Do amistoso de inauguração do estádio, entre cariocas e paulistas, em junho de 1950, à vitória do Fluminense contra o Vasco, no último 15 de março, já com portões fechados devido à pandemia do novo coronavírus, quais foram os 70 maiores jogos da história do Maracanã? Para comemorar o aniversário de 70 anos do palco de tantas emoções da história do futebol, O GLOBO se propôs tentar responder essa pergunta.
Maracanã 70 anos:Por trás da nostalgia e dos números, uma bomba-relógio
Um júri com 70 nomes especializados foi formado. Uma pré-lista com 100 jogos foi distribuída, e cada partida foi avaliada por cada jurado, que deu notas de 1 a 5, de acordo com a importância do jogo na história do estádio. Da apuração, nasceu o ranking dos 70 maiores jogos dos 70 anos do estádio, que começou a ser divulgada na quinta-feira e terminará no dia 16, terça-feira, aniversário da inauguração. Confira abaixo a quinta parte da lista, do 11º ao 20º lugares. E veja aqui a primeira (do 51º ao 70º), a segunda (do 41º ao 50º), a terceira (do 31º ao 40º) e a quarta (do 21º ao 30º) partes.
Maracanã 70 anos:Um estádio com sotaque paulista
20º ? Flamengo 1×0 Vasco
Campeonato Carioca, 3 de dezembro de 1978
Este é um daqueles jogos libertadores. Uma cobrança de escanteio de Zico encontrou Rondinelli, e a testada do Deus da Raça deu o título carioca para o rubro-negro sobre o Vasco. Mais do que isso, permitiu que o Galinho e os outros craques que o Flamengo fez em casa superassem a desconfiança que já pairava sobre eles e iniciassem uma das trajetórias mais vitoriosas do futebol brasileiro. Esse gol foi tão definidor que virou tatuagem em muita gente. O Flamengo campeão do mundo começou aqui.
19º ? Corinthians 0 (4)x(3) 0 Vasco
Mundial de Clubes, 14 de janeiro de 2000
Em 2000, a Fifa organizou seu primeiro Mundial de Clubes, com critérios de classificação parecidos com os que conhecemos hoje e que contemplava todos os continentes, diferenciando-se do Intercontinental, que envolvia apenas sul-americanos e europeus. Os representantes brasileiros foram o Vasco, campeão da Libertadores em 1998, e o Corinthians, campeão brasileiro no mesmo ano. Tanto cariocas quanto paulistas superaram europeus na fase de grupos: Manchester United e Real Madrid, respectivamente. E se encontraram na decisão, no Maracanã. Melhor para o Timão, campeão do mundo nos pênaltis, depois de Gilberto e Edmundo desperdiçarem as suas cobranças.
18º ? Botafogo 3×0 Flamengo
Campeonato Carioca, 15 de dezembro de 1962
O adjetivo glorioso tem muito a ver com o que foi o Botafogo nos anos 1960 e se mostrou especialmente adequado no dia 15 de dezembro. A vitória por 3 a 0 sobre o maior rival, o Flamengo, representou mais do que o bicampeonato carioca: foi a marca do momento de maior brilho da carreira de Garrincha, louvado por muitos como o maior ídolo alvinegro. O ataque que formava com Quarentinha, Amarildo e Zagallo é autor de algumas das exibições mais marcantes do Maracanã.
17º ? Vasco 1×3 Flamengo
Campeonato Carioca, 27 de maio de 2001
Gols de falta reúnem um conjunto de elementos excitantes: a mistura entre tensão e esperança antes da batida; a beleza da curva da bola; a plasticidade do salto do goleiro e a explosão sincronizada no estufar da rede. Todos esses elementos se encontraram no minuto 43 do segundo tempo num Flamengo e Vasco de 27 de maio de 2001, quando Petkovic garantiu o tricampeonato estadual consecutivo do rubro-negro e desabou no gramado. Embora outros tantos ? e especialmente Zico ? tenham marcado gols de falta ímpares no Maracanã, talvez seja o sérvio o dono do mais emblemático.
