A reunião com os clubes marcada para este domingo pelo prefeito do Rio, Marcello Crivella, terá dois desfalques. No encontro que tratará da volta aos treinamentos, Fluminense e Botafogo não estarão presentes. A ausência dos dois reforça o posicionamento contrário a qualquer movimento de retorno do futebol durante a pandemia do coronavírus.
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– O Fluminense não vai. O Fluminense não acha factível. A taxa cresce exponencialmente no Rio de Janeiro. É a posição do Botafogo também. É desrespeitoso nesse momento falar em volta do futebol. Não tem que estar presente nesse momento. Não há expectativa próxima de retorno do Brasileiro. A CBF já disse que vamos ter o tempo necessário. Não custa nada esperar mais um pouco e salvar vidas. A simples atitude de ficar em casa já estamos salvando milhares, apesar de termos milhares que já morreram. Hoje eu li uma matéria sobre o Irã, que afrouxou o isolamento social e a curva cresceu – disse o presidente tricolor, Mário Bittencourt, em entrevista a Rafael Marques, das Rádios Globo e CBN.
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Em nota, o Fluminese acrescentou que só ficou sabendo da reunião por uma mensagem de texto enviada pela Ferj. Via assessoria, o presidente Nelson Mufarrej, do Botafogo, também confirmou que não estará presente. Entre os pequenos, estarão Boavista e Cabofriense.
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A reunião com Crivella foi anunciada na sexta-feira, após um pronunciamento que indicou a chance de aval aos treinos por parte do prefeito. Durante a semana passada, os jogadores do Flamengo já fizeram atividades de recondicionamento físico, usando a bola, nos campos do Ninho do Urubu.
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O presidente rubro-negro, Rodolfo Landim, foi a Brasília acompanhado do presidente do Vasco, Alexandre Campello, para um almoço com o presidente Jair Bolsonaro. Na pauta, a articulação para volta do futebol. O secretário de Ordem Pública do Rio, Gutemberg de Paula Fonseca, também esteve no encontro. Na quinta-feira, o próprio Crivella esteve com Bolsonaro.
Na visão de quem apoia a flexibilização em relação aos treinos, os trabalhos serão retomados mediante cumprimento dos protocolos de segurança.
A contrariedade de Botafogo e Fluminense a essa articulação vem desde a reunião que definiu a suspensão do Campeonato Carioca, em março. Enquanto os outros 14 membros da Série A do estadual queriam concluir a Taça Rio, os dois clubes impediram a unanimidade e, assim, a competição foi interrompida.
Nota oficial do Fluminense
O Fluminense Football Club esclarece que não recebeu qualquer convite formal do gabinete do Prefeito do Rio de Janeiro para uma reunião com os clubes de futebol. A convocação, feita por whatsapp, partiu da Federação de Futebol do Rio de Janeiro, sem que houvesse informação e muito menos discussão prévia do tema a ser tratado com a autoridade máxima do governo da capital. O Fluminense optou por manter-se apenas em observação, sem que isso signifique qualquer posicionamento em relação à reunião, pois dela não tem informações.
Se há um posicionamento do Fluminense, esse sim reafirma-se agora nesta nota, é a decisão de somente voltar ao futebol quando as autoridades de saúde emitirem parecer respaldado pela comunidade científica autorizando a volta dos treinos presenciais e jogos, com indicações claras de procedimentos e normas.
O Fluminense reitera seu respeito à independência das decisões tomadas por outros clubes e se coloca, de forma solidária, à disposição para os debates em torno do tema, desde que se deem no ambiente da ciência. E tomando por base uma visão clara da realidade do que está ocorrendo nos hospitais da rede pública de saúde onde é tratada a maioria de nossos torcedores, bem como de projeções feitas por autoridades sanitárias competentes sobre a curva de contaminação, sobre o comportamento social diante da necessidade de isolamento, a perspectivas de tratamentos e formas de prevenção. Enfim, das melhores informações disponíveis sobre a possibilidade de retorno de jogos.
O Fluminense entende a necessidade de volta dos jogos em razão de pressões econômicas, sobretudo entre os clubes de menor possibilidade financeira. Tanto assim que vem ele mesmo promovendo uma série de ações, como o lançamento de seu novo uniforme, descontos de incentivo para os sócios permanecerem em dia com seus mensalidades, ações de aproximação e exposição da marca de nossos patrocinadores, entre várias outras que ainda estão por vir. Mas não dará um passo em direção ao campo enquanto não houver certeza sobre as condições seguras para nossos atletas, nossos profissionais e nossa torcida.
Nosso entendimento é de que jogos sem público não impedem aglomerações. Se não forem ao estádio, as pessoas se juntarão em frente a televisores de bares, que insistem em permanecer abertos, sobretudo nas periferias, onde o isolamento social tem tido menor adesão. O futebol, por movimentar paixões, deve estar ciente de seu compromisso social e não alimentar ansiedades.
O retorno aos treinos e campos não é apenas uma questão de saber como se poderá voltar. Ou seja, não se trata apenas de protocolos médicos. É também uma questão de quando, pois precisam ser colocadas em perspectiva todas as influências que o futebol pode causar. Saber o momento certo da curva de contaminação e nos locais certos são fatores que devem se somar ao “como? que está expresso em protocolos.
Sabemos que, como clube, estamos bem acompanhados nessa discussão. E não falo apenas dos clubes que mantém posição igualmente firme pelo não retorno neste momento. Estamos acompanhados de milhares de profissionais de saúde, cientistas e gestores públicos que conhecem melhor do que todos a gravidade da pandemia e suas consequências para a vida de todos.
Nota oficial do Botafogo
A posição do Botafogo sobre o tema é cristalina para o público e para o próprio Prefeito, que conhecia plenamente a nossa linha de pensamento antes da reunião. Não era necessário expor nossa diretoria aos riscos de sair de casa para participar, seria até incoerente com o nosso discurso.
Reafirmamos não ser o momento para voltar a ter treinos presenciais. O futebol é um instrumento de altíssimo impacto e repercussão social. Passar essa imagem de retorno imediato, no auge da crise, de mortes, com a curva ainda em ascensão , é estar em desconexão com a realidade. Além de desumana é insensível do ponto de vista interno, com nossos atletas, comissão técnica, funcionários e seus familiares. Vai chegar a hora de voltarmos, mas não será agora.
Nosso papel é direcionar a consciência coletiva no sentido de que o momento é de se preservar e ficar em casa. Cuidar de si, familiares e amigos. O contexto pede capacidade analítica para nós dirigentes que, de sobremaneira, influenciamos a vida de pessoas. Muitos países afrouxaram o isolamento e estão pagando por essa precipitação. O momento é de bons exemplos de quem pauta a sociedade e o Botafogo está seguro e convicto de suas posições
Fonte: O Globo