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Flamengo quer manter preço dos ingressos e tenta redução de despesas no Maracanã



Parte do fascínio ainda exercido pelo Estadual bebe na sua tradição, mas tem custado caro para os clubes – não só no Campeonato Carioca, é bom que se diga – manter o costume de jogar no Maracanã. A primeira rodada da Taça Guanabara escancarou os desafios que Flamengo e Fluminense vivem, nos últimos anos, para evitar prejuízos diante dos gastos operacionais do estádio. Depois de arrecadar mais de R$ 1 milhão de bilheteria contra o Bangu e lucrar somente 1% deste valor, o clube rubro-negro vai retomar conversas com a concessionária Maracanã S.A. para tentar reduzir despesas por jogo.

A ideia da diretoria é estudar onde há margem para diminuir custos, seja no aluguel, seja na operação dos jogos, de forma que a política de ingressos atual, mais acessível do que há alguns anos, não se torne insustentável. Ainda que o clube admita que pode ser necessário achar um ponto de equilíbrio, a ideia é manter os valores populares, principalmente em jogos contra pequenos. Há, inclusive, um custo político em um eventual aumento de preços. Antes da eleição, o grupo político FlaFut obteve, em troca de apoio à candidatura de Rodolfo Landim, um documento assinado que incluía, entre os compromissos, manutenção dos ingressos em valores acessíveis.

Pelo acordo firmado em junho de 2018 com a Maracanã S.A., concessionária formada majoritariamente pela Odebrecht, o Flamengo deixa 15% da renda bruta em cada jogo a título de aluguel do estádio. Há um piso de R$ 120 mil e um teto de R$ 700 mil. O contrato, assinado ainda na gestão de Eduardo Bandeira de Mello, é válido até o fim de 2020.

O clube também assume despesas de custeio e operação do estádio, encarecidas após a reforma para a Copa do Mundo de 2014. A rubrica “contas de consumo”, por exemplo, fica na casa de R$ 150 mil. No jogo contra o Bangu, no domingo, o Flamengo também desembolsou mais de R$ 390 mil como “custo operacional do estádio” e outros R$ 54,2 mil em “custo de infraestrutura”. Há ainda a “taxa Ferj”, percentual cobrado em todos os jogos envolvendo times grandes do Rio, e que beira os 10% da bilheteria.

O acordo também prevê que o Flamengo jogue um mínimo de 25 partidas por ano no estádio. Antes do contrato atual, o clube chegou a fazer pacotes de jogos avulsos com a concessionária.

– O contrato do ano passado é melhor que o anterior, mas está longe de ser o ideal. A situação ideal é só quando o Flamengo for concessionário do Maracanã, o que passa por uma nova licitação. Aí poderá explorar receitas alternativas e fazer intervenções para reduzir despesas em algumas áreas, como em eficiência energética. Hoje o corte de despesas é com a concessionária – argumenta Bandeira.

O atual presidente Rodolfo Landim foi um dos que defendeu, à época da votação do contrato no Conselho Deliberativo, que o vínculo não vigorasse até 2022, uma das opções. Na avaliação da nova diretoria, um acordo mais longo dificultaria tratativas com a concessionária para rever ponto. Dirigentes tentam, junto com a concessionária, aumentar a margem de lucro sem necessidade de um aumento no preço médio do ingresso, que ficou próximo a R$ 25 na estreia do Carioca. O patamar é semelhante ao de clássicos disputados pelo Flamengo no Maracanã no último Estadual.

Em nota, o Flamengo informou que “mantém conversas com a concessionária do Maracanã numa tentativa de avaliar, em comum acordo, possíveis reduções na despesa operacional do estádio”.

Contrato diferente

O Fluminense, que tem contrato diferente com a concessionária, saiu com prejuízo de quase R$ 290 mil do jogo de sábado, contra o Volta Redonda, que teve pouco mais de 6 mil pagantes ? contra 43 mil no jogo do rival rubro-negro.

O contrato original do Fluminense, que isentava o clube de custos operacionais e aluguel do estádio, foi revisto após a Olimpíada de 2016. Atualmente, o tricolor desembolsa R$ 100 mil por jogo no aluguel do estádio e assume custos de operação.

Em nota, o Fluminense defendeu o potencial de receitas que podem ser geradas no estádio, algumas delas não mensuradas no borderô, como vendas de camarotes e aumento de adesões em seu programa de sócio-torcedor.

“É difícil mensurar resultados como ganho de visibilidade de marcas, ganho técnico, conforto e satisfação do torcedor. Jogando no Maracanã foi onde o programa de Sócio Futebol obteve seu maior número de adesão enquanto jogar em outros estádios fez com que o programa perdesse associados. Existem custos independentemente de onde se joga e já houve experiências deficitárias em todos os estádios”.

O clube também informou que está “sempre em conversa com o Maracanã para chegar no melhor modelo de uso do estádio e dar ao torcedor a melhor experiência e aos atletas a melhor estrutura?

Fonte: O Globo


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