Do amistoso de inauguração do estádio, entre cariocas e paulistas, em junho de 1950, até a vitória do Flamengo contra a Portuguesa, no último 14 de março, já com portões fechados devido à pandemia do novo coronavírus, quais foram os 70 maiores jogos da história do Maracanã? Para comemorar o aniversário de 70 anos do palco de tantas emoções da história do futebol, O GLOBO se propôs tentar responder essa pergunta.
Um júri com 70 nomes especializados foi formado. Uma pré-lista com 100 jogos foi distribuída, e cada partida foi avaliada por cada jurado, que deu notas de 1 a 5, de acordo com a importância do jogo na história do estádio. Da apuração, nasceu o ranking dos 70 maiores jogos dos 70 anos do estádio, que começa a ser divulgada nesta quinta-feira, do 51º ao 70º lugares, e terminará no dia 16, terça-feira, aniversário da inauguração.
70º ? Vasco 2 x 0 Fluminense
Campeonato Carioca, 15 de maio de 1994
Ser tricampeão carioca é uma missão pra lá de complicada: o Flamengo conseguira na década de 1970 e o Fluminense na seguinte. Campeão em 1992 e 1993 o Vasco era o melhor time daquele Estadual, mas perdia força no quadrangular final. No último jogo, o desafio era não perder para um Tricolor embalado por uma vitória no favorito Flamengo e um 7 a 1 contra o Botafogo. Quando todos esperavam por Valdir Bigode, foi o jovem Jardel que fez os dois gols do título vascaíno.
69º ? Brasil 4 x 1 Paraguai
Eliminatórias da Copa, 21 de março de 1954
Talvez por ser o jogo que selou a vaga do Brasil em uma Copa em que ele foi coadjuvante, a de 1954 – justo entre o Maracanazo e o título na Suécia em 1958 ? o confronto entre Brasil e Paraguai em 1954 é esquecido no catálogo dos maiores jogos da história do Maracanã. Ele representou a esperança renovada na seleção em mais uma Copa, mas para além da goleada e da vaga, o destaque foi o público. É, até hoje, o segundo maior público presente registrado no estádio 195.513 pessoas, mais que no lendário Fla-Flu de 1963 e no Brasil x Paraguai de 1969, que tiveram, porém, um público pagante maior. Quatro anos depois da final de 1950, o Maracanã voltou a receber quase 200 mil pessoas em números oficiais. Desta vez, o final foi feliz.
68º ? Argentina 2×1 Bósnia e Herzegovina
Copa do Mundo, 15 de junho de 2014
Não é um dos maiores jogos da história das Copas, mas representou a volta da Copa do Mundo ao Maracanã depois de exatos 63 anos e 11 meses. Curiosamente, o 2 a 1 do Uruguai no Brasil em 1950 se repetiu, mas para outra seleção sul-americana, a Argentina, que venceu a Bósnia na estreia da campanha do vice-campeonato mundial, que também terminou do Maracanã. Ao invés de Gihggia, o gol decisivo foi de Lionel Messi, um dos maiores de todos os tempos, fazendo seu primeiro jogo no Maracanã ? até hoje foram apenas três partidas no estádio: duas em 2014 e uma pela Copa América em 2019.
67º ? Flamengo 2×0 Atlético-PR
Copa do Brasil, 27 de novembro de 2013
A terceira e última Copa do Brasil conquistada pelo Flamengo foi marcante por ser o primeiro título de um clube no Maracanã reformado e reaberto para a Copa do Mundo. Ainda conhecendo novamente cada cantinho do praticamente novo estádio, o rubro-negro foi se adequando à nova casa naquela campanha: no gol de Elias contra o Cruzeiro, na goleada contra o Botafogo e, por fim, na vitória contra o Atlético-PR. O Maracanã era novo, mas a mania do Flamengo em ser campeão naquele palco seguia a mesma.
