O tempo para treinos é curto e Abel Braga foi obrigado a queimar etapas para traçar alguns rascunhos do que deseja ver no Vasco versão 2020. Domingo, depois de 11 dias de pré-temporada, a equipe entrará em campo para enfrentar o Bangu, às 16h, pelo Campeonato Estadual. Será a primeira chance de mostrar se a teoria já conseguiu se transformar em prática.
O pouco que foi possível ser feito nos treinos no CT do Almirante trouxe características do trabalho do treinador, adaptado às virtudes do elenco vascaíno. Um exemplo: o Vasco jogará com três atacantes, mas esqueça o estilo posicional rígido dos tempos de Vanderlei Luxemburgo, com os jogadores mais estáticos na frente. A mobilidade de Germán Cano abriu a possibilidade de Abel Braga escalar o trio ofensivo com liberdade para trocar posições. Marrony e Talles Magno não possuem um lado fixo para jogarem abertos e estão liberados para aparecerem também mais centralizados.
Outra novidade é a revalorização do meia de criação, figura que andou em baixa em São Januário em 2019. Abel Braga não abre mão de um jogador no meio que seja mais qualificado com a bola nos pés, que tenha velocidade e técnica para acionar os homens de frente. Isso explica a entrada de Gabriel Pec na equipe titular, a escalação de um garoto de 18 anos em detrimento de volantes que tiveram algum destaque ano passado, casos de Andrey e, principalmente, Marcos Júnior.
Abel Braga sente a falta de um volante mais defensivo, de boa presença física para ficar imediatamente à frente da linha de quatro defensiva. Contra o Bangu, joga Bruno Gomes, mas a tendência é que o clube continue atrás desse jogador no mercado. A última investida foi em cima de Hugo Moura, jovem nome do Flamengo, que não foi à frente por recusa do clube rubro-negro. A tentativa repercutiu negativamente nas redes sociais, com torcedores pedindo para que o treinador priorize a utilização de jogadores da base. Entretanto, nenhum dos nomes disponíveis tem esse perfil que Abel Braga procura.
Germán Cano, única contratação do Vasco para 2020 até o momento, deu dicas de qual deve ser o estilo de jogo da equipe com Abelão. O treinador privilegia o jogo de troca de passes desde o campo de defesa, mas com uma transição rápida da zona defensiva em direção ao ataque. Não deverá ter chutões buscando os homens de frente, mas em compensação a ideia é trabalhar a bola rapidamente para tentar pegar o sistema defensivo adversário desarrumado.
– Abel Braga quer uma equipe compacta nas linhas, quer ver o time sair jogando desde os zagueiros, sem perder a bola, e sendo muito rápido na parte ofensiva – afirmou o atacante.
A estrada ainda é longa e, para a partida contra o Bangu, a falta de tempo para os jogadores assimilarem a filosofia de trabalho de Abel Braga deverá ficar latente. No curto prazo disponívei, o time disputou dois jogos-treino, ainda bem longe do ideal na parte física. Ao menos os resultados foram positivos: 4 a 0 sobre o Porto Real, dia 13, e 5 a 1 sobre o Porto Velho, dia 16.
Fonte: O Globo