O daltonismo é a incapacidade ou deficiência de distinguir os tipos de cores. Há diferentes níveis da condição, desde aquela em que a pessoa não exerga qualquer cor, vendo apenas tons de branco, cinza e preto, até aquela em que é difícil identificar determinadas colorações.
A apresentadora Ana Furtado contou, na última quarta-feira, 22, que vive com daltonismo e tem dificuldade para enxergar, principalmente, as cores verde, vermelha e marrom.
Em um vídeo no Instagram, ela compartilhou o momento em que usou, pela primeira vez, um óculos especial que a fez enxergar as cores como são. Emocionada, ela vibrou com o que viu. “Nossa, que incrível que o mundo é”, disse ela. Assista abaixo:
Apesar da distorção na percepção da cores, pessoas com daltonismo podem levar uma vida normal e até dirigir. Para algumas, a condição pode ser um fator positivo. Em entrevista ao programa Antenados, da TV São Judas, o grafiteiro Alex Senna comentou sobre a influência da deficiência visual na vida e na arte que produz.
“Eu sempre soube que era daltônico, mas eu não tinha muito essa noção de como ele me atrapalhava. Não que eu não veja todas as cores, mas eu não vejo os entre tons. Então, no começo [da carreira], meio influenciado pelo grafite de Nova York, eu comecei a fazer colorido. No final, ele [o daltonismo] me atrapalhou nesse sentido de que eu misturava azul com roxo, verde com marrom, mas me ajudou porque, na hora que eu saí e comecei a fazer só preto e branco, foi onde eu me encontrei mais”, relatou.
Mas quais as causas do daltonismo? Os óculos especiais funcionam mesmo? Há cura para o daltonismo? O E+ conversou com o oftalmologista Minoru Fujii, do Hospital CEMA, para responder a essas e outras perguntas sobre a condição.
O que é daltonismo?
É uma incapacidade ou deficiência para conseguir diferenciar os tipos de cores. Existem níveis de daltonismo, com várias penetrâncias na percepção das cores. Na acromatopsia, a pessoa vê branco, preto e cinza, o que é raro. O mais frequente é não ver verde e vermelho.
Qual é a causa do daltonismo?
O daltonismo tem origem genética, ou seja, uma alteração em determinado gene faz com que a pessoa deixe de perceber as cores. Na retina, existem, basicamente, dois tipos de células: cones e bastonetes. Os primeiros são responsáveis pela percepção de detalhes e cores. Quando essas células sofrem alterações, pode provocar algum nível de daltonismo. Mas há casos em que deslocamento de retina, lesões neurológicas e catarata podem levar a essa condição.
O daltonismo é hereditário?
Sim, o daltonismo é uma condição que passa de pais para filhos, mas isso não significa que todos serão acometidos. A falha visual ocorre devido a uma alteração genética recessiva no cromossomo X. As mulheres, que são XX, têm menos chances de desenvolver daltonismo, porque o cromossomo não alterado (dominante) compensa aquele que foi modificado. Já os homens, que possuem a combinação XY, são mais propensos a desenvolver, porque terão apenas o X recessivo, caso recebam o gene alterado. De todos os casos de daltonismo, de 7% a 8% ocorre nos homens e de 0,5% a 1% nas mulheres.
Como um daltônico enxerga o mundo?
Uma pessoa que tem daltonismo não consegue identificar normalmente as diferentes tonalidades de cores. Em alguns casos, há ausência quase total de percepção, em que se vê tudo em preto, branco e cinza. Outros deixam de ver cores específicas. Em 2017, o programa espanhol El Hormiguero convidou algumas pessoas com daltonismo para testaram um óculos que lhes permitiria ver as cores. Antes, os apresentadores mostraram simulações de como um daltônico enxerga. Veja abaixo:
Quando o daltonismo se manifesta?
A partir dos três anos de idade, quando a criança já começa a mexer com cores em casa ou na escola, o daltonismo pode ser identificado. No caso, ela vai indicar a cor de um objeto diferente da cor real. Isso pode ser melhor observado quando a pessoa está mais velha, tendo maior compreensão daquilo que a cerca. Ela só vai saber que enxerga diferente caso outra pessoa aponte que aquilo que ela vê é diferente do real. Caso contrário, ela cresce achando que as cores são como as percebe.
Quais os testes para detectar daltonismo?
Quando a pessoa sabe, por indicação de outra, que percebe as cores de forma diferente, pode-se consultar um oftalmologista para fazer o teste de Ishihara. O médico apresenta cartões com bolinhas coloridas nos quais foram inseridos números e pede para que o paciente identifique os numerais ali contidos. De acordo com a percepção, o especialista dá o diagnóstico e o nível de daltonismo.
Daltônicos são considerados pessoas com deficiência?
O oftalmologista afirma que existe uma classificação em que a pessoa apresenta um pouco de dificuldade, mas não há uma nomenclatura específica para que seja usada em documentos ou como comprovação. O daltonismo não impede que se viva normalmente, então a condição não chega a se enquadrar em deficiência limitante.
Pessoas com daltonismo podem dirigir?
Sim, mas apenas carros de passeio. Há restrições para veículos de carga pesada, como caminhões, e aqueles de transporte coletivo, como vans e ônibus. Em relação ao semáforo, o especialista do Hospital CEMA diz que a sinalização é universal, então a pessoa com daltonismo vai saber e adaptar para si qual luz ficou acesa, se verde, vermelha ou amarela. Um eletricista, por exemplo, também pode adaptar da forma que considerar melhor as cores dos fios necessários para uma instalação elétrica.
Como funcionam os óculos para daltonismo?
Os óculos especiais ou lentes de contato para pessoas com daltonismo funcionam com um filtro de cor que vai amenizar o impacto da condição. Não cura e a pessoa também não vai conseguir enxergar as cores em sua completa definição. Os acessórios permitem apenas um melhor contraste das cores, em que se vê com mais nitidez e clareza.
Curiosidade sobre daltonismo
O oftalmologista conta que, durante a Segunda Guerra Mundial, pessoas com daltonismo conseguiam enxergar aquelas que estavam camufladas, justamente por conta dessa percepção diferente das cores.
Fonte: Terra Saúde