Em especial quando se olha para o lado e se vê o grupo que coube à Argentina, soa um tanto alarmista lamentar o que coube à seleção brasileira no sorteio dos grupos da Copa América. Mais ainda diante do formato da competição, que leva oito dos 12 participantes da primeira fase às oitavas de final. Ou seja, é bem possível seguir adiante até como terceiro colocado. Sendo assim, o Grupo A, com Bolívia, Venezuela e Peru se anuncia como um convite ao Brasil para os mata-matas.
O futebol, porém, vive suas transformações, que ocorrem ainda mais rapidamente em tempos de globalização. Desta forma, vale o alerta: será preciso jogar bem. Caso contrário, estará longe de ser absurdo tropeçar ou, ao menos, sofrer diante de Venezuela e Peru. Embora o peso das camisas não indiquem, são dois adversários capazes de criar desconforto.
A avaliação pode parecer especialmente surpreendente quanto aos venezuelanos. No entanto, em meio ao caos político e econômico do país, o futebol é uma espécie de ilha de prosperidade. Se não em relação à saúde dos clubes locais, ao menos no que diz respeito ao aparecimento de jogadores.
Enquanto se via na lanterna das eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia, o futebol venezuelano acompanhava a saga do time vice-campeão mundial sub-20, derrotado na final pela Inglaterra, em junho de 2017.
A decisão foi iniciar um projeto que tem como objetivo a vaga na Copa do Mundo do Qatar. Jovens como o meia Soteldo, recentemente contratado pelo Santos, e o volante Yangel Herrera, que pertence ao Manchester City e está emprestado ao Huesca, da Espanha, foram incorporados ao elenco. Herrera e o goleiro Fariñez, como titulares. Após a mudança de rumo, o time ficou invicto nas últimas quatro partidas das eliminatórias: ganhou fora de casa do Paraguai e empatou com Uruguai, Argentina e Colômbia.
Estreia tranquila
Quanto ao Peru, é um engano avaliá-lo com base na eliminação na fase de grupos da Copa do Mundo. Numa chave com Austrália, Dinamarca e França, o time não foi pior do que o adversário em nenhum dos confrontos. Chamou especialmente atenção o duelo contra os franceses: exibiu-se um time sem complexo, ofensivo e capaz de criar chances. A derrota por 1 a 0 foi cruel.
O trabalho de Ricardo Gareca foi mantido, assim como a base com os laterais Advíncula e Trauco, este do Flamengo, além dos meias Edison Flores e Carrillo. Na última convocação de 2018,Cueva, ex-jogador do São Paulo, ficou de fora.
Coube ao Peru, aliás, eliminar o Brasil na fase de grupos da última Copa América, em 2016, nos Estados Unidos. À ocasião, a seleção era dirigida por Dunga.
Já a estreia parece mesmo reservar o jogo supostamente mais tranquilo contra os bolivianos, penúltimos nas eliminatórias para a Copa da Rússia.
Fonte: O Globo