Se houve um momento em que a torcida do Fluminense se empolgou na derrota para o Boavista, no último sábado, foi quando Nenê entrou em campo. Com três gols em quatro jogos, o meia de 38 anos começou 2020 disposto a conquistar seu espaço entre os titulares. Um bom início de temporada que joga os holofotes para outro nome: Paulo Henrique Ganso.

Principal reforço do Fluminense em 2019, o camisa 10 ainda não estreou sob o comando de Odair Hellmann. A comissão técnica decidiu estender sua pré-temporada para que ele pudesse passar por um trabalho de reequilíbrio muscular. Sua presença contra o Unión La Calera-CHI, amanhã, pela Sul-Americana, já está descartada. O problema é que cada dia sem ele em campo aumenta a dúvida sobre como ? e se? vai se encaixar no esquema do novo treinador.

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Para quem acompanhou o trabalho do técnico no Internacional, a comparação com D?Alessandro é inevitável. Os dois tem o perfil de cérebro da equipe e possuem a característica de cadenciar o jogo. Porém, foi justamente com Odair que o veterano do time gaúcho parou no banco de reservas.

? Um dos fatores que dificultou o desempenho do D?Alessandro com o Odair foi a exigência para que ele recompusesse. O treinador cobrava muito que o D?Alessandro marcasse também. Algumas vezes, ele atuou até como volante. Isso limitou um pouco suas ações ofensivas ? explicou a jornalista Renata de Medeiros, da Rádio Gaúcha:

? Se o Odair der mais liberdade em relação à que ele dava para o D’Alessandro no Inter o Ganso tende a ser a grande referência tecnica desse time.

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Ganso também passou por situação parecida no Fluminense do ano passado. Diante da maior mobilidade de Daniel, o então técnico Fernando Diniz utilizou o camisa 10 mais recuado, muitas vezes como o segundo homem do meio-campo. O apoiador tentou se adaptar ao posicionamento e teve alguns lampejos ao longo da temporada, mas deixou a desejar justamente onde mais se esperava dele: a criação. Em 48 jogos, marcou cinco gols e deu apenas duas assistências.

Após cinco partidas, Odair já deu pistas do que pretende implantar no Fluminense. O famoso tripé de volantes, que não seria bom para Ganso, já foi tentado. Mas o treinador começa a dar indícios de que deve apostar num meia de criação à frente de dois homens mais recuados e formando um losango com o trio ofensivo. A questão é que Nenê largou na frente para ser esta peça. Contra o Unión La Calera, ele estará mais uma vez em campo.

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É aí que Ganso esbarra em outro problema. Se Nenê ganha espaço, ele automaticamente perde. Odair, que no Inter não costumava usar dois meias, já respondeu algumas vezes que não vê os dois juntos. Na última semana, deixou no ar a possibilidade de rever esta posição em algumas partidas. Mas deixou claro que seria de forma pontual.

? No Inter, Odair chegou a usar um trio ofensivo que tinha Sobis, Guerrero e D’Alessandro. Ele gosta de jogadores mais rodados, da segurança que dão ? opina o jornalista Leonardo Oliveira, do “Zero Hora?. ? Mas acredito que encaixar os dois numa área de criação estaria fora do seu cardápio. Até porque ele gosta de times que marquem muito e saiam em contra-ataque fora de casa. E que proponham, avançando as linhas, em casa.