Mesmo no futebol, tão marcado por reviravoltas, algumas ainda surpreendem. Nenê terminou 2019 em baixa no Fluminense. Contratado em julho, não rendeu o esperado em campo e só terminou o ano como titular porque Ganso se lesionou. Como seu vínculo vai até o fim de 2020, a diretoria não via com maus olhos a possibilidade de uma eventual proposta pelo meia. Ela não veio. Mas o jogador que se reapresentou em janeiro foi outro. Em um mês, virou o protagonista da equipe, com números que o alçam a destaque nacional.

Os cinco gols em seis partidas fazem de Nenê não apenas o artilheiro do Fluminense, mas também o maior goleador entre as equipes da Série A neste início de temporada. Ele divide o posto com Willian, do Palmeiras. Desde que retornou ao futebol brasileiro (em 2015) e passou a jogar no calendário nacional (de janeiro a dezembro), é seu melhor início de ano.

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Nenê não vive este momento artilheiro por acaso. Embora meia, é quem mais finaliza pelo Fluminense no Carioca. Foram nove tentativas, sendo cinco na direção do gol. Destas, todas entraram.

Além da pontaria afiada, ele segue cumprindo o que se espera de um meia. Ao lado de Miguel, lidera em assistências para finalização na equipe de Odair Hellmann: foram dez no Carioca.

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Após brilhar contra o Botafogo, com dois dos três gols tricolores, o jogador de 38 anos creditou a boa largada ao seu condicionamento físico. Segundo Juliano Spineti, coordenador do departamento de fisiologia do Fluminense, as férias não afetaram sua forma.

? Quando o Nenê se apresentou ano passado, fizemos todas as avaliações de praxe. Neste início de trabalho em 2020 refizemos e incluímos algumas novas tecnologias nessas avaliações. De uma forma geral, podemos observar que ele retornou de férias em um nível muito semelhante ao que chegou ao clube, o que é muito importante, tendo em vista que ficou um mês em casa. Chegou com percentual de gordura e peso muscular muito bons ? atestou o fisiologista, destacando que, durante as férias, o meia cumpriu a rotina de treinos que foi recomendada pelo clube:

? Outro ponto importante é o nível de força. Houve uma variação muito pequena, que faz ele retornar com o mesmo nível e nos permite já partir de um início bem estruturado. Provavelmente houve uma manutenção durante as férias.

Baixo risco de lesões

Os bons índices exibidos na reapresentação permitiram a Nenê ser titular já nos primeiros compromissos do ano mesmo com 11 dias de pré-temporada. Por ter um bom nível de força (principalmente na desaceleração) e resistência cardiorrespiratória, apresenta menor pré-disposição à fadiga e, consequentemente, às lesões.

? É evidenciado que atletas mais resistentes possuem uma predisposição para lesão menor, porque eles ficam menos tempo em estado de fadiga, quando o corpo não está funcionando muito bem e está mais suscetível a um problema muscular ? explicou Spineti.

Esta vantagem foi fundamental para que ele largasse na frente de Ganso na corrida por uma vaga ? submetido a um trabalho de reequilíbrio muscular, o camisa 10 estreou em 2020 apenas no último domingo. Mas, apesar do bom momento, o veterano tricolor segue monitorado pela comissão técnica.

? Ao longo da temporada, todos os atletas são monitorados diariamente. Os status de performance, de desempenho, de recuperação, são sempre discutidos com a comissão técnica e com o treinador. Nossa estratégia é manter o nível de força dele. Já tem um bom equilíbrio. Então não precisa de correção. Precisa de uma boa manutenção, porque o jogo de futebol é catabólico. Está sendo monitorado e, quando for detectado um baixo nível de recuperação ou uma menor performance nos treinos e jogos, é levado para discussão com a comissão técnica e sugerida alguma mudança no planejamento ? completou o fisiologista tricolor.