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Veja 10 curiosidades sobre os Jogos de Tóquio, a seis meses do megaevento




A seis meses da Cerimônia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Tóquio, o Comitê Organizador Local divulgou que oito dos nove novos locais de competições já estão concluídos. Falta apenas o Centro Aquático de Tóquio que será entregue em fevereiro. A compacta Vila Olímpica, pronta desde dezembro, já foi apresentada. O prefeito da vila será Saburo Kawabuchi, um atleta olímpico do futebol e ex-presidente da Associação de Futebol do Japão. O Comitê Tóquio-2020 tem, até o momento, 79 parceiros comerciais, incluindo internacionais e locais, e receitas de US$ 5,9 bilhões (US$  5,6 milhões de despesas). Os Jogos terão 339 eventos de 33 esportes (42 modalidades).

De acordo com Tóquio-2020, 8,8 milhões de pedidos de ingressos para os Jogos Olímpicos foram recebidos desde o início das vendas domésticas, com 3,6 milhões de ingressos sendo vendidos apenas na primeira fase, superando as expectativas dos organizadores. Os Jogos, que celebrarão Fukushima, após desaste radioativo e cuja bandeira é a da modernidade e da sustentabilidade, serão realizados de 24 de julho a 9 de agosto. Veja algumas curiosidades:

HIDROGÊNIO NA PIRA OLÍMPICA

Combustível “do futuro” manterá a chama acesa no Estádio Olímpico de Tóquio

Pira ficará acesa no Estádio Olímpico de Tóquio durante toda a competição: ponto alto da Cerimônia de Abertura será como e quem a acederá Foto: BEHROUZ MEHRI / AFP
Pira ficará acesa no Estádio Olímpico de Tóquio durante toda a competição: ponto alto da Cerimônia de Abertura será como e quem a acederá Foto: BEHROUZ MEHRI / AFP

Uma das novidades será o uso do hidrogênio, considerado o combustível do futuro por ser uma fonte de energia renovável, inesgotável e não poluente, para manter a chama olímpica acesa.

A ideia é alimentar o fogo da pira com hidrogênio produzido na província de Fukushima, atingida pelo terremoto e tsunami em março de 2011 e depois por um desastre nuclear. Comenta-se que ela deverá ser acesa pelo “escolhido? em um carro voador.

A história do povo japonês, que teve de superar várias adversidades provocadas por desastres naturais, também é considerada como um dos assuntos na Cerimônia de Abertura.

PERSONAGENS DE ANIMAÇÃO PEDIRÃO PAZ

Personagens icônicos e rivais de animação japonesa podem dar as mãos durante a Cerimônia de Abertura para pedir cessar-fogo

Primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, apareceu fantasisado de Super Maio Bros na Cerimônia de Encerramento dos Jogos do Rio: personagem pode conduzir a festa de Abertura em Tóquio Foto: Reprodução
Primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, apareceu fantasisado de Super Maio Bros na Cerimônia de Encerramento dos Jogos do Rio: personagem pode conduzir a festa de Abertura em Tóquio Foto: Reprodução

A Cerimônia de Abertura dos Jogos será realizada no Estádio Olímpico de Tóquio, que foi utilizado na edição de 1964 e reconstruído para 2020, no dia 24 de julho. E a festa terá como tema central a coexistência entre diversas raças em todo o mundo.

Personagens icônicos de animação japonesa transmitirão a mensagem de paz por meio do esporte e uma das ideias cogitadas é que rivais deem as mãos em um pedido de cessar-fogo durante o evento.

Em 2016, o gato robótico Doraemon, o lendário jogador de futebol Captain Tsubasa e a fofa Hello Kitty participaram da festa de Encerramento dos Jogos do Rio. E o primeiro ministro japonês, Shinzo Abe, surpreendeu ao aparecer vestido de Super Mario Bros, personagem que deve conduzir a cerimônia de Tóquio.

