A crise financeira e a queda para a Série B transformaram o Cruzeiro em um balcão de negócios. Os clubes do Rio não ficam fora da liquidação celeste pré-temporada de 2020. Entre transferências fechadas e nomes cobiçados, o desafio é encontrar jogadores que deem retorno apesar de terem feito parte da má campanha do ano passado.
O Fluminense é, até agora, quem mais bebeu dessa fonte, contratando o volante Henrique e o lateral-esquerdo Egídio. O atacante Fred tem muita história no tricolor e desperta interesse. No caso do Flamengo, o movimento foi fisgar quem estava de saída após empréstimo: o atacante Pedro Rocha, que pertence ao Spartak Moscou, da Rússia.
No Vasco, o desejo é concretizar a volta do zagueiro Dedé. O clube formalizou ontem uma proposta ao defensor: salário na faixa dos R$ 200 mil ? cerca de R$ 500 mil a menos do que ele ganha em Belo Horizonte. O Vasco está disposto a contratá-lo independentemente do quadro médico. Dedé passou por cirurgia no joelho direito em outubro de 2019 e desde então não voltou a jogar.
? A questão é se ele vai ficar inteiro. Se o Vasco conseguir recebê-lo bem, é o melhor entre os que podem ser negociados. Tem a questão financeira para resolver. Se concretizar e jogar, é o mais alto nível de todos ? analisou Bob Faria, o comentarista do Grupo Globo em Minas Gerais.
Pedro Rocha chega emocionado
Sobre Pedro Rocha, apresentado nesta segunda-feira pelo Flamengo, Bob Faria pondera que o atacante cumpre uma função específica:
? Tem velocidade, corte para dentro. É um jogador um pouco monotemático. Acho difícil ser titular no Flamengo. Foi bem usado no Grêmio, mas não conseguiu muito no Cruzeiro.
Aos 25 anos, Pedro Rocha foi contratado por empréstimo junto ao Spartak Moscou. Na primeira entrevista com a camisa do Flamengo, não conteve o choro.
? A gente escolhe o que o coração manda. Escolher o Flamengo é a coisa mais fácil do mundo. Escolher meu clube do coração e de toda a minha família é uma emoção muito grande ? disse o atacante, que treinou ao lado do zagueiro Gustavo Henrique, outro novato.
O Campeonato Carioca será a primeira oportunidade de Pedro Rocha mostrar que pode ser útil. No início ele não terá concorrência de Bruno Henrique e Arrascaeta ? dependendo, claro, de como o técnico Jorge Jesus vai escalá-lo.
? Ele (Pedro Rocha) teve contribuição direta no rebaixamento do Cruzeiro à Série B do Brasileiro. Diferentemente do que se imaginava, não conseguiu ser regular e viveu de lampejos. Apesar disso, tem potencial para recuperar o futebol em uma equipe bem mais coesa ? avalia Tiago Mattar, setorista de Cruzeiro no “Estado de Minas?.
Outro nome do Cruzeiro já ventilado no Flamengo foi o do lateral-direito colombiano Orejuela. O vice-presidente de futebol rubro-negro, Marcos Braz, despistou ao avisar que o clube não busca nomes para essa posição.
Flu pode fazer a trinca
No Fluminense, Egídio chegou de forma definitiva, enquanto Henrique vem por empréstimo. Ambos são experientes (33 e 34 anos, respectivamente) e viveram a fase áurea do Cruzeiro. Mas não fizeram o bastante para evitar a queda à Série B.
? Henrique é um grande profissional, pode render como zagueiro ou volante. Nessa fórmula que afundou o Cruzeiro, a irresponsabilidade de gestores e falta de comprometimento do time, ele ficou à parte. Quanto ao Egídio, o ano passado foi muito ruim. Vai ser difícil recuperar o rendimento ? avaliou Bob Faria.
A chegada do atacante Fred completaria a trinca de cruzeirenses no Flu. Ele foi um dos líderes tricolores nos dois títulos brasileiros mais recentes (2010 e 2012). A questão, porém, é qual versão do atacante voltaria ao Fluminense.
? Fred, Henrique e Egídio foram três das principais marcas de um time lento e sem vigor físico. Se comparado com os rivais, o Flu é, de longe, o que leva o pior da prateleira celeste ? destaca Tiago Mattar.
Bob Faria pondera que o aproveitamento de Fred depende do esquema tático à sua disposição. Já o ex-centroavante Dadá Maravilha não descarta o poderio do atacante em função da idade: Fred fará 37 anos em outubro.
? Ele está com a crista baixa. O cara tem que se agigantar, achar que pode. A carreira foi bonita. Eu larguei o futebol com 40 anos. Não estava mais parando no ar. Com 36, dá para jogar ainda ? opina o comentarista da TV Alterosa.
Fonte: O Globo