Marcanã 70 anos:Relatos de torcedores que viram o Flamengo campeão de perto
16º ? Brasil 1×0 Uruguai
Copa América, 16 de julho de 1989
O jejum de títulos da Copa América já chegava a 40 anos, e os dolorosos reveses em mundiais da década de 80 aumentavam a pressão sobre a seleção brasileira que tentaria o título continental em casa. Depois de uma primeira fase de atuações irregulares, com direito a vaias da torcida e arremesso de um ovo na cabeça do reserva Renato Gaúcho, o Brasil chegou ao Rio para disputar o quadrangular final no Maracanã. Coincidentemente, a última partida daquele fase seria contra o Uruguai, único adversário ainda com chances de título e o temido algoz do Maracanazzo, naquele mesmo gramado, em 1950. Mas a conquista, desta vez, seria de verde e amarelo. Após cruzamento de Mazinho, Romário se meteu entre os zagueiros uruguaios para testar e fazer o 1 a 0 que definiu o placar.
15º ? Botafogo 2×2 Flamengo
Campeonato Brasileiro, 19 de julho de 1992
O encontro entre dois cariocas, Flamengo e Botafogo, na final do Brasileiro de 1992 oferecia a atmosfera para um dos mais especiais da história do Maracanã. Em vez disso, o dia 19 de julho daquele ano ficou marcado pela maior tragédia da história do estádio. Vinte minutos antes do início da partida, parte da grade da arquibancada rompeu, levando rubro-negros despencarem de oito metros sobre as cadeiras. Foram três mortos e 82 feridos, além do caos que não impediu que a partida acontecesse. Como o Flamengo regido pelo Maestro Júnior havia vencido a ida por 3 a 0, o a taça foi para a Gávea após esse empate em 2 a 2. O estádio, por sua vez, ficou fechado por sete meses para reformas que pretendiam aumentar a segurança.
14º ? Santos 3×2 Benfica-POR
Copa Intercontinental, 19 de setembro de 1962
O ano de 1962 foi irretocável para o Santos, campeão de todos os torneios relevantes que disputou. Quis o destino que o ponto mais alto daquela temporada em território nacional acontecesse no litoral carioca, e não no paulista. Foi diante de quase 100 mil pessoas no Maracanã que o Peixe derrotou o Benfica de Eusébio na partida de ida do Internacional. Embora a atuação não tenha sido das mais exuberantes daquele grupo, dois gols do Rei e um de Coutinho garantiram a vitória por 3 a 2. O título seria confirmado de maneira irretocável no Estádio da Luz, em Lisboa, com um 5 a 2.
Maracanã 70 anos:Um estádio com sotaque paulista
13º ? Flamengo 0x0 Fluminense
Campeonato Carioca, 15 de dezembro de 1963
As constantes reformas destronaram o Maracanã do posto de maior estádio do mundo. Mas, numa época em que o gigante frequentemente registrava públicos de seis dígitos, um clássico entrou para a história como o jogo de maior público entre clubes da história do futebol. Foi no Fla-Flu que decidiu o Campeonato Carioca de 1963, em 15 de dezembro daquele ano, com taça rubro-negra após empate sem gol. Os números oficiais são estes: 177.020 pagantes, 194.603 presentes. Mas todos os que se debruçam sobre os relatos e fotos daquela decisão concordam que havia ali muito mais gente do que isso: foi comum ver duas pessoas ocupando mesmo assento, além de um sem-fim de outras que ficaram em pé, sem espaço para se mexer.
