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Na vitória do Flamengo, as mil experiências do laboratório de Abel Braga



Mais do que rodar jogadores e administrar minutos, algo necessário no calendário brasileiro, o laboratório de Abel Braga nesta Taça Guanabara tem um traço bem curioso. A cada jogo, o time do Flamengo adota sistemas táticos e propostas de futebol absolutamente distintas. O tempo dirá como a alternância de modelos irá impactar na implantação de uma ideia, de uma identidade. Algo talvez tão ou mais importante do que definir um time titular.

Então, o que se tira dos 3 a 1 desta terça-feira sobre o Boavista , que colocaram o time na semifinal? O jogo foi atípico de tão aberto, de tão espaçados que eram os times. E, neste cenário, é natural que a qualidade técnica do Flamengo, concentrada em doses cavalares no ataque, sobressaísse. Curioso, ainda, que o jogo foi decidido quando Abel recorreu a uma destas formações que, nas vitórias, são chamadas de corajosas. Nas derrotas, de suicidas. Éverton Ribeiro, Arrascaeta, Gabigol, Uribe e Bruno Henrique terminaram juntos. O time que começou com muitos reservas foi ganhando “reforços? no ataque para tentar resolver o jogo. O que não muda é o papel da torcida: ontem, foram 34 mil pessoas.

Se a equipe titular costuma ser mais paciente na construção, por vezes até sem contundência, o time contra o Boavista era sem pausa, vertical. Terminou por ser mais apressado do que rápido, sem articulação. Um dos motivos, a falta de meio-campistas no elenco com característica de ditar ritmo. Ontem, Piris da Mota, o primeiro volante, teve a companhia de Jean Lucas, melhor condutor de bola do que organizador.

Se o 4-3-3 é a base do time titular, e o 4-3-1-2 foi a campo diante do Resende, ontem o Flamengo era praticamente um 4-2-4 ao atacar. Gabigol virou um segundo atacante junto a Henrique Dourado. Arrascaeta ganhou chance na esquerda e Vitinho foi parar na direita.

O Flamengo quase se dividia em dois, articulava pouco com passes. Obrigava um dos pontas, Arrascaeta ou Vitinho, a retroceder. Ambos se viam desconfortáveis.

Mas o Boavista defendia mal, com defesa e meio distantes. E num jogo em campo aberto, o Flamengo encontrava o espaço para, eventualmente, acelerar. Porque num jogo mais pausado, carecia de construção. Foi assim que veio o chute de vitinho no travessão e o gol de Henrique Dourado, que inicia 2019 em bom nível.

Mas sem ditar ritmo, o Flamengo por vezes se expunha demais. Tanto que levou o empate de Arthur. E Abel desandou a colocar mais homens ofensivos em campo. Mas o gol decisivo veio dos pés da outra boa notícia de terça: Trauco, ótimo nas ações ofensivas. Em especial combinando com Arrascaeta perto da área. Em jogada do peruano, Uribe desempatou a 13 minutos do fim. Extenuado, o Boavista se rendeu e o ataque do Flamengo criou muitas chances de ampliar. Rodrigo Caio fez o terceiro.

Fonte: O Globo


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