RESTOS MORTAIS NO ESTÁDIO OLÍMPICO

Durante reconstrução, foram encontrados ossos de 187 pessoas, incluindo bebês

Imagens de abril de 2017 mostra local do Estádio Olímpico de Tóquio Foto: STR / AFP
Imagens de abril de 2017 mostra local do Estádio Olímpico de Tóquio Foto: STR / AFP

Os restos mortais de pelo menos 187 pessoas, incluindo de bebês e datados do início dos anos 1900, foram recuperados do local do novo Estádio Olímpico, antes do início das obras. Os ossos, coletados na área de 32 mil metros quadrados, foram descobertos pelo Centro Arqueológico Metropolitano de Tóquio, quando estudava a área para derrubar a antiga estrutura do estádio.

Autoridades locais explicaram que, entre 1732 e 1919, havia um templo e um cemitério no local, no centro de Tóquio. E que o material encontrado está no Museu Nacional da Natureza e Ciência, em Tóquio.

O novo estádio tem capacidade para 68 mil pessoas e custou US$ 1,43 bilhões (cerca de R$ 5,9 bilhões). As obras duraram três anos e terminaram em novembro. O telhado é sustentado por vigas de ferro e madeira dando a sensação de estar dentro de um ninho.

Além das Cerimônias de Abertura e Encerramento, o espaço receberá as provas de atletismo.

CARROS ELÉTRICOS

Veículos sem motorista e patinentes futuristas farão parte da frota olímpica

Modelo de ônibus sem motorista, movido a bateria, que será usado pelos atletas na Vila Olímpica Foto: Divulgação
Modelo de ônibus sem motorista, movido a bateria, que será usado pelos atletas na Vila Olímpica Foto: Divulgação

A principal bandeira dos Jogos de Tóquio é a sustentabilidade. E entre as iniciativas, destaca-se o uso de veículos elétricos. A Toyota, um dos patrocinadores do evento, contou que 90% dos 3.700 veículos da frota olímpica serão movidos a hidrogênio, bateria ou um híbrido de gás-elétrico. A meta é atingir o menor nível de emissão de carbono gerado pela frota oficial — dentro de uma média inferior a 80 g/km, metade do que uma frota convencional movida a gasolina e diesel produziria.

Alguns servirão para transportar o público de um mesmo complexo esportivo. Outros serão usados para maiores distâncias, de um complexo a outro. E haverá veículos apenas para o deslocamento de atletas e funcionários dentro da Vila.

Ônibus de diferentes tamanhos e patinetes estão incluídos nesta conta. Patinentes especiais para atletas cadeirantes, que conseguirão acoplar a cadeira ao equipamento, e ônibus autônomos prometem ser o diferencial.

VILA COM VISTA E CAMA DE PAPELÃO

Vila Olímpica está localizada no coração de Tóquio mas não terá itens de luxo

Camas com estrado de papelão reciclável e firmes, segundo a organização, estarão disponíveis para os atletas e comissões técnicas na Vila Olímpica Foto: KYODO / REUTERS
Camas com estrado de papelão reciclável e firmes, segundo a organização, estarão disponíveis para os atletas e comissões técnicas na Vila Olímpica Foto: KYODO / REUTERS

Ainda na linha da sustentabilidade, na Vila Olímpica, os estrados das camas são feitos de papelão reciclado e resistente. Os aparelhos de ar condicionado serão doados após os Jogos para as áreas atingidas pelo terremoto e tsunami de 2011.

Roupas de cama, armários e mesas estarão disponíveis mas geladeiras e televisões, por exemplo, precisarão ser alugados por uma taxa (nada barata). Lavar roupa também será de graça. O refeitório principal de dois andares permanecerá aberto 24 horas, já que não há cozinha nos prédios.

A Vila Olímpica terá 21 edifícios, de 14 a 18 andares, e acomodará 18 mil camas para atletas e funcionários durante a Olimpíada. Cada um dos 3.800 apartamentos pode receber até oito pessoas, com até duas camas por quarto. Após os Jogos, os edifícios serão convertidos em apartamentos, como acontece com a maioria das sedes.

O azul é a cor predominante e as áreas residenciais foram divididas em quatro: Sol, Parque, Porto e Mar (cada uma com uma cor). A Vila está localizada no meio da cidade, perto de Odaiba, Haneda, Shinagawa e Ginza e tem vista panorâmica para a Baia de Tóquio.