66º ? America 2×1 Fluminense
Campeonato Carioca, 18 de dezembro de 1960
Depois de ter perdido a chance de ter sido o primeiro campeão da história do Maracanã para o Vasco, o America foi o campeão dos dez anos do estádio. Poucos imaginavam que os gols de Nilo e Jorge dariam o último Estadual de sua história ao América, o e o time, que levantou a taça diante de 98 mil pessoas, só voltaria a gritar “é campeão” no Maracanã no desvalorizado Torneio dos Campeões de 1982, com apenas 11 mil na arquibancada.
65º ? Flamengo 4×1 Fluminense
Campeonato Carioca, 16 de fevereiro de 1986
O choro de Zico, por minutos, após o apito final da partida já dão o tom do quanto o jogo foi marcante. Depois de dois anos na Itália, Zico voltou ao Flamengo em 1985 mas logo se contundiu, após entrada criminosa do zagueiro Márcio Nunes, do Bangu. Ficou seis meses sem jogar, só voltando em 1986. A primeira partida oficial daquele ano era um Fla-Flu, e pressionado, Zico entrou e ouviu gritos de “bichado” da torcida adversária. Ao fim do jogo, a goleada, com três dele e um de Bebeto foi a resposta necessária. Uma tuação magistral digna de Zico no Maracanã.
64º ? Brasil 2×0 Argentina
Copa América, 12 de julho de 1989
Vaiada na primeira fase pelo pobre futebol, a seleção brasileira estreava no quadrangular final da Copa América, em casa, com desconfiança. Para piorar, pela frente a Argentina, grande rival, atual campeã do mundo e com Maradona querendo desfilar seu talento no Maracanã. Mas o que as mais de 101 mil pessoas viram naquela noite foi o surgimento da dupla Bebeto e Romário, que cinco anos depois daria o tetra mundial ao Brasil. Com um gol de cada, o Brasil seguiu com confiança rumo ao título.
63º ? Flamengo 12 x 2 São Cristóvão
Campeonato Carioca, 27 de outubro de 1956
Muitos vão lembrar do 10 a 0 que a Espanha aplicou no Taiti durante a Copa das Confederações de 2013, mas, pela mesma diferença de gols, e com dois tentos marcados a mais, o título de maior goleada da história do Maracanã segue com o Flamengo. Com destaque para Evaristo de Macedo e Índio (quatro gols cada), o Flamengo não ficou com o título naquele ano, mas marcou seu nome na história do estádio.
62º ? Vasco 1×1 Flamengo
Campeonato Carioca, 17 de janeiro de 1959
Até este jogo, o Maracanã já tinha tido muitos campeões. Mas o Vasco, após empatar com o Flamengo para mais de 130 mil pessoas, se tornou o primeiro super-super campeão do estádio. Até hoje considerado um dos Cariocas mais difíceis, o campeonato de 1958 precisou de dois triangulares finais para decidir o campeão, já que o primeiro terminou em um tríplice empate entre Botafogo, Flamengo e Vasco.
61º ? Fluminense 1×1 Atlético-MG
Campeonato Brasileiro, 20 de dezembro de 1970
O primeiro título nacional do Fluminense entra na galeria dos maiores jogos do Maracanã, justamente por sua importância. Depois de três edições, o Torneio Roberto Gomes Pedrosa, que reunia os melhores times do país, só tinha campeões paulistas, e o Rio perdia em protagonismo até para mineiros e paulistas. Coube ao Tricolor fazer uma bela campanha e, no empate diante do Atlético-MG no último jogo do quadrangular final, levar a taça para casa.
60º ? Fluminense 1×0 Vasco
Campeonato Brasileiro, 24 de maio de 1984
Na sequência, curiosamente, vem o segundo título brasileiro do Fluminense. Foi a primeira vez que o Maracanã viu um clássico carioca decidir um título nacional, e primeira vez mesmo, porque o jogo escolhido foi o primeiro da decisão. Ainda que a partida final tenha tido o dobro de público (128.781 contra 63.156), o 0 a 0 não deixou lembranças como o gol de Romerito na partida de três dias antes.
