O clássico alemão trouxe uma notícia boa e uma ruim. Por hoje, estamos saciados nestes tempos de quarentena: vimos um duelo de estratégias, uma partida decisiva, jogadores de alto nível e um golaço para decretar o vencedor. Mas por outro lado, o chute por cobertura de Kimmich e a vitória do Bayern de Munique significam que, muito provavelmente, o único campeonato de alto nível disputado no mundo no momento está em vias de ser decidido. Após bater o Borussia Dortmund na casa do rival por 1 a 0, o Bayern abriu sete pontos de vantagem na liderança a seis rodadas do fim. Está perto de ser campeão alemão pela oitava vez seguida.
Eram duas propostas distintas e claras desde o início. Mesmo como visitante e num jogo de alta exigência, o Bayern não abriu mão de tentar fazer sua pressão ofensiva, fazer o jogo acontecer na maior parte do tempo no campo de ataque. Para tanto, tentava retomar rapidamente a bola e, a partir daí, articular ataques. Já o Dortmund não se incomodava tanto em não ser protagonista o tempo todo. A ideia de Lucien Favre era fazer seu time triangular rapidamente e inverter as jogadas para fugir da pressão sobre a bola que o time de Munique fazia. Em especial invertendo da esquerda para a direita, tentando encontrar o arranque de Hazard ou do ala Hakimi.
Estratégias na mesa, os times tiveram seus momentos. O Bayern fez Burki trabalhar graças à mobilidade de Gnabry, que saiu da ponta e surgiu na área. O Dortmund teve escapadas como a que Haaland obrigou Boateng a salvar sobre a linha. Mas as soluções, em jogos de futebol, por vezes surgem quando o talento se impõe. O toque por cobertura de Kimmich, que surpreendeu Burki num lance que, a rigor, tampouco era indefensável, fez a diferença no primeiro tempo. Não que tenha surgido do nada, que não tenha qualquer relação com as estratégias dos times. No lance, o Bayern recupera uma bola em campo ofensivo, ocupa espaços e cria uma situação para o meio-campista surgir perto da área. Mas é a execução de Kimmich a joia da partida.
A segunda etapa, aos poucos, obriga a uma inversão de papéis. O Dortmund usa a nova regra das cinco subsituições, vai acrescentando peças ofensivas e abre mão do sistema com três zagueiros. Neuer trabalha ao menos duas vezes, mas é também verdade que, do outro lado do campo, o Bayern começa a ter os contragolpes. Lewandowski acertou a trave e Goretzka teve excelente chance. A rigor, não é possível dizer que os bávaros passaram longo tempo sofrendo contra as cordas, ainda que o jogo tivesse chegado indefinido aos últimos minutos.
É muito sólido o Bayern desde que Hansi Flick assumiu o comando com a queda do croata Niko Kovac. É difícil vê-lo deixando tantos pontos no caminho na reta final.
Fonte: O Globo