retorno dos treinos no CT. Por isso, o presidente Mário Bittencourt chegou a aceitar, durante a reunião da Ferj, que o primeiro jogo do time tricolor fosse no dia 29.
Ações por adiamento e contra o W.O.
O pleito de tricolores e alvinegros não foi atendido até o momento. E os dois se mostram dispostos a não entrar em campo. Para isso, estudam duas medidas. A primeira é a de ingressar no TJD-RJ com um pedido de liminar para que seus jogos sejam adiados para o começo de julho. Este pedido será feito até a tarde da próxima sexta-feira. Serão duas ações distintas: uma para cada clube.
No entanto, há grande pessimismo quanto à concessão desta liminar. Isso porque os clubes veem um alinhamento muito forte entre o tribunal e a Ferj, que nas últimas reuniões não se mostrou disposta a ceder. Com isso, os advogados discutem a possibilidade de, após esta negativa, procurar a Justiça Comum. Neste caso, caberia ao Juizado Especial do Torcedor e dos Grandes Eventos tomar uma decisão.
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Dois pedidos podem ser feitos à Justiça comum: uma liminar que conceda a Fluminense e Botafogo o direito de não jogar ou a suspensão de qualquer punição posteriori (derrotas por W.O.) a eles por não entrarem em campo. Um imbróglio que, se num primeiro momento não impediria os demais clubes de jogar, certamente paralisaria o campeonato logo em seguida pela falta de respaldo jurídico para definir quem seriam os classificados às semifinais da Taça Rio. Vale lembrar que restam apenas duas rodadas para o fim da fase de classificação.
Nesta quarta, Crivella pediu ao representante da Ferj na reunião (o diretor de marketing Leo Ferraz) que levasse ao presidente Rubens Lopes o pedido para que a federação atenda aos apelos de Botafogo e Fluminense. Não há nenhuma definição até o momento, no entanto, se haverá nova deliberação sobre o tema.
– Se tivéssemos o calendário espremido… Mas não temos. O campeonato vai terminar no dia 30, 1º ou 2 e, depois, vai ficar todo mundo olhando para o céu. Rezando? Tem que rezar mesmo. Mas temos que ter espaço (para treinar). Vamos fazer a prática do futebol dessa maneira. Então faço um apelo aos clubes: Vamos rever isso e chegar a este consenso – finalizou Mufarrej.
Fonte: O Globo