CELULARES VIRARAM MEDALHAS

Campanha arrecadou 47 mil toneladas de dispositivos eletrônicos que foram transformados no prêmio para os vencedores

Medalhas olímpicas tem 8,5 centímetros de diâmetro e pesam cerca de 550 gramas. Foto: Divulgação
Medalhas olímpicas tem 8,5 centímetros de diâmetro e pesam cerca de 550 gramas. Foto: Divulgação

As medalhas de ouro, prata e bronze foram confeccionadas com metais reciclados de celulares e outros aparelhos eletrônicos, resultado de uma campanha de coleta de lixo eletrônico no Japão. Foram arrecadados 47 mil toneladas de dispositivos eletrônicos, entre câmeras digitais, notebooks e videogames. Deste montante, foram separados mais de 6 milhões de aparelhos de celular antigos.

Ao todo a campanha conseguiu reunir 30 toneladas de ouro, 4 mil toneladas de prata e 2,7 mil toneladas de bronze.

As medalhas têm 8,5 cm de diâmetro, sendo a de ouro (que na verdade é de prata com banho de seis gramas de ouro) e de prata (prata pura) as mais pesadas, com 556 e 550 gramas, respectivamente — a de bronze é uma combinação de bronze e zinco, para evitar corrosão.

Na parte de trás, elas trazem os anéis olímpicos e o logotipo de Tóquio-2020, dentro de um redemoinho. E na parte da frente, a Nike, mítica deusa grega da vitória, exigência do Comitê Olímpico Internacional.

Concebidos pelo designer japonês Junichi Kawanishi, elas foram escolhidas em uma seleção mundial com mais de 400 prejetos.

SELEÇÃO DE FUTEBOL & TOCHA OLÍMPICA

Jogadoras campeãs mundiais serão o destaque no revezamento da tocha, confeccionada com alumínio de casas destuídas por tsunami

A flor de cerejeira, símbolo do país, foi a inspiração para as tochas Foto: Divulgação
A flor de cerejeira, símbolo do país, foi a inspiração para as tochas Foto: Divulgação

Após o tradicional percurso na Grécia, a chama olímpica será levada para o Japão e começará a percorrer o país em 26 de março em Fukushima. O revezamento da tocha olímpica começará pelas instalações esportivas do J-Village, área em que o futebol é praticado recreativamente, localizada a 25 metros da central nuclear de Fukushima Daiichi, acidentada em 2011, e que serviu de base logística depois da tragédia. Entre os destaques que conduzirão o tocha pelo país estão as jogadoras de futebol do Japão, campeãs mundias em 2011 — foram recebidas mais de 535 mil solicitações para as 10 mil vagas para os condutores da tocha.

Em dezembro, o Greenpeace alertou que havia detectado pontos com altos níveis de radiação no J-Village, mesmo após extensos trabalhos de descontaminação. O Ministério do Meio Ambiente do Japão reconheceu a existência de “pontos quentes” de radiação e declarou que tomaria medidas para resolver o problema.

Tadahiro Nomura, tricampeão olímpico no judô, e a lutadora Saori Yoshida, também três vezes campeã olímpica, serão os responsáveis por trazer a chama olímpica de Atenas ao Japão. O revezamento da tocha passará por todas as 47 prefeituras do Japão, durante  121 dias, visitando 858 municípios e pontos turísticos como o monte Fuji e o santuário de Itsukushima. As jogadoras de futebol do Japão serão destaque no revezamento.

As tochas foram feita de aluimínio reciclado, pesam cerca de um quilo e têm 71 centímetros de comprimento. O metal havia sido originalmente usado na construção de casas pré-fabricadas em Fukushima, antes desastre natural e radioativo de 2011.

