Em meio à quarentena sem jogos, o Flamengo se viu no meio de uma crise entre seus profissionais de preparação física e o “personal trainer” particular de uma série de jogadores de seu elenco.

Rafael Winicki, que faz treinamentos em casa com atletas como Diego, Éverton Ribeiro, Filipe Luis, Gustavo Henrique, Vitinho e Rodrigo Caio, tem sido questionado pelos trabalhos feitos e publicados em suas redes sociais.

No fim do ano passado, ficou definido que semanalmente o preparador deveria passar um relatório sempre que fizesse um trabalho com um jogador. De lá para cá, segundo o clube, nada foi enviado.

Nos últimos dias e semanas, Winicki apareceu no seu Instagram com trabalhos físicos com os atletas durante o período de férias do Flamengo.

Preparador ao lado de Vitinho e Ribeiro Foto: Reproduçao Instagra
Preparador ao lado de Vitinho e Ribeiro Foto: Reproduçao Instagra

E em entrevista com o jornalista Fabio Azevedo nesta terça-feira, previu retorno dos jogadores à melhor forma em duas semanas. As declaraçoes causaram ainda mais irritação no Flamengo.

 

Segundo a visão do clube, o preparador não usa GPS, não tem controle de frequência, o que impossibilita controlar também a carga de trabalho. Assim, há mais riscos de lesão na volta aos treinos no Ninho do Urubu.

Por exemplo, o atacante Pedro Rocha, que tem um problema no púbis, vinha fazendo exercícios de salto com Winicki, estímulos que não são recomendados na visão do Flamengo. O jogador parou de fazer treinos com o profissional. Berrio, com lesão grave no joelho recentemente, também estaria sob risco devido a impactos desnecessários.

Segundo a reportagem apurou, a opção pelo trabalho particular é dos jogadores. O Flamengo sempre colocou os seus profissionais à disposição, mas os atletas preferem fazer os trabalhos no conforto de suas casas.

Uma das exceções é Bruno Henrique, que treina com um dos preparadores do clube, Roberto Oliveira.

O clube também disponibilizou trabalhos individualizados no Ninho do Urubu, já que vários jogadores sentiram falta de treinos no campo. Não é possível reunir jogadores em função do isolamento necessário.

Durante o ano, os trabalhos à parte são opcionais, mas estão sob a gestao do técnico Jorge Jesus.

Betinho, o preparador do clube, usou as redes sociais para criticar a postura de Rafael Winick.

“Eu achei que já tivesse visto de tudo nessa vida. Agora, personal que nunca trabalhou com futebol, dizer data que jogador poderá atuar após a pandemia e garantir que o atleta estará de volta em “duas semanas”. ?GOSTARIA DE VER ESSAS PESSOAS SE EXPLICANDO, SE PROMOVENDO, FAZENDO LIVE QUANDO SEUS ALUNOS SE LESIONAM, POIS NÃO EXISTE INTEGRAÇÃO NENHUMA COM 99% DOS PERSONAIS FISIOTERAPEUTAS POR CULPA DELES, SOMENTE O CLUBE E QUEM LÁ TRABALHA SABEM O PREJUÍZO QUE É UM ATLETA FICAR FORA DE UM TREINAMENTO OU DE UM JOGO”, postou, alternando caixa baixa e alta no texto.

“Lembrando que nao sou contra personal, fisioterapeuta, massagista ou tudo em um só, como está sendo feito atualmente. O que sou contra é a falta de comunicação(mentira dizer que tem integração com os profissionais do Clube). Não há como trabalhar da forma que esta sendo feito, sem que os profissinais que trabalham no clube saibam o que o atleta faz fora e vice versa”.

O preparador físico Mario Monteiro, da comissão técnica de Jorge Jesus, endossou o colega:

“Quero deixar bem claro que há espaço para todos, só não pode existir exibicionismo. Levo 26 anos de primeira liga no futebol profissional e nunca assisti nada assim, LAMENTÁVEL. O nosso departamento é constituído por três elementos, que trabalham muito bem juntos e com áreas multidisciplinares”, escreveu o português, que esta no Rio para acompanhar de perto os trabalhos em home office dos atletas do clube.

A reportagem tentou contato com Rafael Winicki, mas ele não retornou as mensagens.