59º ? Flamengo 3×0 Botafogo
Campeonato Brasileiro, 12 de julho de 1992
O ranking foi estabelecido segundo a nota dos 70 votantes, e curiosamente a outra final de Brasileiro decidida em clássico vem na sequência. E também a primeira partida, a da atuação magistral de Júnior, que fez o Flamengo abrir 3 a 0 contra o favorito Botafogo na decisão do Brasileirão de 1992 e praticamente garantir o título. Só não garantiu a lembrança mais marcante, que viria só no jogo seguinte.
58º ? Vasco 4×1 Flamengo
Campeonato Brasileiro, 3 de dezembro de 1997
Melhor time da primeira fase, o Vasco disputava uma vaga na decisão do Brasileiro como favorito. A história desse clássico não é de uma reviravolta, e sim da confirmação de uma expectativa que foi além: impiedoso e eficiente o cruz-maltino goleou o grande rival Flamengo por 4 a 1, se classificando para a final contra o Palmeiras. A cereja do bolo foi a atuação épica de Edmundo, melhor jogador do país naquele ano, que marcou três gols.
57º ? Botafogo 6 x 2 Fluminense
Campeonato Carioca, 22 de dezembro de 1957
Na última rodada do Estadual de 1957, o Fluminense do craque Telê Santana tinha a vantagem do empate para ficar com o título contra o Botafogo, mas de nada adiantou: uma goleada por 6 a 2 diante de mais de 100 mil pessoas deu o título ao Botafogo. E não foi qualquer troféu: o primeiro da dupla Nilton Santos e Garrincha pelo clube, apesar do destaque ter sido Paulinho Valentim, autor de 5 gols, até hoje o recorde em partidas decisivas no Maracanã.
56º ? Flamengo 1×0 Vasco
Copa do Brasil, 26 de julho de 2006
Vasco x Fluminense e Botafogo x Flamengo já haviam feito clássicos no Maracanã para decidir grandes títulos nacionais, mas faltava o enfrentamento entre as duas maiores torcidas do Rio por uma taça. E ela chegou na Copa do Brasil de 2006, com o estádio só com os anéis superiores, em obras para o Pan-Americano. Um esvaziado clássico dos milhões, com times medianos, foi salvo na rivalidade e em personagens carismáticos como o rubro-negro Obina, autor de um dos gols no primeiro jogo da decisão, e o vascaíno Valdiram, artillheiro da competição cortado da decisão por indisciplina. O gol de Juan deu o primeiro título nacional em 14 anos ao Flamengo.
55º ? Vasco 3×1 Manchester United
Mundial de Clubes, 8 de janeiro de 2000
Ainda que sob suspeitas de que eles não estavam se importando muito com o primeio Mundial de Clubes organizado pela Fifa, a grande atração do torneio era a presença do Real Madrid e do campeão mundial Manchester United no país. No grupo B, disputado todo no Maracanã, o desafio do Vasco era superar os ingleses, adversários da segunda rodada. E os cruz-maltinos fizeram com um show para as 73 mil pessoas que lotram o estádio: três gols só no primeiro tempo, com show de Romário e Edmundo.
54º ? Brasil 2×0 Inglaterra
Amistoso, 13 de maio de 1959
Já campeão mundial e com Pelé e Garrincha como grandes astros, o Brasil foi recebido por um Maracanã com 117 mil pessoas ao som de vaias. O motivo? Julinho Botelho havia sido escalado com a camisa 7 no lugar do esperado Mané. Mas as maiores vaias que o Maracanã já viu se transformaram em aplausos. O ponta do Palmeiras fez por merecer, jogando muito bem e marcando os dois gols do Brasil.
53º ? Flamengo 0x3 América-MEX
Libertadores, 8 de maio de 2008
Depois do Maracanazo de 1950, o Maracanã viveu tardes e noites parecidas, mas não iguais. Quebra de expectativa, um favorito claro e o silêncio imposto pelo visitante ao fim do jogo. Roteiro também da surpreendente oitava de final da Libertadores de 2008. Depois de vencer por 4 a 2 na Cidade do México, o Flamengo poderia até perder por 2 a 0 que se classificava. Veio um dramático 3 a 0, com três gols de Cabañas, em dia de festa pela despedida de Joel Santana, de saída para treinar a seleção da África do Sul.
