Os 11 clubes de menor investimento que disputam a Série A do CampeonatoCarioca de 2020 têm 159 jogadores em fim de contrato entre o fim de março e começo do mês de abril. Muitos já estão sendo dispensados ou têm no futuro da atual temporada uma incógnita.
A paralisação do calendário esportivo em função da pandemia do novo coronavírus, e a incerteza sobre a data para a finalização do torneio, também deixou a maioria das equipes sem saber se conseguirá honrar os pagamentos.
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A maior parcela desses atletas terão seus vínculos vencidos depois do dia 5 de abril, quando as folhas de pagamento são quitadas com o dinheiro dos direitos de transmissão do campeonato, que não será depositado até seu retorno.
Com tal dúvida sobre a volta do Estadual , haveria a necessidade de ampliar os acordos por mais um período, para que sejam disputadas as últimas duas rodadas da Taça Rio, que decidem os finalistas, e os confrontos do “grupo Z”, que definem rebaixadamento.
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Nesse cenário de indefinição, alguns jogadores já estão buscando alternativas para não ficarem sem trabalho. E os clubes em busca de soluções emergenciais. Ontem, em reunião por vídeoconferência, dirigentes debateram as soluções.
No Resende, com 21 atletas em fim de contrato até abril terminar, já há relatos nos bastidores de atletas e profissionais em busca de outro destino. O gestor do clube, Alberto Macedo, afirma que todos os vínculos que vencem agora estão sob avaliação.
– Dispensandos, ainda não. Os que vencem em abril vamos ter que reavaliar. Se o contrato terminar ele não pode ficar suspenso. Os jogadores receberam ultimo pagamento no começo de março. Receberiam em abril já com noção das dificuldades – relata.
O Volta Redonda tem poucos jogadores em fim de contrato e normalmente há renovações automáticas. A postura do clube é tratar cada caso individualmente e não deixar ninguém descoberto.
– Vamos conversar individualmente com cada um deles que a gente tiver condições de manter no elenco para alinhar sobre esse período. Temos uma preocupação muito além da questão contratual, que é a questão humanitária. Não vamos deixar ninguém sem nada nesse período – avisou o Flavio Horta, vice-presidente do Voltaço.
O clube já recebeu dos patrocinadores a sinalização de que não vai conseguir honrar os compromissos nesse período, mas mesmo assim garantiu o pagamento dos salários de março que vencem em abril. No entanto, será necessário reduzir daqui em diante.
– Mas já avisamos que, para evitar demissões, teremos que fazer ajustes individuais nos contratos durante esse período, tanto de atletas como comissão e funcionários, porém preservando quem ganha até dois salários mínimos, que serão os mais atingidos pela crise – completou o dirigente.
Clube social também sofre
A situação da Portuguesa é considerada caótica. E vai além do futebol. O clube está sem funcionários na sede e já convive com inadimplência de sócios que utilizam as áreas de piscina e ginásio.
O vice de futebol Marcelo Barros informou que a dispensa de jogadores deve acontecer. São cinco sem contrato ao fim de março e dois em abril, mas outros correm risco.
– Nosso planejamento foi todo por água abaixo. Queremos terminar o Estadual. E entrar no Brasileiro para tentar brigar para subir. Mas dessa maneira, a preocupação é até de disputar a competição – alertou.
O gestor do Boavista, João Paulo Magalhães, conta que pretende chamar de volta os 11 atletas cujos contratos se encerraram em março e os sete que deixam o clube em abril. Com o fim dos contratos, não houve férias coletivas.
– Quando soubermos das datas de volta, vamos fazer contato com atletas para convidar quem tem interesse em voltar a defender o Boavista. Esperamos que consigamos manter nossa base. Em relação a folha de pagamento, não acredito que nenhum clube vai conseguir honrar seus compromissos. Estamos paralisados – explicou.
No Nova Iguaçu, que tem nove atletas sem contrato a partir do dia 5 de abril, alguns foram dispensados, mas os jogadores com vínculo mais longo continuarão recebendo normalmente, segundo o clube. O presidente Jânio Moraes colocou estes atletas de férias, e garante ter fluxo de caixa para arcar com os compromissos.
Segundo os dirigentes ouvidos, a realidade é complicada para todos os clubes que convivem com atletas em fim de contrato sem saber se haverá Estadual para jogar. No Bangu, são dez jogadores encerrando vínculo em abril, quatro na Cabofriense, 21 no Madureira e 20 no Macaé e no América. O Americano possui quatro jogadores sem contrato ao fim de março e 12 sem vínculo a partir de abril.
– Nenhum clube de menor investimento tem condição. Todos se organizaram considerando que os campeonatos iam ser dessa forma, terminariam em abril – lembra Alberto Macedo, do Resende.
Fonte: O Globo