A investida do Fluminense em Paulo Henrique Ganso tem objetivos claros: resgatar a autoestima do torcedor (e, com isso, aumentar o número de sócios e de público nas arquibancadas), aumentar a visibilidade do clube no noticiário (e usar isso para atrair patrocinadores) e, claro, ter retorno técnico em campo. No entanto, não é só o tricolor que pode se beneficiar com este acerto. O próprio meia também aposta alto ao acertar sua ida para o clube das Laranjeiras. Em diversos aspectos, ele tem muito a ganhar.
Em campo, Ganso se vê diante da oportunidade de voltar a apresentar um bom futebol, algo que não ocorreu pelo menos desde que deixou o Brasil. Nos últimos dois anos e cinco meses, o apoiador atuou por apenas 2.220 minutos, o equivalente a 24 partidas e mais 60 minutos. Neste período, marcou apenas sete gols e deu nove assistências.
Diante deste desempenho, passou a ser visto como um jogador que não se adapta ao futebol europeu, tido como mais dinâmico. Mas é justamente o estilo que Fernando Diniz tem posto em prática no Fluminense. E que, na opinião de Leonardo Miranda, do blog Painel Tático, do site “Globoesporte.com”, pode beneficiá-lo em campo.
– O Diniz monta um time com muita posse de bola e troca de passes. O Ganso vai encontrar uma equipe que irá ajudá-lo muito, principalmente por ter três atacantes rápidos. E ele precisa desses caras de mobilidade à frente. Tanto que deu certo com o Neymar (no Santos) e com o Alan Kardec (no São Paulo).
Se sua visão de jogo pode se encaixar com a mobilidade do trio formado por Everaldo, Luciano e Yony González, Ganso terá como maior desafio se mostrar dedicado sem a bola nos pés. É o que faz Daniel, titular da posição atualmente, e o que sempre foi cobrado do ex-parceiro de Neymar.
– Para dar certo, vai depender mais do Ganso do que do time. Porque ele tem esse estigma e realmente é esse tipo de jogador. Sempre foi cobrado pelos técnicos anteriores por não se deslocar depois de dar o passe. E, no Fluminense, ninguém fica parado. Até o goleiro, quando preciso, se movimenta sem a bola.
Motivação para se adaptar não falta. Afinal, o sucesso no Fluminense valorizará uma imagem hoje desgastada. De encostado na Europa, ele chega com status de estrela num clube da elite do futebol brasileiro.
– No Brasil, ele ainda tem mercado para jogar num clube de primeira linha. O Fluminense é uma vitrine de alcance nacional. Num clube pequeno da França ele não estava em evidência – atentou Fernando Ferreira, da PluriConsultoria, que usa um exemplo bem conhecido para alertar para a possibilidade de o tricolor ser sua última chance nestas condições: – Aos 29 anos, performar no Fluminense é fundamental. Senão, ele pode seguir uma trajetória igual a do Adriano, que apesar do talento não tem mais nenhuma alternativa para jogar. Claro que por outros motivos. Mas o destino pode ser o mesmo.
No Fluminense, a expectativa para que a passagem de Ganso pelo clube seja bem-sucedida é alta. Uma animação que já se traduz em números. Nesta sexta, o clube divulgou que, nas cerca de 19h após seu anúncio, as adesões ao programa de sócio-torcedor cresceram em mais de 11 vezes. A tendência é que os tricolores se mobilizem para recebê-lo no aeroporto e lotem o Maracanã no dia de sua estreia. Tamanho protagonismo também pode ajudá-lo a recuperar a confiança.
– Quando o atleta volta para um grande clube, volta com uma carga de crédito. E isso é muito importante. Ele vem mais comprometido e motivado. Se não estava na condição de destaque nos últimos anos, agora a possibilidade de virar este jogo é renovada – explica a psicóloga Suzy Fleury, que já trabalhou com a seleção brasileira e atua em clubes de futebol.
Embora ainda não haja uma confirmação, Ganso é esperado no Rio neste fim de semana. O Fluminense ainda não marcou uma data de apresentação.
Fonte: O Globo