Os clubes acertaram em conferência intermediada pela CBF a concessão de férias coletivas de 20 dias para os jogadores. A decisão tem como base a Medida Provisória assinada pelo governo federal, que permite esse cenário enquanto houver a calamidade por causa da pandemia do coronavírus.
A concessão das férias já tinha sido prometida pelos clubes de forma unilateral na discussão com a Federação Nacional dos Atletas Profissionais de Futebol (Fenapaf) sobre a condução das questões trabalhistas durante a interrupção das competições no país.
No entanto, o mesmo encontro, do qual participaram 30 clubes, não trouxe resolução em relação aos salários dos atletas. Cada clube resolverá suas questões. Em relação às férias, o bloco da Série B já tinha anunciado a medida.
A conversa seguirá nas próximas semanas – terça-feira já há uma marcada.
Além dos representantes dos clubes, diretores da CBF participaram do encontro. Um deles foi Manoel Flores, responsável pelas competições.
A entidade evitou dar previsões mais claras em relação ao calendário. A tendência é pela manutenção das competições previstas, inclusive estaduais, apertando o cronograma. O desejo dos clubes é esse. O calendário será debatido de forma mais profunda na próxima reunião da Comissão Nacional de Clubes, terça.
Alguns presidentes deixaram a conferência na certeza de que o Brasileirão não sofrerá mudança de formato, ainda que não se saiba quando o futebol voltará. A reticência da CBF se explica porque ela precisa seguir a hierarquia internacional em relação ao calendário: datas da Fifa (com Mundial de Clubes, por exemplo, e jogos de seleções) e da Conmebol (Libertadores e Sul-Americana).
Nota da Comissão Nacional de Clubes
A CNC (Comissão Nacional de Clubes), órgão estatutário da CBF, porém de atuação independente, representando os clubes das Séries A, B, C e D do futebol brasileiro, informa que:
Realizou nesta quinta-feira, dia 26, com a representação de 30 clubes de todas as séries, por videoconferência, uma nova reunião para deliberar sobre a contra-proposta apresentada pelas entidades representativas dos atletas, diante da suspensão das competições por tempo indeterminado.
Levando em consideração o cenário de dificuldades que permanece no Brasil a partir das previsões das autoridades sanitárias, bem como a Medida Provisória editada pelo Governo Federal (Art. 6, 9, 11 e 12), os clubes não aceitaram a propostas feitas pelos atletas e de forma unânime resolveram e decidiram o seguinte:
1 – Concessão de Férias Coletivas de 20 dias a todos os atletas, no período compreendido entre os dias 1 de abril e 20 de abril de 2020, em consonância com a Medida Provisoria 927, de modo que os clubes – e somente eles – arcarão integralmente com a manutenção das atividades futebolísticas durante tal período;
2 – Garantia aos atletas do período de 10 dias restantes de férias no final do ano de 2020 ou no início de 2021, adequadas ao calendário que se desenhará após o retorno da paralisação;
3- Negociar individualmente com seus atletas e demais funcionários do departamento de futebol no que tange a outras medidas que possam ser adotadas no período de paralisação;
4- Seguir promovendo reuniões e debates ao longo dos próximos 20 dias para que possam implementar novas medidas em caráter de emergência caso seja necessário;
5- Aguardar novas medidas dos Governos Federal e Estaduais diante do estado de calamidade pública, para avaliar possíveis reduções em remunerações que possam ser estabelecidas;
A CNC esclarece ainda, que já enviou este comunicado à FENAPAF para que repasse aos sindicatos e aos atletas.
A CNC segue acreditando que o acordo coletivo a nível nacional seria o caminho ideal para a solução da grave situação econômica, mas infelizmente não foi possível, razão pela qual, os clubes optaram por manter sua posição de conceder férias a todos, preservando o calendário do futebol brasileiro, os regulamentos e consequentemente as receitas oriundas das competições, que fazem parte da base de remuneração de todos os profissionais do futebol.
Fonte: O Globo