52º ? Botafogo 2×1 Flamengo
Campeonato Carioca, 18 de abril de 2010
Talvez a última das grandes decisões do Carioca, ainda que o jogo fosse apenas uma final de Taça Rio. Depois de amargar três vices consecutivos para o Flamengo, o Botafogo tinha no uruguaio Loco Abreu a esperança para acabar com a escrita. Depois de vencer a Taça Guanabara, o time só precisava de uma vitória contra o rubro-negro para levar os dois turnos e a taça. Com 1 a 1 no placar, a vitória veio com uma lendária cavadinha na cobrança de pênalti, e confirmada com a defesa de pênalti de Jefferson contra Adriano minutos depois.
51º ? Botafogo 2×1 Santos
Campeonato Brasileiro, 13 de dezembro de 1995
Não era só um primeiro jogo da decisão do Brasileiro. Era o reencontro, no Maracanã, das equipes dominantes da década de 1960 que ficaram sem vencer títulos pelas décadas seguintes. Era uma final retrô, e muito atual, com os dois melhores times do país naquele ano. E foi o jogo que decidiu, com gols do capitão Wilson Gottardo e do astro Túlio Maravilha, o título do Botafogo naquele Brasileirão, confirmado com o empate em 1 a 1 no Pacaembu quatro dias depois.
Calendário
Confira as datas das próximas etapas do ranking:
- Do 50º ao 41º: revelado nesta sexta-feira (12/06)
- Do 40º ao 31º: revelado neste sábado (13/06)
- Do 30º ao 21º: revelado neste domingo (14/06)
- Do 20º ao 11º: revelado nesta segunda-feira (15/06)
- Do 10º ao 1º: revelado nesta terça-feira (16/06)
Os 70 votantes
O GLOBO/EXTRA: Bernardo Coimbra, Bernardo Mello, Bruno Marinho, Carlos Eduardo Mansur, Diogo Dantas, Gilmar Ferreira, Giulia Costa, Igor Siqueira, João Pedro Fonseca, Marcello Neves, Miguel Caballero, Rafael Oliveira, Renan Damasceno, Renato Alexandrino, Tatiana Furtado e Thales Machado. TV GLOBO/ SPORTV: Alexandre Alliatti, Alex Escobar, Ana Thais Matos, André Rizek, Arnaldo Ribeiro, Aydando André, Débora Gares, Eric Faria, Gabriela Moreira, Gustavo Poli, Gustavo Vilani, Lédio Carmona, Lucas Prata (Caju), Marcelo Courrege, Marcelo Barreto, Martin Fernandez, PC Vasconcellos, Paulo Vinícius Coelho, Raphael Rezende, Rodrigo Rodrigues, Sérgio Arenillas, Thiago Teixeira, Tim Vickery e Tino Marcos. RÁDIO GLOBO: Camila Carelli, Carlsos Eduardo Éboli e Eraldo Leite. ESPN BRASIL: André Kfouri, André Plihal, Cicero Mello, Leonardo Bertozzi, Mauro Cezar Pereira, Paulo Calçade, Pedro Torre e Ubiratan Leal. UOL: Eduardo Tironi, Mauricio Stycer, Pedro Ivo Almeida e Rodrigo Mattos. DAZN: Eduardo Monsanto, Fábio Seixas e Rafael Oliveira. FOX: Flávio Gomes. TV BRASIL: Sérgio Du Bocage. FOLHA DE S. PAULO: Alvaro Costa e Silva e Juca Kfouri. RÁDIO TUPI: Washington Rodrigues (Apolinho). CENTRAL3: Leandro Iamin. OUTROS: Emiliano Tolivia, José Trajano, Luiz Antônio Simas, Luiz Augusto Nunes, Marluci Martins, Márvio dos Anjos e Tadeu de Aguiar.
Fonte: O Globo