Enquanto Keisuke Honda fez exames e treinou pela primeira vez desde que chegou ao Botafogo, a diretoria teve um dia de discussões sobre quem será o técnico a comandar o time no qual o japonês se prepara para estrear. Nesta segunda-feira os dirigentes debateram o perfil do sucessor de Alberto Valentim.
Uma ala no clube defende a contratação de Paulo Autuori, campeão brasileiro em 1995, na gestão de Carlos Augusto Montenegro. Mas o GLOBO apurou que não há consenso no comitê do futebol. De qualquer forma, os dirigentes já entenderam que é preciso apostar em um técnico experiente.
A movimentação no mercado foi assunto na reunião do conselho diretor do Botafogo, que teve participação de membros do comitê gestor do futebol. Os dirigentes do clube entenderam que é preciso apostar em um técnico experiente.
? Temos conversado. Agora é esperar. A minha avaliação é sempre técnica, e o comitê conduz as tratativas. Queremos um treinador que faça o Botafogo voltar a ser Botafogo. Temos três competições: Estadual, Copa do Brasil e Brasileiro ? disse ao GLOBO o gerente técnico Valdir Espinosa, sem revelar predileção por treinadores de determinada faixa etária:
? Eu sou um jovem (72 anos). Então, isso depende como a gente se olha (risos).
Se Honda foi ao campo anexo do Nilton Santos sob o temporal que atingiu o Rio, a diretoria do Botafogo precisou lidar com uma enxurrada de sugestões de candidatos à vaga: cerca de 25. A maioria foi descartada, como o tetracampeão Jorginho.
A busca pelo novo técnico leva em conta as limitações financeiras do clube. Sondagens de terceiros, não necessariamente ligados à diretoria do Bota, também chegaram a alguns treinadores. Um empresário, por exemplo, ligou para Rodrigo Santana, ex-Atlético-MG, perguntando o que ele acharia se recebesse proposta alvinegra. O treinador viu com bons olhos, mas relatou que não houve contato com o clube.
Para o Botafogo, a Taça Rio começa em 1º de março, contra o Boavista. Na Copa do Brasil, o time aguarda o adversário (Toledo-PR x Náutico) e a CBF para saber se jogará a segunda fase em 19/2, 26/2 ou 4/3. Esse cenário não traz urgência, mas membros do comitê do futebol creem que seja possível resolver as pendências até amanhã. Enquanto isso, Bruno Lazaroni fica como interino.
A mudança no Botafogo veio após cinco partidas disputadas pelo time principal em 2020. Neste século, só Estevam Soares foi demitido tão cedo em uma temporada: ele caiu em 25 de janeiro de 2010. Por um dia, Alberto Valentim superou Felipe Conceição, que perdeu o emprego em 10 de fevereiro de 2018.
Perfil para o momento
Por mais que não seja episódio inédito no clube, a mudança de rota repentina gera alerta pelo que vem pela frente. Sobretudo em um ano no qual o clube luta para se equilibrar nas contas e cumprir a transição rumo ao modelo empresa.
? O 2020 do Botafogo é reconhecidamente um exercício de sobrevivência. A tentativa de seguir com o Valentim passou mais pelas dificuldades financeiras do que por convicção. Assim como a montagem do elenco para a temporada. Se o único objetivo é a permanência na primeira divisão, faz mais sentido buscar um treinador com ênfase no sistema defensivo, o que geralmente traz resultados mais rapidamente, pela facilidade de assimilação ? avaliou Raphael Rezende, comentarista do Grupo Globo.
Fonte: O Globo