Para implementar os protocolos de prevenção ao coronavírus nos clubes de futebol do Rio e pelo Brasil, serão necessários novos hábitos de alguns personagens, como o técnico JorgeJesus, do Flamengo.

O treinador de 65 anos, que ficou conhecido por seu estilo participativo nas atividades com os jogadores, foi o principal alvo de debate entre os médicos das equipes cariocas que participaram da videoconferência desta segunda-feira.

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Ficou definido que serão estabelecidos critérios para inclusão das pessoas nos grupos liberados para volta aos treinamentos e jogos, e as que integrarem parcela com maior risco de contaminação podem ser excluídas.

Jorge Jesus e também PauloAutori, técnico de 63 anos do Botafogo, apareceram como exceções, pois não se cogitou por parte dos clubes abrir mão de seus comandantes. Desse modo, teria que haver adaptações.

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O técnico do Flamengo, que costuma correr junto aos jogadores durante o aquecimento, e é mais ativo em atividades táticas e físicas, teria que adotar uma posição mais distante dos atletas. Diferentemente de um treinador mais novo, sem tantas restrições.

Entenda os outros critérios

Além da idade, que no caso de outros funcionários, como roupeiros mais velhos, pode levá-los a um afastamento tempoerário do convívio próximo com os grupos de atletas, há outros critérios de inclusão no grupo que será estabelecido para as atividades. Entre eles, o histórico epidemiológico, ou seja, se aquele indivíduo já teve a doença, e o histórico geral de saúde.

Por exemplo, atletas asmáticos terão cuidados maiores, pois também está previsto que quem tem essa doença considerada pré-existente ocupa grupos de risco. Quem já tiver tido contato recente com alguém que testou positivo também pode ser excluído temporariamente das atividades. Para os técnicos, haverá maior flexibilização.

Quem estiver dentro dos critérios para voltar a trabalhar, principalmente os jogadores, mais novos e normalmente sem problemas de saúde, terão outros cuidados previstos no protocolo em produção.

Um deles será a formação de corredores de segurança no local de treinamento. Isso quer dizer que os grupos de atletas, que deverão ser divididos para atividades distintas, não poderão se deslocar pelos mesmos lugares ao mesmo tempo. Sendo assim, se houver um grupo na academia, outro no campo e mais um na fisioterapia, não poderão terminar na mesma hora e ir ao vestiário todos de uma vez. Também não poderão acessar o CT de uma vez.

Áreas fechadas

Cada clube vai adequar essa questão a sua estrutura e realidade. Mas a intenção é que os jogadores não utilizem mais restaurantes e que a cozinha dos Centros de Treinamento também sejam desativadas. Vestiários e banheiros também deverão ser usados em pequenos grupos ou individualmente, sempre respeitando o distanciamento necessário.

Sendo assim, os cuidados individuais dos atletas terão que sofrer um choque cultural, e podem ter que levar o uniforme para lavar em casa, ou até ir do treino direto para tomar banho em seu domicílio. Entretanto, haverá mesmo assim uma desinfecção nesses ambientes coletivos dos clubes, como a academia e todos os equipamentos médicos.  

Os médicos dos clubes do Rio vão detlhar as medidas em novo encontro virtual nesta quarta-feira. Em seguida, enviarão para as autoridades competentes da Saúde e para o Governo do Estado. A data para a implementação do protocolo ainda não foi debatida. Mas dependerá dos agentes governamentais.

Um Grupo de Trabalho foi formado nesta segunda-feira por alguns dos médicos para compilar as sugestões de todos os responsáveis, com a liderança de Márcio Tannure, do Flamengo, e o auxílio de Christiano Cibelli (Botafogo), Eduardo Moraes (Boavista), Marcos Teixeira (Vasco) e Celso Ramos Filho(Professor Titular de Doenças Infecciosas da Faculdade de Medicina da UFRJ).