Talles Magno mudou de patamar. A revelação que assombrou o futebol brasileiro em 2019 se transformou, um pouco por mérito, um pouco por necessidade do Vasco, em astro, no jogador que concentra as atenções dos adversários e dos companheiros ao redor. Contra o Bangu, iniciou a nova temporada, que todos esperam que seja a da confirmação.

O número 43 que vestiu em 2019 simbolizava o status de novidade, de jogador que entrou no cinema com o filme já começando e que não pode escolher a poltrona – teve de se sentar onde havia lugar. No domingo, o atacante atuou com a camisa 11, número que faz referência a um de seus ídolos, Romário, e que realça a importância que ganhou tão precocemente.

Quando entrou em campo, experimentou uma função nova. Em vez de ser o ponta aberto pela esquerda dos tempos de Vanderlei Luxemburgo, foi isso, mas também um meia de criação com o técnico Abel Braga. Por vezes apareceu na intermediária, entre as linhas do Bangu, para receber a bola e acelerar as jogadas ofensivas.

Foi o que ele tentou fazer, mas quase sempre não tão bem quanto o Vasco precisava. Em São Januário, existe a ideia de que, apesar de todo potencial, Talles ainda precisa evoluir em alguns fundamentos. Um deles é o passe. Contra o Bangu, foi o jogador que mais errou na hora de tocar a bola para um companheiro. Foram seis passes errados, de acordo com o site Footstats, o que explica em grande parte porque o time teve dificuldade em dar sequência às jogadas.

Talles Magno é a esperança do Vasco de ter um setor ofensivo equilibrado. Yago Pikachu, com sua regularidade, atrai as jogadas para o lado direito. Talles atua do lado oposto. Contra o Bangu, não conseguiu balancear tanto o time. De acordo com o site “Footstats”, foi o jogador que mais perdeu a bola – nove vezes. Yago Pikachu foi o segundo, com cinco.

A temporada será de cobranças em cima do atacante: da torcida e dos críticos, que esperam que ele confirme o potencial de extra-série; do clube, que precisa desesperadamente negociar um jogador do elenco para o futebol europeu para fazer caixa. Talles tem um tempo enorme de carreira pela frente, mas para satisfazer as demandas citadas, precisará correr. E brilhar como na lambreta na partida contra o São Paulo, em 2019.