12º ? Fluminense 1 (1)x(4) 1 Corinthians
Campeonato Brasileiro, 5 de dezembro de 1976
O fator mando de campo foi totalmente ignorado na semifinal do Brasileiro de 1976, disputada em jogo único no Rio de Janeiro. Apesar de decidir em casa por ter feito melhor campanha na fase anterior, o Fluminense viu o Maracanã ineditamente dividido com torcedores de um clube de fora do estado: era a Invasão Corintiana. Relatos da época estimam que cerca de 70 mil apoiadores do time paulista ocuparam as arquibancadas do estádio, embora entre eles houvesse considerável quantidade de alvinegros, rubro-negros e vascaínos. Esse equilíbrio só foi possível porque o presidente tricolor, Fernando Horta, acatou um pedido do mandatário do Timão, Vicente Matheus, e disponibilizou 80 mil entradas. Horta ainda foi a programas de rádio e TV “desafiar” a Fiel. No fim, o Corinthians avançou à decisão nos pênaltis, mas perdeu o título para o Internacional.
11º ? Flamengo 3×2 Atlético-MG
Campeonato Brasileiro, 1 de junho de 1980
Durante os anos 80, Flamengo e Atlético-MG gestaram uma das maiores rivalidades interestaduais do futebol brasileiro, recheada de confrontos polêmicos. O primeiro deles aconteceu na decisão do nacional de 1980, no Maracanã. Os mineiros tinham a vantagem do empate pela vitória por 1 a 0 em Belo Horizonte, mas viram os rubro-negros construírem um triunfo por 3 a 2 que lhes garantiu a taça. A primeira conquista nacional ? e um dos muitos títulos de peso do Flamengo naquela década ? jamais foi engolido pelos atleticanos, que lamentaram três expulsões naquele jogo, sendo a de Reinaldo a mais questionada, após o artilheiro ter recebido cartão vermelho por reclamação.
Calendário
Confira as datas das etapas do ranking:
- Do 70º ao 51º: revelado nesta quinta (11/06)
- Do 50º ao 41º: revelado nesta sexta-feira (12/06)
- Do 40º ao 31º: revelado neste sábado (13/06)
- Do 30º ao 21º: revelado neste domingo (14/06)
- Do 20º ao 11º: revelado nesta segunda-feira (15/06)
- Do 10º ao 1º: revelado nesta terça-feira (16/06)
Os 70 votantes
O GLOBO/EXTRA: Bernardo Coimbra, Bernardo Mello, Bruno Marinho, Carlos Eduardo Mansur, Diogo Dantas, Gilmar Ferreira, Giulia Costa, Igor Siqueira, João Pedro Fonseca, Marcello Neves, Miguel Caballero, Rafael Oliveira, Renan Damasceno, Renato Alexandrino, Tatiana Furtado e Thales Machado. TV GLOBO/ SPORTV: Alexandre Alliatti, Alex Escobar, Ana Thais Matos, André Rizek, Arnaldo Ribeiro, Aydando André, Débora Gares, Eric Faria, Gabriela Moreira, Gustavo Poli, Gustavo Vilani, Lédio Carmona, Lucas Prata (Caju), Marcelo Courrege, Marcelo Barreto, Martin Fernandez, PC Vasconcellos, Paulo Vinícius Coelho, Raphael Rezende, Rodrigo Rodrigues, Sérgio Arenillas, Thiago Teixeira, Tim Vickery e Tino Marcos. RÁDIO GLOBO: Camila Carelli, Carlsos Eduardo Éboli e Eraldo Leite. ESPN BRASIL: André Kfouri, André Plihal, Cicero Mello, Leonardo Bertozzi, Mauro Cezar Pereira, Paulo Calçade, Pedro Torre e Ubiratan Leal. UOL: Eduardo Tironi, Mauricio Stycer, Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos. DAZN: Eduardo Monsanto, Fábio Seixas e Rafael Oliveira. FOX: Flávio Gomes. TV BRASIL: Sérgio Du Bocage. FOLHA DE S. PAULO: Alvaro Costa e Silva e Juca Kfouri. RÁDIO TUPI: Washington Rodrigues (Apolinho). CENTRAL3: Leandro Iamin. OUTROS: Emiliano Tolivia, José Trajano, Luiz Antônio Simas, Luiz Augusto Nunes, Marluci Martins, Márvio dos Anjos e Tadeu de Aguiar.
Fonte: O Globo