BUQUÊS COM FLORES DE FUKUSHIMA

Serão cerca de 5 mil buquês com eustomas de Fukushima e outras flores de áreas afetadas por desastres naturais de 2011

Buquês para os campeões tem como objetivo apoiar áreas devastadas por desastres naturais Foto: Divulgação
Buquês para os campeões tem como objetivo apoiar áreas devastadas por desastres naturais Foto: Divulgação

O Comitê Organizador Local planeja usar flores produzidas em áreas atingidas pelo terremoto e tsunami de 2011 nos buquês que serão entregues aos medalhistas. A ideia é usar flores de três prefeituras — Fukushima, Miyagi e Iwate — e tem como objetivo apoiar seus moradores na reconstrução das áreas devastadas.

Isso porque agricultores, pescadores e fazendeiros destas áreas, principalmente de Fukushima, não conseguiram recuperar seus negócios pois há muita desconfiança dos consumidores do mercado interno em relação à segurança destes produtos.

Serão cerca de 5 mil buquês com eustoma de Fukushima, girassóis e rosas de Miyagi e gencianas de Iwate.

MASCOTES ROBÔS E SATÉLITE NO ESPAÇO

Além dos mascotes que ganharam versão robô, personagens animados estarão em satélite que será lançado ao espaço em março

Gundam e Zaku e o projeto do satélite que orbitará a Terra durante os Jogos. Foto: Divulgação
Gundam e Zaku e o projeto do satélite que orbitará a Terra durante os Jogos. Foto: Divulgação

O mascote olímpico Miraitowa, azul e branco, e o paralímpico, Someity, rosa e branco, ganharam versões robôs e junto com outros cinco serão responsáveis por entreter e até dar assistência aos visitantes com dificuldade de mobilidade. Eles, que possuem olhos grandes, podem expressar “sentimentos?, exibindo corações ou estrelas. Mesmo que não falem, por meio de câmeras posicionadas em suas cabeças, conseguirão reconhecer as expressões no rosto da pessoa que está à sua frente e poderão reagir com movimentos.

Mas esta não é a maior inovação: Tóquio vai lançar um satélite que orbitará a Terra durante os Jogos, com dois personagens animados populares do Japão: Gundam e Zaku. Eles foram produzidos em miniatura e com materiais resistentes ao ambiente hostil do espaço.

O satélite, com 10cm x 10cm x 30cm,  será transportado para a Estação Espacial Internacional a bordo de uma nave de suprimentos em março e de lá, lançado à órbita terrestre em abril de 2020.

Além das duas figuras animadas, contará com câmeras pequenas que gravarão e transmitirão imagens e exibirá mensagens em inglês, francês e japonês.

PROBLEMAS COMO NO RIO

Tal qual na edição de 2016, Tóquio sofreu com escândalo de compra de votos em eleição para cidade sede e poluição em local de prova aquática

Poluição em local de competição do triatlo e maratona aquática causou constrangimento Foto: Reprodução
Poluição em local de competição do triatlo e maratona aquática causou constrangimento Foto: Reprodução

Mas nem tudo são flores. Assim como no Rio de Janeiro, Tóquio-2020 sofreu escândalos e graves problemas na organização, como cancelamento de evento-teste por causa da poluição da Baía de Tóquio e o calor insuportável da capital do país, que levou a maratona, uma das provas mais tradicionais dos Jogos, de Tóquio para Sapporo.

Assim como Carlos Arthur Nuzman, que chegou a ser preso no Brasil, o chefe do Comitê Olímpico Local, Tsunekazu Takeda, foi forçado a deixar seu cargo após investigação sobre suborno e compra de votos para a eleição da cidade sede. Promotores franceses continuam investigando o caso.

Em agosto, a concentração de bactéria e.coli na Baía de Tóquio fez com que fosse cancelada uma prova da natação do triatlo paralímpico em um evento-teste. Os organizadores culparam as fortes chuvas pelo problema e triplicaram as camadas de proteção subaquática.

Cerca de dois meses depois, o tufão Hagibis foi o responsável pelo cancelamento de jogos da Copa do Mundo de Rugby.

Hoje, o que assombra Tóquio é a possibilidade de contágio pelo coronavírus, cujo foco inicial é a China, mas já há ao menos um caso no Japão. No Rio, foi o vírus zika que aterrorizou os estrangeiros.

Fonte: O Globo


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