“Fiz tanta coisa boa deitado, só faltava gol”. A resposta de Fred, recheada de bom humor, em 2013, mostrava a felicidade que pairava sobre ele. Horas antes, o centroavante havia marcado duas vezes na vitória do Brasil por 3 a 0 contra a Espanha, na final da Copa das Confederações. O jogo será reprisado pela Rede Globo neste domingo, às 16h (de Brasília). O tento que abriu o placar chama a atenção até hoje: mesmo deitado, ele conseguiu vencer três defensores para balançar as redes.

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? Esse, com certeza, foi o gol mais inusitado e sensacional da minha carreira. O Hulk cruzou a bola no segundo pau e eu já estava posicionado para fazer de cabeça. Nessa hora, recebi uma carga nas minhas costas e perdi o tempo de bola. Já caí desesperado, pensando “pô, era a hora de fazer o gol”. Quando eu caí e olhei pra frente, a bola já estava quase na minha coxa. A partir daí, as decisões foram muito rápidas ? conta Fred, que se lembra de cada detalhe do lance.

? Saltei um pouco, puxei a perna por dentro e tive que bater na bola pra ela subir, porque o Casillas já estava bem em cima de mim e a bola ia direto nele. Foi um gol muito especial, muito diferente do que a gente está acostumado a ver, né? Tive a felicidade de pensar e agir rápido no momento certo. Tenho alguns gols marcantes na minha carreira, como o de elástico, na época do Lyon, no dia do nascimento da minha filha, mas esse, contra a Espanha, com certeza, é o mais diferente de todos – completou.

O placar elástico mostrou o domínio brasileiro naquela partida, mas o adversário não era qualquer um. A Espanha vinha dos títulos da Copa do Mundo de 2010 e da Eurocopa de 2012. Além disso, era o auge do “tiki-taka”, estratégia de controle da posse da bola para dominar os adversários. Como antídoto, Fred conta que a ideia era pressionar desde o primeiro minuto.

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? Lembro da nossa preparação para esse jogo durante a semana. A Espanha tinha um supertime, tinha Iniesta, Piqué, Sergio Ramos, era campeã da Eurocopa e da Copa do Mundo. Nós respeitamos muito, mas tínhamos a estratégia de ir para cima desde o início para evitar essa posse de bola, esse tiki-taka – conta.

Um lance emblemático não sai da memória de Fred. Ainda na primeira etapa, quando o placar mostrava 1 a 0 para o Brasil, David Luiz salvou a finalização de Pedro em cima da linha. Para o centroavante, foi o divisor de águas da partida. Pouco depois, Neymar marcaria o segundo e Fred faria o terceiro no início da segunda etapa.

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? Meu gol deitado saiu muito cedo (risos), conseguimos inflamar o Maracanã e criar o clima a nosso favor, trazer o povo para o nosso lado. Foi como a gente planejou. Lembro que a Espanha poucas vezes foi melhor que a gente, mas teve um lance que chamou muita atenção. Quando o Pedro saiu livre e o David Luiz tirou em cima da linha. Eles iam empatar o jogo. Foi o divisor de águas. Se eles tivessem empatados, teríamos sofrido um baque natural dentro de campo.

Fred marca contra a Espanha Foto: Jorge Silva / Jorge Silva
Fred marca contra a Espanha Foto: Jorge Silva / Jorge Silva

A vitória e o título serviram como um alívio para a torcida brasileira dentro e fora de campo. Na época, o país convivia com diversas manifestações políticas e protestos contra o governo. Alheio a isso, a seleção foi um ponto de felicidade em meio aos problemas e um momento especial na carreira de Fred. 

? Foi um jogo muito difícil, mas um dos mais especiais com a camisa da seleção [brasileira]. Por ser no Maracanã, por ser perto de casa, com a nossa torcidda. Nossa ida para o estádio foi muito marcante, com o pessoal na praia apoiando o ônibus. Sentimos a atmosfera por completo.

Fred marca contra a Espanha Foto: Marcelo Theobald / Marcelo Theobald/Extra/Agência O Globo
Fred marca contra a Espanha Foto: Marcelo Theobald / Marcelo Theobald/Extra/Agência O Globo