Apontado como potencial sucessor de LeBron James, o ala Zion Williamson estreou na NBA na última semana, vindo de lesão no joelho. Com 22 pontos contra o San Antonio Spurs e 15 contra o Denver Nuggets, Williamson teve média de 18,5 pontos e 6,5 rebotes em seus dois primeiros jogos pelo New Orleans Pelicans, com 75% de aproveitamento nos arremessos ? um início explosivo.
Fora de quadra, entretanto, o peso do jogador de 19 anos, levanta discussão: com 1,98m, Zion tem 129 kg, o terceiro jogador mais pesado da liga, atrás apenas de dois muito mais altos que ele: Boban Marjanovic (2,24m e 131 kg) e Tacko Fall (2,29m e 141kg).
A polêmica começou quando os especialistas da ESPN, Jeff Van Gundy e Mark Jackson, comentaram sobre o peso do jogador durante a transmissão, o que gerou onda de críticas nas redes sociais ? usuários acusaram ambos de gordofobia.
A relação entre peso e performance está longe de ser debate novo no esporte. De Puskás a Ronaldo Fenômeno, passando por Walter e Maradona, no futebol, de Charles Barkley a Shaquille O?Neal no basquete, o público costuma medir atletas com a mesma régua com que analisam pessoas comuns, desconsiderando características próprias de esportistas de alto rendimento, que variam de acordo com a modalidade.
? A massa corporal sozinha não é referência sobre saúde para atletas. O índice de massa corporal (peso pela altura ao quadrado) dele é 32, o normal é entre 20 e 25, mas para um atleta não significa nada ? diz Gabriel Espinosa, fisiologista do Laboratório de Performance Humana, da Casa de Saúde José, no Rio ?Tem que analisar a gordura corporal, pois gordura não traz energia. Os números dele, especialmente na reta final do jogo, mostram que está bem, embora esteja vindo de lesão. E as referências mudam de esporte para esporte, de posição para posição.
Magro, Kobe Bryant passou em branco em sua estreia na NBA e fez trabalho intenso de força para se tornar um dos melhores da história. LeBron James é um exemplo de reinvenção e cuidados ? que incluem até meditação ? para ter uma carreira longeva.
Segundo o preparador físico Esteban Bieduncovich, do Paulistano, do NBB, ao trabalhar a evolução de um atleta jovem no basquete, os clubes avaliam a massa muscular. Para alas-pivôs, como Williamson, o ideal é que a taxa de gordura seja em torno de 8%. Os controles são feitos desde muito cedo, a partir da análise de antropometria. Depois são feitos trabalhos de análise de performance, fisioterapia, acompanhamento psicológico, áreas que evoluem o tempo todo ? hoje até a qualidade do sono dos atletas é analisada.
? Os Pelicans escolheram o Zion avaliando todas as possibilidades. Ele vem de uma boa escola (Duke, uma das mais tradicionais dos Estados Unidos) e a franquia sabe tudo que tem que trabalhar, principalmente depois da lesão no joelho.
Williamson fez 22 pontos em sua estreia. Os números não são melhores do que os de LeBron (25 pontos em 42 minutos) em seu primeiro jogo pelo Cleveland Cavaliers, em 2003, mas surpreendem pelo tempo em quadra. Os Pelicans construíram um time jovem a partir da troca de Anthony Davis, que foi para os Lakers. Primeira escolha do draft, espera-se que Zion se torne a cereja do bolo. E ele rebateu os comentários dos críticos em entrevista.
? Meu corpo simplesmente tem uma estrutura diferente. Algumas pessoas encaram como um ponto fraco, mas eu vejo como uma benção ? declarou o Williamson. ? As pessoas não estão acostumadas a marcar um corpo como o meu, e eu posso colocar um pouco mais de requinte às minhas jogadas.
Fonte: O Globo