Ao apertar o botão “sair do grupo” de Whatsapp que reúne os dirigentes do futebol carioca, o presidente do Fluminense, Mário Bittencourt, elevou o valor da aposta no posicionamento contrário ao retorno do estadual. Mais do que nunca, ele se vê sozinho entre os 16 clubes da Série A do Rio, remando contra a corrente que articula a volta do futebol em meio à pandemia.

O Fluminense já não participou da reunião entre os médicos dos clubes, que tratou da formulação da segunda fase do protocolo Jogo Seguro, junto à Ferj. Foi o único ausente. O adeus ao grupo, como informou inicialmente a Rádio Globo, também teve adesão de Marcelo Penha, coordenador administrativo e responsável de longa data pela interface com as entidades do futebol.

Até o Botafogo, que antes caminhava no mesmo compasso do tricolor, já se desgarrou e participa do diálogo. O entendimento é de flexibilização diante do desenrolar das medidas tomadas pelas autoridades do Rio. Tanto que o estádio Nilton Santos, ao lado de São Januário e Maracanã, está nos planos para ser usado no “intensivão” de jogos para conclusão do Carioca.

Mário Bittencourt tem sido incisivo nos seus posicionamentos. Entre os clubes do Rio, há quem veja intransigência. Mas a visão tricolor – conforme publicado em nota oficial anunciando a prorrogação até dia 15 da paralisação das atividades no clube – é “seguir firme na posição de garantir a funcionários e associados uma proposta de ação que não os coloque em risco”. Isso envolve os jogadores e a volta aos treinos neste momento.

Assim como o Botafogo, o Fluminense ainda não reuniu o elenco para fazer testes. Nos outros clubes, os números dão conta de 18,6% de contaminados com coronavírus entre os testados, somando jogadores, comissões técnicas e pessoas próximas testadas. O Vasco lidera a estatística. O clube comunicou que 30% dos 250 testados tiveram contato com o coronavírus, o que significa 75 pessoas com testes positivos. Destas, 19 são atletas, sendo três já imunizados. O presidente vascaíno, Alexandre Campello, viu um “serviço prestado à saúde pública”. O dirigente é defensor do debate pela volta do futebol:

– Não é para esperar morrer o último paciente do Covid-19 para falar sobre futebol.

No rito político, o Fluminense, sozinho, não será capaz de barrar a decisão em colegiado dos outros clubes no arbitral. As decisões não demandam unanimidade e, sim, maioria. O presidente da Ferj, Rubens Lopes, está prestes a marcar a data da reunião virtual que deve sacramentar a aprovação da fase 2 do protocolo. O documento trata da operação logística e sanitária quando as partidas retornarem. A ideia é aproveitar o caminho aberto pela prefeitura do Rio, que estima aval para os jogos de futebol, mesmo sem público, já no fim deste mês.

Procurado, o Fluminense ainda não comentou sobre a saída de Mário Bittencourt do grupo de Whatsapp.