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Vasco derrota o Flu em gramado acidentado e mantém 100% de aproveitamento



Gramados em estado lastimável têm causado indignação ? e com razão ? aos grandes no Carioca, ano após ano. O que dizer então da escolha de Vasco e Fluminense para o clássico deste sábado, vencido pelo cruz-maltino por 1 a 0 com gol de Pikachu? Para evitar prejuízos no Maracanã, outro drama do futebol do Rio, venderam o clássico para o estádio Mané Garrincha, em Brasília, cujo campo tinha uma cratera dias antes. Não havia tempo para tornar o gramado apresentável, e o jeito foi enchê-lo de areia e até tinta para disfarçar o problema. Alberto Valentim e Fernando Diniz devem ter agradecido aos céus, no apito final, que seus jogadores tenham saído ilesos.

Com o resultado, o Vasco fechou a fase de grupos com 100% de aproveitamento e ainda tirou a invencibilidade tricolor, que vinha de três vitórias seguidas.

O campo acidentado no Mané Garrincha, especialmente no lado defendido pelo Fluminense no primeiro tempo, trazia óbvias dificuldades para que os times trocassem passes. A princípio, o maior prejudicado era o tricolor, cujo técnico prega a construção paciente de jogo desde o goleiro. A entrada de Caio Henrique no meio-campo trouxe uma interessante mobilidade ao setor, mas deixava a zaga mais exposta do que costuma ficar com o titular, Airton, vetado por uma virose.

Embora Pikachu tivesse levado perigo logo aos 15 segundos de partida, era o Fluminense que dominava as ações quando o Vasco abriu o placar. Bruno Silva já havia acertado o travessão, de cabeça, após uma cobrança curta de escanteio. O mesmo Bruno Silva reclamaria de pênalti, em outro lance, após ser agarrado por Danilo Barcellos, no primeiro episódio de uma série de intrigas com a arbitragem. Quem ganhou uma penalidade ? e corretamente ? foi o Vasco, aos 25 minutos, quando Nathan jogou o braço na bola durante uma atabalhoada tentativa de cobrir Mascarenhas. Yago Pikachu converteu a cobrança.

O gol vascaíno surgiu numa rara subida ao ataque do lateral-direito Cáceres, que passou boa parte do primeiro tempo se preocupando com lançamentos para Everaldo e Mascarenhas em suas costas. À medida que o primeiro tempo avançou, o Fluminense foi recorrendo cada vez mais à bola longa ? e às reclamações, como na discussão áspera entre Luciano e Leandro Castan na saída para o intervalo.

Diniz mostrou que não gostava do rumo tomado pela partida e lançou Marcos Calazans, um ponta esquerda, no lugar de Ezequiel, seu lateral-direito. Surpreendente, além da alteração, foi que Calazans ficou como um ala pela direita. Àquela altura, o Vasco já tinha aprendido a esperar pacientemente os contra-ataques, contando com a falta de proteção no adiantado time tricolor. No fim do primeiro tempo, Ribamar deixou o goleiro Rodolfo pelo caminho após ser lançado na área, driblou Caio Henrique e só não aumentou a vantagem vascaína porque Bruno Silva chegou desesperado na cobertura. No início da segunda etapa, Marrony viu uma arrancada nas costas de Calazans ser abortada pelos buracos no gramado.

Em muitos momentos, era comum ver os dez jogadores de linha tricolores no campo ofensivo. A pressão, além de achatar o Vasco em sua própria metade, induzia a erros na saída de bola e recuperações perto da meta de Fernando Miguel. Um efeito colateral, porém, foi que Yony González, xodó tricolor, passou boa parte do jogo preso na zaga do Vasco, sem margem para os arranques e as finalizações que cativaram a torcida.

Enquanto o Vasco não cansava de atacar os latifúndios nas costas da linha de defesa tricolor, o Fluminense via minguarem suas reservas de energia. Depois que Valentim lançou Maxi López, atendendo a pedidos, o Vasco segurou a bola e usou a queda de intensidade do jogo a seu favor.

Ainda houve tempo para emoções na reta final. Danilo Barcellos tirou tinta da trave numa cobrança de falta, e Luciano acertou o travessão no outro lado, depois de Fernando Miguel salvar uma cabeçada de Yony. Vasco e Fluminense estavam invictos antes do clássico. Só um manteve o status.

Fonte: O Globo


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