Quer saber o quão intenso é Doom Eternal?
Ao final das minhas 25 horas com a campanha principal, eu literalmente sentia dores no corpo, tanto nas costas quanto nas mãos e dedos após uma bateria de combates constantes e intensos, que pediam movimentação e trocas de armas (e foco) constante.
A sequência do aclamado FPS de 2016, novamente sob o comando da id Software, pega seu predecessor como base e o expande para todos os lados: Doom Eternal é maior, mais rápido, mais brutal, mais impiedoso e mais variado do que o game anterior.
O jogo é novamente estrelado pelo DOOM Slayer – ou “Cara do Doom”, dependendo de com quem você estiver falando – que, anos após os eventos do game anterior, retorna para salvar a Terra da aniquilação completa pelas forças do Inferno, munido de uma escopeta (ao menos no início), uma armadura com uma nova faca perfeita para Execuções Gloriosas e, principalmente, um ódio puro e incandescente por qualquer força infernal ou relação com ela.
Com o passar das fases, porém, o jogador vai encontrando novas armas, novas habilidades, e novas melhorias para enfrentar as hordas demoníacas, que vão apresentando novas ameaças conforme o protagonista vai traçando sua jornada ensanguentada de vingança.
Além disso, o Doom Slayer agora conta com sua própria base de operações, a Fortaleza da Destruição, uma mistura de Castelo de Grayskull com o Satélite da Liga da Justiça que circula a Terra e oferece ao jogador a oportunidade de retomar o fôlego, descobrir novos itens e destravar bônus especiais depois de cada fase.
O novo Doom pode até começar na Terra, e sua salvação é o objetivo central do game, mas a aventura leva o jogador para os mais variados locais – de outros planetas até a outras dimensões -, apresentando mais sobre o curioso e bizarro universo que a id Software criou para este jogo, que leva em conta não só eventos do game anterior, como até puxa elementos dos Doom dos anos 1990.
Não é exatamente a narrativa mais complexa ou elaborada do mundo, mas considerando a reputação da série para o grande público, é surpreendente o quanto a equipe da id se esforçou para criar uma história e mundo diferentes, e até trazer temas relevantes para o público – O principal deles sendo: “os poderosos sempre vão tentar esmagar os mais fracos e vulneráveis eternamente para manter seu próprio conforto”.
(Não, isso não sou eu tentando encontrar uma complexidade maior no jogo. Doom não é exatamente sutil em praticamente nada)
De qualquer forma, narrativa a parte, o elemento central de Doom Eternal está em seu combate, e é de longe seu maior atrativo: como o Doom Slayer, o jogador é uma verdadeira máquina de matar, feita com o único propósito de brutalizar e destruir seus inimigos.
Quando joguei o game pela primeira vez em janeiro, Marty Stratton dizia constantemente que Doom Eternal é uma “fantasia de poder”, e ele cumpre esta proposta, podendo transformar o jogador em uma força avassaladora contra o Inferno.
… Mas você vai ter que fazer por merecer.
Ao menos jogando na dificuldade Ultraviolência, o jogo parece lançar tudo o que pode em termos de inimigos para derrotar o Doom Slayer. E você provavelmente vai cair várias vezes antes de encontrar seu ritmo nas batalhas.
Apesar do ritmo desenfreado, que pede para o jogador nunca parar de se mexer, Doom Eternal é um game que também requer muita estratégia e pensamento rápido.
Cada inimigo tem um ponto fraco, de tipos de munição até partes mais vulneráveis no corpo, que podem (ou não) ser explorados durante o combate para dar ao Doom Slayer uma vantagem decisiva em batalha.
Para isso, porém, o jogador precisa pensar no que fazer enquanto estiver em movimento, já que não dá pra ficar parado por muito tempo enquanto um Cavaleiro Infernal, um Cacodemônio e um Mancubus indo para cima de você ao mesmo tempo.
Não só isso, quando parece que o jogador finalmente está prestes a conquistar os elementos de luta, um novo tipo de demônio aparece, mudando a estratégia do campo de batalha e te fazendo repensar sobre a melhor forma de lidar com estes novos problemas.
Soa complexo, mas muito disso acaba vindo mais por instinto com o tempo. E é gratificante quando tudo dá certo, e você consegue ver as criaturas infernais sendo destroçadas pelas suas balas e golpes.
O arsenal do jogo não é muito diferente de títulos anteriores da série, mas há mudanças e implementações bem-vindas como o cuspidor de chamas, capaz de fazer inimigos soltarem pedaços de armadura, e um gancho na super escopeta que faz com que você seja puxado até os inimigos.
Para ajudar nas lutas e facilitar um pouco a vida do Doom Slayer, as grandes batalhas dão pontos especiais que podem ser usadas para fazer upgrades nas armas e suas modificações.
O game também conta com fases expansivas, cheias de segredos a serem descobertos – e que podem ajudar no progresso do jogador: insígnias escondidas (ou nem tão escondidas) ajudam com melhorias e benefícios extras para a armadura; pacotes de modificação de armas trazem formas diferentes de enfrentar inimigos; runas ajudam a customizar melhor as habilidades do Doom Slayer para o estilo do jogador; cristais aumentam a saúde, armadura e munição, enquanto também trazem benefícios passivos.
Não só isso, é possível encontrar bonequinhos (ao estilo de Doom 2016), álbuns com música de games clássicos da id Software que podem ser ouvidas na Fortaleza da Destruição, e disquetes com trapaças para que, após vencer as fases, possa voltar e “meter o loco” em cima dos monstros do Inferno com mais tranquilidade.
Há também desafios opcionais, de lutas com contagens regressivas até os chamados Portões do Slayer, áreas especiais que devem ser desbloqueadas com uma chave especial, e trazem desafios difíceis e intensos, mas que ajudam a liberar uma das armas mais poderosas do jogo.
Tudo isso é apresentado em forma pelos desenvolvedores, que criaram ambientes diversos e ricos em elementos para os vários mundos e facções com quem o jogador interage, da Terra tomada por lagos de fogo, as estruturas vulcânicas do Inferno, e a sociedade tecno-gótica dos Sentinelas da Noite.
E sem falar, claro, da trilha sonora de Mick Gordon, cujo heavy metal e batidas fortes fazem as veias saltarem e a adrenalina tomar conta enquanto vai para cima do Inferno.
A única ressalva na minha experiência na versão de PC foi em termos de performance, já que em alguns momentos o jogo lutou para manter uma taxa de quadros muito estável. Tudo bem que meu computador tem uma GTX 970, que não é exatamente a placa de vídeo mais nova do mundo, mas ela ainda apareça na lista de requisitos recomendados.
É possível, porém, que isso seja mais uma questão de polimento, já que após algumas atualizações pré-lançamento o jogo parecia rodar a 60 fps mais tranquilamente com gráficos Médios.
Também não posso falar muito sobre o multiplayer Battlemode, já que os servidores ainda não tinham sido disponibilizados antes do lançamento.
Mesmo assim, Doom Eternal é um sucessor digno do jogo de 2016, com gameplay ainda mais refinado e combate ainda mais rápido e brutal. Quem curte ação desenfreada não deve se desapontar.
- Lançamento
20.03.2020
- Publicadora
Bethesda
- Desenvolvedora
id Software
- Gênero
Tiro
Fonte: The Enemy